Brasil

Rei das delações é delatado ao MPF do Rio de Janeiro

Responsável por diversos acordos de colaboração premiada na operação Lava Jato, o advogado criminalista Antonio Figueiredo Basto foi apontado por dois delatores – os doleiros Vinícius Claret (o Juca Bala) e Claudio de Souza (conhecido como Tony ou Peter) de ter recebido mensalmente 50 mil dólares, entre 2006 e 2013 como “taxa de proteção” para livrá-los de supostas acusações de outros investigados ao Ministério Público e à Polícia Federal.
Figueiredo Basto atuou na defesa do doleiro Alberto Yousseff, negociou os acordos de Lúcio Bolonha Funaro – tido como principal operador do PMDB – do empreiteiro Ricardo Pessoa, do grupo UTC e de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras.
Em delação ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, Vinícius Claret e Cláudio Souza relataram que entregavam dinheiro ao advogado curitibano e a um cúmplice. O esquema de proteção seria comandado pelo doleiro Dario Messer – intitulado por Alberto Youssef “como doleiro dos doleiros” no Brasil e acusado por coordenar um esquema que movimentou mais de 1,6 bilhão de dólares em 52 países.
Também apontaram que Enrico Vieira Machado começou a exigir o pagamento mensal de 50 mil dólares “a fim de possuir proteção da Polícia Federal e do Ministério Público”. Os valores eram entregues em endereços indicados por Enrico e seriam destinados a Figueiredo Basto e outro advogado que não teve seu nome revelado.
Cláudio Souza, revelou ainda que a “cobrança da taxa” motivou desentendimentos entre Enrico e Dario, que se recusava a pagar pela suposta proteção.
Souza e Claret foram presos pela Polícia Federal, no dia 3 de março, no Uruguai. Os dois são tidos como operadores financeiros do esquema do ex-governador Rio, Sérgio Cabral. Depois da delação foram extraditados e cumprem prisão domicilar.
Antonio Figueiredo Basto negou a acusação e disse que “não tem como se defender contra boatos”.
Veja também:
Wadih Damous propõe Tribunal de Ética da OAB para Figueiredo Bastos.
O deputado Wadih Damous (PT/RJ) propõe que a OAB instaure processo no Tribunal de Ética e Disciplina contra o advogado Figueiredo Bastos, acusado de receber propina para efetivar delações.

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    Cristiane N. Vieira says:

    Ah, essas operações da PF… Ninguém sabe como começam, quais os interesses, qual o andamento e como são avaliadas em sua eficácia e justificativa (a “Ouvidos Moucos”, que levou ao suicídio o Reitor da UFSC Luiz Carlos Cancelier de Olivo, cuja morte resultou, em grande parte, do estardalhaço em sua deflagração, teve um inquérito que, segundo divulgação recente da imprensa, não apresentou nenhuma prova, sequer indícios materiais confiáveis que justificassem o escândalo – anunciado como desvio de R$80 milhões, agora se fala em R$ 3 milhões, num inquérito incompleto e já com falhas apontadas –, a não ser o pagamento pela PF (cofres públicos) de uma fortuna em diárias e deslocamento para o contingente de guerra que foi, ainda injustificadamente, mobilizado para realizar prisões e conduções coercitivas de pro-fes-so-res…; a operação “Carne Fraca”, também, depois do escândalo, a quantas anda? Foi pro brejo?… Sobre a infame “Esperança Equilibrista”, que tentou repetir, em tom de retaliação e intimidação, a ocorrida na UFSC, também nada se sabe de informação além e depois do escândalo feito sob medida para dar manchetes e alimentar a pauta da mídia porcorativa, e dá-lhe diárias e a PF bancando o Roubocop. De certo modo, ausência de notícias tem sido sempre melhor porque esses casos já se tornaram um batalha da mídiacop (o serviço de press release da PF) e não material para a justiça e a cobertura jornalística séria. Como diz o título da tese que virou livro do José Arbex, é o “Showrnalismo – a notícia como espetáculo”).
    No caso do mesada dos doleiros, parece que o que se “descobriu” não foi a receita venenosa da Coca-Cola (super sigilosa), mas algo que dependia apenas de algum esforço de investigação, afinal, se eram operadores do ex-governador do RJ, que está preso há mais de um ano (segundo a imprensa, desde 11/2016), por que só agora foram descobertos – estavam foragidos? -, e por que apenas o nome de um advogado foi divulgado? Por que o outro nome foi poupado? Como chegaram a eles? Através da delação de quem? Sugiro acompanhar as reportagens da séria “A indústria da delação premiada”, do grupo GGN(Luis Nassif)/DCM(Joaquim de Carvalho); a única diferença é o ângulo em que se analisa o problema, já conhecido e denunciado pelo advogado binacional Rodrigo Tacla Durán, de intermediação de vantagens nos acordos de delação, agora pela boca dos próprios acusados e neocolaboradores, de dentro do suposto “esquema”.
    Não só não duvido das irregularidades envolvendo a operação-matricial de todas as outras (“a mãe de todas as bombas midiático-jurídicas citadas”), a Lesa-Pátria, como acho que tem gente muito mais graúda nisso aí (juízes, desembargadores, etc), que só não afirmo porque ainda respeito a presunção de inocência e tenho certeza de que apenas convicção NÃO é suficiente para condenar ou enxovalhar a reputação alheia, mas que o enredo da novela globélica sediada em CuritiGuantámo não permite ingenuidades, ah, isso não permite nem para as polyanas isentonas que enchem jornais e blogues.
    Parece que, assim como ocorreu no mundo político que aplicou o golpe, a onda de “cada um por si e meu pirão primeiro” finalmente, antes tarde do que never, chegou ao judiciário golpista e aos órgãos oficiais de investigação.
    Não se sabe, por exemplo, se a operação resulta de grupos dentro da PF que rivalizam com o grupo matriz por poder, dinheiro (verba) e promoção (como pode a chefe da Ouvidos Moucos ter sido promovida?), ou discordam dos métodos de perseguição daquela província e tentam desmascará-la. Não se pode esquecer do plano de “estancar a sangria” e que o delegado geral da PF foi trocado há apenas 3 meses, a denúncia pode ser apenas uma sinalização para que o grupo de provincianos de Curitiba continue a pegar leve com o consórcio golpista PSDB-MDB-DEM e concentre suas forças na esquerda.
    Não que a Lesa-Pátria esteja sendo boicotada, não acredito em suas boas intenções, mas que seja apenas um rearranjo de forças no consórcio golpista.
    Se essa investigação for a sério e as denúncias confirmadas por provas confiáveis, não tem como explicar que o esquema tenha existido por 12 anos com tamanho sucesso sem participação de quem pudesse de fato oferecer a proteção delatada (juízes, MPF, PF), afinal, até outro dia pouco ou nada se tinha ouvido falar nesse tal “doleiro dos doleiros”, o que não se pode dizer do Yousseff, figurinha carimbada, e premiada, há muitos anos…
    Se lembrarmos que o Yousseff só aceitou colaborar sob “legítima e espontânea pressão”, na operação Lesa-Pátria, depois que foram realizadas escutas, ilegais e até hoje não explicadas, em sua cela na PF de Curitiba, e que depois disso se tornou parça até na divisão das comissões sobre dinheiro devolvido por terceiros a partir de suas informações, não é de estranhar que seja verdade a história do mensalão do “Se pagar, podemos tirar” (adaptação do método Reuters de proteger a imagem de FHC em suas matérias; no método original, “quiser” em lugar de “pagar”). Combina com o provável, por dedução e indução, método de “delações voluntárias” em que são exigidas implicações de petistas para que sejam aceitas (o ne(ble)fando Leo Pinheiro é o mais notório), ou com aquele outro, de evitar que sejam feitas contra bancos, empresas de comunicação (Patifalloci), gente graúda do judiciário (J&F, JBS), quem mais?
    Até o ministro do STF, Gilmar Mendes, já acusou em plenário, além de seu parceiro de bolero e lero-lero, BarrocoBarroso, outros integrantes do MPF e da operação Lesa-Pátria de agirem fora-da-lei. Mas fica só no bate-boca e na troca de cartas na manga para impedir que ele próprio seja perseguido ou investigado (no Brasil já não se sabe mais a diferença, dadas as muitas convicções) em suas histórias com sua escola de Direito, entre outros.
    Esse é o problema: apesar de essas denúncias serem sinal de coisas muito graves que colocam sob altíssima suspeição o trabalho desses órgãos (PF, MPF, PGR, STF, XYWZ), parece que servem apenas para intimidar, mostrar os dentes na disputa do “late, mas só morde petista”, como se houvesse dois jogos em andamento, um que os ingênuos republicanos e o povo ainda acreditam e jogam, e outro subterrâneo, uma trama paralela, em que o que vemos nem sempre significa o que interpretamos, como parecem as jogadas dos vilões em ficção: a coisa pode ser bem pior do que imaginamos, mas como é padrão nesse roteiro macroestrutural do Golpe, depois do escândalo inicial, tudo se assenta e nada mais se revela, se investiga, se pune ou se encerra que não seja do interesse dos grupos golpistas; mesmo que estejam em disputa interna, o limite para esta disputa é a possibilidade abrir o flanco para que o “Grande Acordo Nacional” seja desativado, porque aí perdem todos eles . Fica sempre uma porta aberta para que esses delinquentes continuem a alimentar os complôs do nosso “deep state” tupiniquim (a tomada dos 3 poderes por agências que se tornam (PF) ou já são (MPF, PGR) autônomas e que confundem essa condição com seguir sua própria agenda de interesses corporativos, de classe e ideologia política.) O que houve com o tal Yousseff depois da investigação do Banestado? Foi deixado solto para que, futuramente, pudesse ser o colaborador principal do esquema e operação Lesa-Pátria (clichê do “dar corda para prender depois” de filme policial ruim, como é esta operação histérica que terá o único mérito de vacinar o povo brasileiro para o discurso salvacionista anti-corrupção, espera-se.) E agora? Solto de novo, e com poucos prejuízos para poder manter sua relação de amizade com os meganhas de toga, afinal, os dois lados sempre acabam ganhando, e saem livres, leves, soltos e muito ricos… Quanto tempo vai levar até o que sr. Yousseff seja novamente o pivô de outra operação escandalosa da PF, pra sair ileso e mais famoso?
    Não há o menor risco de essa investigação ir à frente e chegar a desvendar o suposto esquema, não sob o atual estado de coisas no país. Porque com certeza o advogado citado (insisto, por que a PF não divulgou o outro nome?), em se provando verídicas as acusações, não terá trabalhado sozinho, nem recebido o dinheiro sozinho, assim como não será fritado sozinho; logo, será acudido por seus supostos colegas de suposto esquema, e não se fala mais nisso, nem se lembra que um dia foi notícia, daqui a um mês.
    Brasil de folhetim repetido, a isso o golpe nos reduziu. Em tempos de corrupta Copa de corrompido Mundo, figurinha repetida não só completa álbum como é a fonte de que se alimentam falsos-moralistas como os juízes, procuradores e jornalistas inquisitoriais no país. E a mais importante delas, que esses abutres querem tirar do jogo porque é a única que pode botar ordem na casa de fato e jogar para Geral não apenas para as cadeiras numeradas, inventaram que é falsificada quando é a única cuja autenticidade foi provada por quem realmente manda no jogo, o povo.
    LULALIVRE
    BRASILSOBERANO
    POVOEMPAZSEMFOME
    “OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO”
    Sampa/SP, 0/05/018 – 20:17

