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Ao vivo: Caixa-Preta discute greve dos caminhoneiros e petroleiros

Na edição desta quinta-feira, Fernando Morais e Ana Roxo farão o programa Caixa-Preta por hangout, com transmissão ao vivo pelo Youtube e pelo blog. Participe e mande suas perguntas.

 

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    EUGENIO DRUMOND says:

    Pô,
    mal acabamos de ver o Caixa Preta e lá vem contradito:
    “Gilmar Mendes manda soltar Paulo Preto, o homem-bomba dos tucanos”

  2. Avatar
    Cristiane N. Vieira says:

    1- sobre o golpe dentro do golpe: a Ana Roxo levantou dúvidas sobre o significado e cabimento da idéia, digamos, de um ponto de vista filosófico. Quando eu uso a expressão me refiro às manobras que ocorrem na disputa interna dos golpistas pela manutenção do chamado “grande acordo nacional, com STF, com tudo”. Sobre o golpe em andamento, considero que são suas etapas quando as manobras seguem o roteiro inicial: exclusão do PT do poder e de sua perspectiva e transferência do Estado, seu poder, papel e legitimidade, ao controle corporativo, trans-nacional (tanto em proveito da elite nativa ou naturalizada, como a serviço, sujo, do interesse internacional), o que não tem sido tão fácil de realizar como esperavam porque o povo não mordeu a isca – “sempre o povo para atrapalhar; será que não dá para expurgar o povo por decreto ou decisão da suprema corte?”; veremos em breve … Suponho que a estratégia inicial do golpe era, como se costuma definir a nova forma de golpes “brancos” ou “suaves” na América Latina – pela via institucional sem uso ostensivo de Forças Armadas –, a manutenção de sua fachada democrática e sua operacionalização por dentro da estrutura institucional, de modo a conseguir a adesão popular em busca de sua continuidade legitimada no teatro do direito nacional e internacional, under the law. Não por outro motivo, a articulação internacional liderada pelos EUA para deflagrar a contraofensiva neoliberal contra os governos de esquerda no continente optou por fomentar e financiar a oposição interna em movimentos organizados na sociedade civil, promover a cooptação de agentes do sistema de justiça através de cooperações internacionais, formais e informais, e manter figuras de poder do judiciário sob seu poder de chantagem via Globélica e sua indústria de vazamentos, difamação e assassinato de reputação, municiada por informações comprometedoras obtidas pelo sistema de espionagem oficial dos EUA, o mesmo que permitiu montar a operação Lesa-Pátria e desmontar as estruturas empresariais nacionais que concorriam com interesses USamericanos.
    Para tanto, pensavam os golpistas que a retórica de combate à corrupção seria suficiente para limpar o caminho para a direita rumo ao poder via eleições, pois seu adversário estaria desacreditado junto ao povo.
    Mas o Brasil não é para iniciantes, e este plano inicial deu errado, por motivos que o Fernando Morais tão bem explicou sobre a intenção de aprovar o semiparlamentarismo, o que faz com que, em paralelo ao roteiro do Golpe, do que a prisão do Lula e a recusa do deplorável supressor tribunal federal em discutir a constitucionalidade da Constituição (o guardião que se arvora em cirurgião plástico da carta magna) sobre a ilegalidade da prisão em segunda instância é uma das etapas, comecem a surgir operações que representam o que é chamado por muitos como “o golpe dentro do golpe”, ou seja, a tentativa de contornar as falhas e imprevistos do plano inicial e em razão das disputas internas entre os grupos golpistas para definir o futuro do país, de cada grupo concorrente e os próximos movimentos para a meta conjunta inicial, que é a privatização total e irrestrita do Estado, desde suas empresas públicas (Petrobras, Eletrobras, bancos públicos) até a estrutura legal dos direitos sociais (reforma trabalhista e previdenciária) – a tentativa de derrubar o Ilegítimo através exatamente do financiador da bancada golpista, o dono da JBS, com apoio da Globélica, é exemplo dessa diferença entre “etapa do golpe” e “golpe dentro do golpe”, a meu ver, tanto que não teve sucesso porque a parte legislativa do coup se manteve