Cultura

Festival de Vermelhos 2018: há uma luz no fim do túnel

Já dissemos aqui que nessa ofensiva contra as artes e a cultura que acontece nesse Brasil para lá de surrealista, no pior sentido do termo surrealista, dos últimos anos, a música clássica é uma das áreas que está sendo mais penalizada. Mas como a gente não quer ficar aqui só no chororô tem um Festival bacana acontecendo logo, tem exemplos que estão frutificando e avançando como o Festival dos Vermelhos de Ilhabela, que está para começar.

Já dissemos aqui que nessa ofensiva contra as artes e a cultura que acontece nesse Brasil para lá de surrealista, no pior sentido do termo surrealista, dos últimos anos, a música clássica é uma das áreas que está sendo mais penalizada. Isso está batendo em artista individual, em grupos e também nos festivais.

Por exemplo, quando o Rafael Greca ganhou lá em Curitiba, a primeira coisa que ele fez foi cancelar a tradicional Oficina de Música que não aconteceu em 2017. Felizmente teve um choque de bom senso lá e a Oficina voltou em 2018.

O Festival de Inverno de Campos de Jordão não foi cancelado, mas em 2016 levou uma patada no orçamento, da qual não se recuperou até agora. E em consequência disso, já no terceiro ano consecutivo, o Festival transferiu todas as suas atividade pedagógicas para São Paulo. É possível até argumentar que há vantagens práticas, vantagens de logísticas. Só não sei se dá pra chamar de Festival de Campos do Jordão, um Festival que acontece quase todo em São Paulo. Tem um ou outro concertinho lá em Campos do Jordão.

Mas como a gente não quer ficar aqui só no chororô tem um Festival bacana acontecendo logo, tem exemplos que estão frutificando e avançando como o Festival dos Vermelhos de Ilhabela, que está para começar.

Aliás, antes que um procurador afoito queira cancelar: lá em Ilhabela tem uma baía dos Vermelhos e é por isso que é Festival de Vermelhos. A questão é geográfica.

Este Festival de Vermelhos 2018: música e artes cênicas, ele tem uma programação enxuta muito interessante. Parece mapear várias áreas e pegar exemplos bem significativos de cada uma. Por exemplo, em artes cênicas e dança tem só o Thiago Soares, bailarino brasileiro que está bombando em Londres, que vai se apresentar com o pianista Marcelo Bratke.

Na música popular tem Francis Hime se apresentando com César Camargo Mariano. Tem Guinga, tem Leila Pinheiro. Tem um concerto de dia dos pais de graça dia 12, com a Mônica Salmaso, Orquestra Tom Jobim e o maestro Nelson Ayres. Isso, até eu que sou arredio a praia, estava pensando em descer para um concerto de graça.

Aliás, esse é de graça, os outros são cobrados. Mas os concertos cobrados não têm esse preço como você pode estar imaginando altíssimo, o ingresso mais caro custa 30 reais. E, claro, que de música clássica tem muita coisa.

O quarteto de violão Quaternália, por exemplo, vai estrear a obra de um dos principais compositores da atualidade, o cubano Leo Brouwer. Ele tem uma relação muito próxima com o Quaternália e vão estrear uma obra dele chamada “Así era la dancita aquella”.

Também vai ter o violonista Fábio Zanon tocando por lá. E um concerto bastante atraente, no encerramento no dia 18. Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, vai tocar a Sagração da Primavera, uma obra bastante importante e bastante difícil. Esse concerto vai ter um pianista muito carismático, um brother, que eu adoro, chamado Cristian Budu tocando o concerto de Schumann.

Se fosse só isso já era legal pelos concertos, mas quando a gente recebeu o material de divulgação, o Samuel Mc Dowell que é o criador desse Festival, é um Festival privado, falou que vai ter em um segundo momento uma atividade pedagógica envolvendo a comunidade. Que a ideia de Vermelhos agora é justamente formar grupos musicais envolvendo alunos da rede básica de ensino.

Então, esse é um exemplo que a gente não só torce, mas que a gente pede para o resto da música clássica ficar bem de olho. A gente está em um momento em que é difícil justificar o investimento em música como um fim em si mesmo.

A articulação entre música e educação parece uma saída bastante interessante.

Veja também:

Vermelhos 2017: música e natureza em Ilhabela

 

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