Toda noite o Jornal Nacional exibe uma série chatíssima em que os telespectadores gravam em vídeo “o Brasil que eu quero”. O Bonner quase chora com aquelas platitudes. Nocaute oferece a todos “o Brasil que eu quero” da Luzia. Ela não fala de obras inacabadas, de político sem vergonha. Ela quer apenas e simplesmente um Brasil sem marido.
O meu nome é Luzia, eu falo do Barreiro, no estado de Goiás. Eu acho que esse lugar fica no Brasil, eu não sei direito, não. Mas eu acho que é no Brasil.
O Brasil que eu quero, é um Brasil sem marido. Porque ninguém aguenta mais lavar vasilha, limpar a casa, lavar roupa, passar, fazer comida, cuidar de menino e lavar vasilha de novo.
Aí depois você volta e tem mais vasilha para você lavar.
E quando chega a noite, o marido só reclama. Só reclama, e fala que você não fez nada.
A gente não tem o direito de ficar cansada. A gente não tem direito de ir para o boteco. A gente não tem direito de ir na pescaria, porque só vai homem. Mulher não pode ir, porque só vai homem.
Então, eles se acham no direito.
Por um Brasil melhor. Por um Brasil mais decente e mais feliz.
Um Brasil sem marido. Esse é o Brasil que eu quero.
