Por que a Globo resolveu bater em Aécio Neves?

Em sua coluna semanal no Nocaute, Altamiro Borges afirma que a estratégia da Globo é uma cortina de fumaça. “Atacou o Aécio, mas já preparando o clima para uma campanha muito suja na reta final das eleições”.

Em um país que foi devastado por um golpe, onde imperam várias práticas de estado de exceção, as eleições deste ano vão pegar fogo, elas vão ser atípicas, uma tendência de uma disputa muito agressiva, quase sangrenta nessas eleições.

A mídia monopolista vai jogar o seu papel, por motivações políticas, ela tem interesse, e por razões comerciais, razões econômicas, diria até razões mercenárias, já que ela está em uma crise profunda do seu modelo de negócio, ela vai tentar interferir ao máximo nessa batalha eleitoral, vai tentar ter um papel saliente nessa disputa eleitoral.

Eu acho que já começam os sinais disso. Neste sábado, por exemplo, chamou muita atenção uma reportagem longa, cinco minutos, tratando da propina do Aécio Neves, uma reportagem dura, que inclusive respingou a um candidato tucano ao governo de Minas, o Antonio Anastasia.

Chamou atenção essa reportagem porque, no geral, a TV Globo sempre se comportou de forma muito cordata, muito generosa com o tucanato de alta plumagem. É só lembrar a sucessão presidencial de 2014 onde a TV Globo simplesmente blindou o cambaleante tucano lá de Minas Gerais. Então fica a pergunta: Por que a Globo agora resolveu lançar esse petardo contra o Aécio Neves?

A minha desconfiança é que isso seja cortina de fumaça. Ela atacou o Aécio, que é uma pessoa que hoje não aspira mais nada, virou pó. Atacou o Aécio, mas já preparando o clima para uma campanha muito suja na reta final das eleições.

É sabido que a TV Globo tem uma obsessão doentia contra o ex-presidente Lula, mídia no geral e a Globo em particular, e para os jagunços da midiática operação Lava Jato, já é dado como certo que Lula não vai continuar preso, em um cárcere gelado lá em Curitiba, não vai poder aparecer.

Eu avalio que a partir de agora quem tem que ficar muito esperto é quem pode vir a substituir Lula na sucessão presidencial, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Eu acho que o Haddad vai passar a ser alvo de uma artilharia pesada.

Já há sinais disso. Na semana passada começaram a surgir denúncias contra o Haddad, foi só falar que ele seria o substituto do Lula. Então aquela Mônica, casada com o ex-marqueteiro do PT…uma coisa interessante: ela gosta de mascar chiclete em pleno interrogatório. Nunca vi isso.

Ela requentou denúncias contra o Haddad sobre caixa 2 da Odebrecht e contra a ex-presidenta Dilma, que é candidata ao Senado em Minas e está próxima de bater novamente Aécio Neves, que nem vai disputar o Senado.

Então eu acho que vai se armando um cenário para um ataque virulento contra o Haddad no caso de confirmada a candidatura dele à Presidência, tendo como vice a deputada Manuela D’Ávila, do Rio Grande do Sul.

É bom ficar muito esperto, já ir preparando uma equipe de advogados, medidas de direito de resposta. Porque a mídia que deu o golpe não vai querer entregar essa rapadura fácil. Não deu o golpe para entregar novamente o governo federal para forças progressistas, do campo de esquerda.

Quando Fernando Haddad ganhou a Prefeitura em 2012, me dá a impressão, pode ser uma leitura errada minha, que ele subestimou o papel da mídia. Talvez tenha achado que a mídia fosse agir de forma republicana, civilizada diante da administração dele.

Já era evidente que não faria isso porque Haddad, se fizesse uma boa gestão na Prefeitura de São Paulo, facilitaria a vitória do campo de esquerda em São Paulo para as eleições ao Governo, e o próprio Haddad se projetaria ao candidato natural à sucessão presidencial.

A minha avaliação é que o Haddad subestimou essa leitura da mídia e a mídia pegou para matar o Haddad. Bastou sete meses para essa ilusão ir para as cucuias, nas chamadas jornadas de junho de 2013. A partir daí a mídia veio para cima do Haddad e não deu paz durante um segundo. Chegou a montar esquema de plantonistas na Prefeitura de São Paulo. Não eram nem jornalistas, eram mais jagunços para atacar toda a sua administração. Então foi uma violência muito grande.

Eu espero que o candidato Haddad, caso seja realmente o que vá disputar a Presidência da República, tenha recolhido lições dessa experiência, que foi muito trágica.
Ou seja, espero que essas forças se preparem para enfrentar uma artilharia pesada nas eleições deste ano. A mídia já definiu o seu alvo.

Mais Nocaute:

Zé Celso: “Nem o golpe de 64 torturou como este golpe está torturando a população”.

Lula: “Não peço para estar acima da lei, mas um julgamento deve ser justo e imparcial”.