Brasil

Prestes a completar 10 dias, greve continua em 20 estados brasileiros.

A greve dos caminhoneiros chega ao seu nono dia nesta terça-feira (29) e os protestos continuam nas principais rodovias do país mesmo com o anúncio de uma redução no preço do diesel e a criação de um preço mínimo para o frete. O acordo divulgado pessoalmente por Michel Temer não foi suficiente para desmobilizar a paralisação.
Buscando pôr fim aos protestos, o governo ofereceu aos caminhoneiros:
Desconto de R$ 0,46 centavos no preços do diesel (redução corresponde a soma dos valores do PIS/Cofins e da Cide)
O preço do óleo diesel, já com o desconto, será válido por 60 dias. Depois período, os reajustes serão mensais e não mais diários
Isenção do pagamento de pedágio dos eixos suspenso (quando o caminhão está vazio) em todo o país via medida provisória
Caminhoneiros autônomos terão 30%, pelo menos, dos fretes da Conab, a Companhia Nacional de Abastecimento (medida estabelecida também via medida provisória)
Estabelecimento da tabela mínima de frete, conforme a lei 121 (também via medida provisória)
Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCam), José da Fonseca Lopes, a manutenção da greve interessa a movimentos políticos que buscam derrubar o governo Temer.
“Vou fazer uma denúncia bastante séria: não é o caminhoneiro mais que está fazendo greve. Tem um grupo muito forte de intervencionistas nisso aí, eu vi isso agora em Brasília na parte da manhã. Eles estão prendendo caminhão em tudo quanto é lugar. São pessoas que querem derrubar o governo. Eu não tenho nada a ver com essas pessoas e nem nossos caminhoneiros autônomos têm, mas eles estão sendo usados para isso”, afirmou, durante coletiva de imprensa, em Brasília.
Lopes afirma que cerca de 250 mil caminhões são mantidos em pontos de paralisação em diversas regiões do país, como Bahia, Pernambuco e São Paulo. Esse número representa cerca de 30% do total que ficou parado ao longo do últimos dias da greve.
“Tem muitas lideranças que se se dizem lideranças, mas que estão envolvidas com partido político e são presidentes de diretórios municipal e estadual. Estou levantando nomes, lugares onde está acontecendo isso e vou entregar na mão do governo, que é ele [governo] que tem que resolver isso”, afirmou o presidente da Abcam.
Questionado por jornalistas, Lopes não quis dar nomes de pessoas ou partidos que poderiam estar envolvidos nos bloqueios. Ainda de acordo com o dirigente da associação, os caminhoneiros que permanecem em pontos de paralisação estão sofrendo ameaças.
“Estão sendo ameaçados de forma violenta. Não mostram arma, mas levantam a camisa”. Para a ABCam, os pontos de de paralisação não falam em nome da entidade. “Estão usando o caminhoneiro como bode expiatório. Nossa missão foi cumprida, 60% do país está sem movimento nenhum”, garantiu.
Lopes citou a existência de pontos de bloqueio na região da Vila Carioca, em São Paulo, onde há uma refinaria da Shell, e também no entorno das montadoras de automóveis, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Já na Baixada Santista, no Porto de Santos, o fluxo está liberado, afirmou o presidente da ABCam.
Mais cedo, o presidente da República Michel Temer afirmou ter “absoluta convicção” de que a paralisação dos caminhoneiros terminará até esta terça-feira (29) .
“Esse episódio que nós estamos vivendo agora, se Deus quiser logo superaremos”, afirmou.
Os protestos continuam em pelo menos 20 estados, AL, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RN, RS, SC, SE, SP e TO. De acordo com a Infraero, a falta de combustível atinge 10 aeroportos no País. Com o intuito de acabar com as paralisações, a AGU orienta autoridades de segurança a identificar manifestantes que promovem bloqueios nas estradas. O governo pressiona a Polícia Federal a acelerar investigações e prender suspeitos de dar suporte ilegal ao movimento.
De acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) todas as 150 usinas produtoras de açúcar e etanol no estado de São Paulo serão paralisadas por conta dos protestos. As greves nas rodovias provocaram a falta de peças e diesel para abastecer as máquinas agrícolas. Com isso, 2 milhões de toneladas de cana deixarão de ser processadas no estado.
Em ao menos 13 estados não há aula nas universidades federais: Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins. Não haverá aula na rede estadual de ensino em três estados (Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Sergipe) e também no Distrito Federal.
Tribunais também suspenderam suas atividades pelo Brasil ao longo da última semana por conta da dificuldade de locomoção gerada pela greve.
O desabastecimento dos postos ainda não foi normalizado. Em diversas cidades pelo país há filas nas poucas bombas que ainda possuem combustível. Em São Paulo os postos de gasolina aproveitam o desabastecimento e a falta de oferta e cobram R$ 6,00 no litro do álcool, combustível que não foi afetado pelo ajuste no preço da gasolina. O preço tabelado até o estopim da greve variava entre R$ 2,50 e R$ 2,60 por litro.
Mais Nocaute:

Pesquisa Vox-Populi: mesmo preso, Lula venceria as eleições no primeiro turno.

Pedro Parente decidiu aumentar a importação dos combustíveis.

Greve dos caminhoneiros mostra absurdo da política de preços da Petrobras


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  1. Avatar
    João de Paiva says:

    Em tempos de Fraude a Jato e alcagüetagem, de um governo golpista e quadrilheiro, de um sistema judiciário acanalhado e eivado de ORCRIMs, falas como a desse José da Fonseca Lopes trazem preocupações adicionais, pois mostram que o alto comando internacional do golpe (o Deep State estadunidense), pode apelar para o que, até outro dia, não estava no script: entregar a condução do golpe à turma das fardas e coturnos. O Nocaute deveria fazer uma análise rigoros do que andou dizendo esse presidente da ABCam.
    “Tem muitas lideranças que se se dizem lideranças, mas que estão envolvidas com partido político e são presidentes de diretórios municipal e estadual. Estou levantando nomes, lugares onde está acontecendo isso e vou entregar na mão do governo, que é ele [governo] que tem que resolver isso”, afirmou o presidente da Abcam.

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