unida. O “golpe dentro do golpe” se configura pelas ações e movimentações feitas quando a parte fraca do coup se revela, a incapacidade de convencimento do povo, através de manobras para impedir eleições diretas e livres (o que não faz parte das “etapas do golpe” porque contrariaria sua tese primordial, de que não estaria em curso um golpe porque as bases democráticas estariam mantidas, a imprensa é livre (sic), apesar do impeachment sem crime e as eleições com a prisão ilegal e forjada do candidato favorito… ) ou de esvaziar o seu resultado, se não for possível impedi-las ou fraudá-las, e assim arrisca-se o roteiro do coup nos moldes iniciais porque não se sabe exatamente quem tomará o poder – no roteiro inicial, dava-se como certo que o PSDB assumiria o executivo, oficialmente, depois de ocupar os postos-chave do desgoverno disenterino golpista salafrário et al, o que se mostra difícil por sufrágio popular, livre e sem intervenção do sistema de justiça. Esse o dilema central para o núcleo político e mercadista do golpe, a destruição do PSDB e seus aliados durante a primeira fase do golpe, que motiva a sequência de manobras golpe-matrioska.
    Por isso, penso que a estratégia da esquerda em derrotar tanto o golpe quanto as suas manobras internas de suas células (coup dentro do golpe) é defender a única coisa que os golpistas mais temem, a razão de ser do coup e a única coisa cuja tentativa de destruição os mantém unidos (dentro do Grande Acordo Nacional, ainda que não entendamos totalmente, estão ocorrendo, desde o início, disputas por poderes setoriais e por continuidade política): eleições diretas e livres com a participação de todos os candidatos, principalmente de Lula.
    2 – Sobre intervenção militar – acho que só não acontece porque os militares estão divididos, os do Exército, mais afoitos, estão despreparados e vacilantes diante da falta de convocação pelos EUA e elite nacional, e Marinha e Aeronáutica têm dado declarações de apoio à Constituição – que se esperava ouvir de ministros do STF e não das FFAA, sinal dos tempos – e ao papel institucional limitado das FFAA, conferido por ela, Acho que intervenção militar não está fora de cogitação pelas elites golpistas nativas e gringas, mas como última opção se os civis forem incapazes de realizar os planos, como parece ser a fonte da motivação para agir do STF em sua atuação sorrateira e politicamente direcionada: onde discutir parlamentarismo a poucos meses da eleição direta tão esperada é mais importante que votar as ADC’s sobre um ponto fundamental da Constituição que é a proteção da liberdade do cidadão contra a repressão do Estado?
    3 – Sobre a greve dos caminhoneiros, que o Fernando Morais disse ser de direita porque o presidente do sindicato é/foi filiado ao PSDB, acho que confirma a história dos episódios de “golpe dentro do golpe” pois a reclamação legítima contra o preço do combustível descambou para que os golpistas dentro do movimento (tanto caminhoneiros quanto donos de transportadoras) defendessem intervenção militar e queda do atual presidente mas não falassem sobre a política da privatizada Petrobras, um problema que está apenas adiado e corre-se o risco de que exploda, de maneira incontrolável, às vésperas das eleições. Nesse sentido, não se pode esquecer que a fragmentação dos caminhoneiros e a multiplicidade de lideranças e de gente tentando disputar a massa enfurecida (até pornô aposentado quis mediar a bagunça pensando ser uma orgia), que nesse caso não permitiu a formação de consenso tanto negocial quanto político e gerou confusão sobre de que tipo de paralisação se tratou (greve, locaute, locreve, grevaute, pré-golpe-reloaded e antieleitoral) e suas implicações para o momento político do país, demonstra que se continua a saga de 2013 – existe uma insatisfação difusa na sociedade, que não tem sido decifrada ou canalizada pelas esquerdas, e que irrompe de maneira disruptiva e incontrolável quando ao movimento espontâneo ou organizado de certos setores se juntam interesses escusos que potencializam o caos e reforçam o discurso escatológico sobre a situação do país. Sabemos, pois já há reportagens que confirmam a participação de interesses