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Arbex, pessimista: “O Papa, a ONU e os brasileiros dizem que a eleição é uma farsa. E o que diz a direção do PT?”

José Arbex apoia os grevistas de fome e questiona o “plano B” do PT: “É óbvio que se o Haddad ganhar ele não vai governar. Vai ter outro golpe, outro impeachment.  Vai ter o inferno!”

Em primeiro lugar eu acho que todo brasileiro tem que fazer uma homenagem aos bravos companheiros e companheiras do MST, da Via Campesina e de outros movimentos que estão fazendo a greve de fome para exigir que Lula participe das próximas eleições. Já faz quase um mês que eles estão em greve de fome lá em Brasília, um movimento heroico, uma resistência extraordinária, uma prova de extrema combatividade, são verdadeiros heróis.

A única coisa que eu queria saber é o seguinte: o que a direção do PT vai dizer para eles quando a direção do PT decidir que eles vão aceitar as eleições sem o Lula e vão fazer o “plano B”. É isso que eu queria saber. Como é que vai ficar o sacrifício deles?

Cada vez que passam os dias eu fico cada vez mais confuso, eu não entendo qual é a política, o que se passa na cabeça da direção do PT. A ONU declarou que as eleições sem Lula são uma farsa, a ONU declarou que as eleições sem Lula são uma farsa, o Papa declarou que as eleições sem Lula são uma farsa. O mundo inteiro está declarando que as eleições sem Lula são uma farsa. O povo brasileiro, nós estamos vendo as pesquisas do IBOPE mostrando que a diferença do Lula para o segundo lugar já é mais do que o dobro, é um negócio extraordinário que está acontecendo, a burguesia tenta tudo que ela pode, mas não consegue desmoralizar o Lula, não consegue desmoralizar o PT como partido do Lula.

Agora, o próprio PT está desmoralizando o PT com essa história de “Plano B”, eu não sei o que se pretende. O argumento é o seguinte: Nós vamos deixar o Alckmin ganhar, o Bolsonaro ganhar? E se eles ganharem o que vai acontecer?

Em primeiro lugar, não existe a menor garantia de que se a gente aceitar o quadro da farsa, o quadro da fraude, o Haddad ou poste que seja vai ser eleito, não tem a menor garantia disso aí.

Em segundo lugar, nós temos muito menos garantia de que se o Haddad for eleito ele vai poder governar. Quem é que falou que a burguesia que preparou o golpe, preparou o impeachment da Dilma Rousseff, montou a prisão do Lula, fez tudo que ela está fazendo e ela vai respeitar um governo Haddad? Por que, da onde que tiraram essa fantástica ideia?

Da onde que alguém tirou a ideia de que a partir das eleições a burguesia vai começar a respeitar a legitimidade do voto se o Haddad ganhar? Eu queria saber quem é que teve esse brilhante ideia!

É óbvio que se o Haddad ganhar ele não vai governar. Por que ele não vai governar? Porque vai ter outro golpe, outro impeachment.  Vai ter o inferno! A maioria da Câmara vai se unir de novo contra o eventual governo Haddad, então é o fim do mundo!

O povo brasileiro está dizendo o seguinte: é Lula ou nada. O Papa está dizendo o seguinte: é Lula ou nada. A ONU está dizendo o seguinte: é Lula ou nada. Já o PT diz: é Lula ou Haddad.

Eu confesso que eu não consigo entender, eu acho que agora o PT tem uma oportunidade magnífica de mostrar para o mundo que existe uma discrepância, existe um abismo entre aquilo que o povo quer e aquilo que a burguesia quer. Esse abismo está encarnado na figura do Lula, que está sendo defendida pelos sete companheiros heroicos que estão se sacrificando a troco de banana se o PT realmente adotar o plano Haddad. Então, eu acho que temos a oportunidade histórica de falar: de um lado está a vontade do povo e do outro a burguesia.

Onde você vai ficar? Com o povo ou com a burguesia? Com as ilusões eleitorais ou com o combate de rua?

Aí todos dizem: Tá bom, aí ganha o voto nulo e aí tem as eleições e aí vão fazer o que depois?

Se tiver de fato uma parcela significativa da população brasileira que vota nulo e mostra que a vontade do povo é não aceitar o que está aí, o próximo passo é greve geral, o próximo passo é mobilização de rua, o próximo passo é ir para o pau, o próximo passo é exigir Constituinte, é exigir a reinauguração do Estado brasileiro sob outras bases! Esse que é o próximo passo é o passo do combate, o passo da luta, da mobilização, é tudo, menos o passo das ilusões.

Então eu termino aqui do jeito que eu comecei. Eu queria poder encarar nos olhos os companheiros que estão fazendo a greve de fome e dizer para eles que o sacrifício deles não foi em vão, que eu não considero o sacrifício deles uma palhaçada, eu levo muito a sério o que eles estão fazendo e gostaria que a vontade deles fosse respeitada. Espero que a direção do PT assuma essa atitude.

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  1. Avatar
    alfredo teixeira says:

    Não existe garantia de nada. Nem com Lula. E por acaso Lula já disse que é ele ou nada ou estimulou Fernando Haddad a se apresentar?

  2. Avatar
    José Eduardo Garcia de Souza says:

    Em primeiro lugar, a tal greve de fome já acabou. O pessoal viu que não estava funcionando e preferiu encarar uma bóia das boas após 25 dias – o que mostra também que não têm nem a metade da disposição daqueles irlandeses que, em 1980, ficaram 53 dias em greve de fome.
    Em segundo lugar, nem o Papa disse “é Lula ou nada” e nem a ONU está dizendo “é Lula ou nada”. Isso é Fake News que já foi desmentida mais do que cabalmente e só erve para enganar incautos e açular histérocos e analfabetos funcionais.
    E, finalmente, esta história de “o próximo passo é ir para o pau” é conversa fiada. A coisa acaba em borrachada da boia, choradeira geral, lamúrias mil e ainda se dá razão para os boçais do Bolsonaro lavarem a égua.

  3. Avatar

    Analise rasa e simplista de uma situacao complexa. “Ir pro pau” signifca enfrentar os Urutus no braço? E uma Greve geral de desempregados, que tal? Agora que o golpismo fica eleitoralmente inviável, mesmo sem Lula na uma, e que o estoque de maldades juridicas para melar as eleições vai se estreitando frente à ações como as da ONU, aparece gente (supostamente) de esquerda querendo melar o jogo? Muito estranho…

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