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    Cristiane N. Vieira says:

    Correção e adendo: a reportagem informa que o suposto esquema delatado teria sido entre 2006 e 2013, e meu cáculo de 12 anos considerou a data inicial até hoje. Portanto, onde “12 anos”, leia-se “7 anos”. Curiosamente, se confirmada a data, teria sido até a véspera da operação Lesa-Pátria ter seu início. Por que não teria continuado depois, e pior, por que a blindagem teria continuado mesmo sem pagamento no auge das denúncias e delações, com aumento do risco de serem envolvidos? Teria a blingagem sido paga no período de 2006-2013 para que não fosse o referido grupo o centro da operação Lesa-Pátria, em lugar do sr. Yousseff? Por que teria começado em 2006? E por que teria se encerrado em 2013? Se pararam de pagar, o que impediu que fossem implicados nas denúncias e delações, ou o pagamento foi um blefe? Teria continuado por outros meios e pessoas? O suposto pagamento prévio ao início da operação Lesa-Pátria teria sido uma espécie de carência de plano de saúde, e depois disso, a blindagem teria sido garantida aos pagantes com a escolha do sr. Yousseff como bode expiatório premiado de estimação? O sr. Yousseff foi contatado pelo esquema para contratar o “seguro-proteção-antidelação”? Chegou a pagar e vai pedir indenização? rs.
    Nunca saberemos.
    Sampa/SP, 20/05/2018 – 22:03

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