Brasil

Marielle e Lula, vítimas do "novo normal" na mídia manipulada

“Fake news” por excelência, serve a alguns e prejudica outros, como é típico do jornalismo de campanha e de sua informação teleguiada.

A mídia brasileira está operando um novo padrão de manipulação. Se não é novo, certamente é usado agora com grande ênfase.
Os padrões de manipulação, você sabe, são estudados há décadas pelos analistas da mídia. Por aqueles que têm visão crítica, naturalmente, não os apologistas.
“As 10 Estratégias de Manipulação Midiática”, atribuídas a Noam Chomsky, mas que seriam de autoria de um pensador francês misterioso, Sylvain Timsit, já são um clássico da internet progressista.
Menos conhecidos, talvez, mas perfeitamente calibrados para a realidade brasileira, temos os “Padrões de Manipulação da Grande Imprensa”, que o jornalista e professor Perseu Abramo, inesquecível mestre, identificou 30 anos atrás.
Mas o novo ou renovado padrão da mídia brasileira atual não consta desses textos, ao menos de forma autônoma. É o padrão de “naturalização”.
Manipula-se a realidade para produzir um fato, ou para expressá-la da forma que se deseja, e uma vez criada essa nova realidade alterada pelo não-fato ou por sua expressão manipulada, cuida-se de vendê-la como perfeitamente normal, produto da ordem natural das coisas.
O que é artificial, falso, mentiroso – porque é produto de manipulação do real – torna-se o novo normal. O novo natural.
E nem é preciso dizer que essa naturalização do que é falso, “fake news” por excelência, serve a alguns e prejudica outros, como é típico do jornalismo de campanha e de sua informação teleguiada.

Dois exemplos bem claros disso: Marielle e Lula.
A combativa vereadora da esquerda carioca, defensora das comunidades pobres contra a violência policial e miliciana – e vítima exatamente delas -, foi cuidadosamente “desossada” de sua personalidade real pela mídia.
Foi beatificada como uma espécie de Madre Teresa da Calcutá fluminense, uma promotora da bondade, apolítica e etérea, que morreu por causa de uma “violência urbana” genérica, sem nome, sem origem, sem vínculos.
Mais de 50 dias depois de seu assassinato, Marielle segue nesta segunda morte matada. Nada avança nas investigações de seu caso, e também nada resgata a sua imagem real para as pessoas comuns, freguesas da grande mídia comercial.
Apenas mais um crime comum, contra uma moça de bom coração com os pobres. Está naturalizada a percepção da maioria sobre Marielle e seu martírio. Naturalmente despolitizada.
Idem com o ex-presidente da República. Está preso há quase um mês por um suposto crime não demonstrado, muito menos provado, em processo fraudulento no espírito e na forma, montado com o descarado propósito de neutralizá-lo politicamente.
Mas, para a maioria do povo, vítima da dieta desinformativa da mídia comercial, Lula ainda é um preso comum, aliás o maior bandido do Brasil.
Está encarcerado com toda a justiça depois de condenado em processo limpíssimo, tocado por heróicos promotores e juízes, à qual a Nação rende o seu preito de gratidão.
Acampamento e atos por sua libertação, manifestações em seu favor mundo afora, denúncias constantes da ilegitimidade de seu processo, nada disso abala a ordem natural da cobertura jornalística, cada vez mais reduzida, do preso que o golpe deseja silenciar.
São apenas “petistas” os que protestam, os “esquerdopatas”, a cupinchada amiga.
Não as forças populares, que têm ressonância e apoio para vencer 4 eleições presidenciais consecutivas, e que detêm no momento, com Lula, 1/3 das intenções de voto para obter a quinta vitória.
A naturalização do anormal quer matar suavemente. Eliminar por virada de página. Anular por mudança de assunto.
A tarefa é estressar sempre – denunciar, criticar, combater – para impedir que isso aconteça.
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