Brasil

Uma nova ordem mundial?


Poucos eventos deixam tão claros o que significa a política externa de Trump, a “America First”, América Primeiro, como os que presenciamos essa semana. Trump parece disposto a angariar antipatias de todos os lados – seja implodindo o G-7, seja entrando em uma guerra tarifária com aliados históricos, seja usando seu poder para chantagear os países europeus a impor sanções ainda mais duras contra Irã e Rússia. Mas o que parece ser uma política errática, imprevisível ou mesmo ilógica, pode ser, na verdade o último respiro de um gigante. O que nos leva a pergunta: estaríamos testemunhando o ocaso de um império?
O fato é que os Estados Unidos parecem estar perdendo sua capacidade de impor sua agenda global. O encontro entre Kim Jong Un e Trump, por exemplo, apesar de ter o potencial de levar a uma détente entre os países (solução proposta desde o início tanto por China quanto por Rússia, diga-se de passagem), resultou em um documento que é pouco mais que uma declaração de intenções.
Nas palavras do professor Gary Leupp, quando olhamos para o contexto mais amplo, a realidade é que os Estados Unidos de Trump entraram de cabeça num período de excepcionalismo super agressivo, que vai desde a retirada unilateral de tratados e a imposição de sanções a torto e a direito, passando por guerras comerciais e a alienação de aliados fundamentais para a manutenção de sua hegemonia. Se é bem verdade que os Estados Unidos têm potencial para varrer qualquer país da face da terra, também é verdade que vem sendo cada vez mais difícil forçar os países do mundo a se conformarem com sua direção política. E as políticas de Trump parecem estar acelerando a tendência de consolidação de um mundo multipolar, uma vez que minam as próprias instituições que moldaram o globalismo estadunidense na década de 90. Para Leupp, a política externa de Trump não seria movida por princípio ou decência, mas sim por puro oportunismo. E isso poderia levar tanto a um apocalipse quanto a uma decadência do atual império.
As contradições e a perda de poder político dos Estados Unidos são cada vez mais evidentes. Para citar um exemplo: como o único país que realmente fez uso de seu arsenal nuclear (e contra alvos civis!) se crê no direito de impor que outros países abram mão de suas defesas nacionais tendo em contrapartida vagas promessas de “segurança”? As experiências da Líbia, Iraque, Irã, falam por si próprias.
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  1. Avatar
    José Eduardo Garcia de Souza says:

    A articulista hoje até que conseguiu concatenar um raciocínio razoavelmente lógico – embora necessite de mais fatos para suportá-lo e antever para onde as coisas realmente poderão ir – naquilo que postulou… até o último parágrafo, quando o seu viés ideológico inerradicável toldou, como de costume, o raciocínio e a fez ignorar fatos banais de história quando afirmou “…como o único país que realmente fez uso de seu arsenal nuclear (e contra alvos civis!) se crê no direito de impor que outros países abram mão de suas defesas nacionais…”.
    Bastaria a ela breve leitura do desenvolvimento armamentista Japonês nos anos 30 e 40 do século passado para saber que Hiroshima tinha enorme concentração militar, sendo a base do 2º Exército Imperial e Nagasaki era o núcleo da produção de aço japonesa e centro de fabrico de torpedos navais e munição. Mais ainda, ignora, certamente por não ter consultado tomos essenciais sobre a história da Segunda Guerra Mundial, que os bombardeios atômicos de ambas as cidades foram precedidos de avisos à população sob a forma de panfletos jogados de aviões B-29 várias semanas antes, exortando-as a evacuarem-nas.
    E bastaria também uma simples consulta aos diários do Presidente Truman na Biblioteca do Congresso em Washington, onde aparentemente reside, para encontrar neles, no tocante às bombas atómicas, a seguinte anotação de Julho de 1945: “This weapon is to be used against Japan between now and August 10th. I have told the Sec. of War, Mr. Stimson, to use it so that military objectives and soldiers and sailors are the target and not women and children. Even if the Japs are savages, ruthless, merciless and fanatic, we as the leader of the world for the common welfare cannot drop that terrible bomb on the old capital [Kyoto] or the new [Tokyo]. He and I are in accord. The target will be a purely military one.”

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    Não existe justificativa para oque os EUA fizeram no Japão, e qualquer argumento utilizado para amenizar isso não passa de desculpas de quem gosta de defender politicas armamentistas sejam americanas ou não. A população civil foi sacrificada em nome da arrogância americana que nunca aceitou o fato de Japão ter atacado sua base naval. Pais de facistas e racistas, isso é oque eles são..

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    marco antonio palvarini says:

    Marco Antônio
    O Lobby das armas em busca do lucro,tornou o Sistema de Defesa norte-americano ; oneroso e disfuncional, as novas armas explicitadas por Putin explicitaram esse novo status do poder militar.
    A meu juizo o Império esta refluindo sua projeção global para objetivos mais próximos situados em seu quintal , Brasil e Venezula.

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    Cláudio Cunha says:

    Fico imaginando qual seria a atitude de quem defende a arrogância americana que resultou no massacre nuclear (por duas vezes) ao Japão, se tivesse recebido um “planfeto” dizendo que a própria casa seria destruída e, por isso, deveriam se render. Não rola né meu caro? Putz! Papo de quem nunca teve se quer, de passar pomada na própria bumda, assada de xixi. Sugiro fazer uma visita na ala de queimados de um hospital, só para ter a vaga ideia de que inferno me refiro e veja ou sinta, o lado bom da coisa: você não irá morrer com radição nuclear.

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