USamericanos no financiamento de grupos que desde 2013 se tornaram protagonistas da direita, que o modus infernizandi dos USamericanos em países como o Brasil é atiçar esses grupos de ativistas da baderna para afastar e desacreditar movimentos sérios, promover conflitos violentos, campanhas midiáticas de desinformação principalmente pela internet, e para quem pensa que é teoria da cons-piração, basta pesquisar uma notícia indiscutida em sua relevância para países instáveis como o Brasil: uma das faces mais sombrias do escândalo da empresa britânica Cambridge Analytica foi sua participação direta, estratégica e financiada por grupos estrangeiros, no fomento do caos em países com democracias em crise, em períodos pré-eleitorais, como foi o caso do Kenya. (https://guardian.ng/news/kenyas-social-media-election-attack-ads-and-data-mining/)
    A sugestão da Ana Roxo sobre a necessidade de verificar conteúdos antes de replicar ou confiar não é apenas para não pagar mico mas uma imposição instrumental para desativar essas bombas midiáticas que se valem da credulidade em default e predisposição em aceitar conteúdos que confirmem nossos pré-julgamentos, exploradas estrategica e profissionalmente por piratas da indústria&comércio de lobby cujo maior mercado é a vida política de países pobres ou em desenvolvimento.
    4 – O maior prejuízo da tecnologia sobre a vida social é que acreditamos estar vivendo em um mundo subitamente modernizado, com questões que imaginamos superadas antes que tenham sido sequer colocadas em discussão ou experimentadas na vida real, o que demanda tempo de assimilação e atualização, um tempo muito maior do que a velocidade da internet mais lenta. Nossos processos biológicos básicos não mudaram, menos ainda os mentais, emocionais e cognitivos em geral. Assim, acho fundamental que voltemos a estudar história e ouvir pessoas que tenham esse conhecimento e essa perspectiva ao analisarem o mundo atual – casos do Fernando Morais, do Arbex e demais colaboradores do Nocaute. Enquanto nossa memória está cada vez mais frágil e “atualizada” para amanhã (uma professora de quem não recordo o nome, rs, estuda o efeito dessa quase mania de atualização tecnológica sobre nossa memória social, pessoal e funções cognitivas), perdemos de vista a necessidade/capacidade de contextualizar os fatos, digeri-los individual e coletivamente, e ao mesmo tempo, de reagir a tempo aos acontecimentos – nossos ritmos também foram privatizados –, o que é uma habilidade de quem observa o mundo pelas lentes do conhecimento histórico.
    Ana e Fernando, a sintonia da dupla não pode sucumbir ao imediatismo do mundo digital midiático. Parabéns pela alta qualidade das ideias e provocações ao pensamento crítico, com humor e espontaneidade que estão muito em falta no mundo. Endurecer sem perder a ternura, atualizar sem perder a memória, lutar sem desesperar da alegria e apesar do cansaço, como dizem que ShakeInsPira teria dito, “no final tudo termina bem, se não está bem é porque não terminou.” Ah, não cheirei nada antes de escrever este prolixo comentário, hahaha, nem o ar puro que não existe em São Paulo.
    5 – Ana lembrou muito bem, não podemos esquecer de que o líder que dá ao país um sentido de unidade e de esperança está preso e de que nosso papel aqui fora é não permitir que o sistema de injustiça termine o serviço sujo que começou: pressão sobre o STF contra a jogada do parlamentarismo, pelo direito de Lula ser candidato, pela votação das ADC’s sobre a prisão em segunda instância, enfim, para que o supremo cumpra o seu papel constitucional e não o de vilão covarde e canastrão de uma democracia de folhetim, farsesca, inócua e onde a Globélica é a única que se dá bem no último capítulo. Se há uma causa para mobilizar o país é a das eleições livres, diretas e justas, o que significa Lula fora da cadeia e em cima do palanque, junto ao povo a quem ele sempre soube representar como ninguém foi, é ou será capaz. LulaLivre é o único caminho para derrotar o golpe e suas tramóias “entre facções e contrafações”, de uma vez por todas. O resto é seis por meia dúzia.
    Sampa/SP, 31/05/2018 – 21:19

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