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Cerco a Pimentel é tentativa dos golpistas de tomar Minas Gerais

As últimas quatro eleições presidenciais foram decididas em Minas Gerais, mesmo quando o candidato Aécio Neves, ex-governador. O desmanche do aecismo promete aos golpistas uma derrota eleitoral arrasadora no Estado. Para impedir isso, os golpistas querem degolar Fernando Pimentel, favorito nas pesquisas.
No último dia 27 de abril, o governador Fernando Pimentel foi surpreendido pela aceitação pela Presidência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais de um pedido de impeachment contra o seu governo. O pedido, cujo autor é o obscuro advogado Mariel Márley, acusa o governador de “pedaladas fiscais”, ainda mais frágeis do que as que geraram a acusação contra a presidenta Dilma Rousseff. Apesar da rarefação jurídica do pedido para afastar o governador, o vice-presidente da mesa em exercício, Lafaiete Andrada (PRB), acatou a demanda.
Mas fontes da Assembleia mineira garantem que foi o próprio presidente da casa, o deputado estadual Adalclever Lopes (PMDB), quem deu aval para a aceitação do pedido. Na denuncia, considerada inconsistente por especialistas, o advogado acusa o governador de não repassar R$ 300 milhões ao orçamento da Assembleia, dinheiro que seria utilizado basicamente para as emendas dos parlamentares, além de dever R$ 20 milhões para advogados do estado. Os acusadores ainda apimentaram a denuncia, com a alegação de ultima hora de que o governo vem atrasando salários dos servidores do funcionalismo público.
Os meios políticos mineiros, em um primeiro momento, estranharam a atitude de Adalclever Lopes, pois aparentemente ele mantinha uma boa relação com o governador, que sempre foi correto e leal com o deputado e o considerava um amigo. O parlamentar frequentava a intimidade do governador e nunca deu sinais de que poderia entrar em linha de colisão com Pimentel. Na mais recente visita de Lula a Minas, por exemplo, o deputado circulava com desenvoltura de anfitrião no almoço oferecido a Lula por Pimentel no Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governador.
Logo que o pedido de afastamento foi aceito, circularam versões de que o cisma entre o governo minero e o presidente da Assembleia havia ocorrido em decorrência da transferência da ex-presidente Dilma Roussef para Minas Gerais, onde pretendia disputar as eleições para o senado.
Coincidindo com a possível chegada de Dilma, para disputar o senado, ocorreu o falecimento da conselheira do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE/MG), Adriene Barbosa, que era esposa do ex-senador Clésio Andrade. A morte da conselheira abriu uma vaga no TCE/MG, que passou a ser imediatamente cobiçada por diversas personalidades mineiras e quem indica o sucessor é o governador do estado.

Foto: Fotos Públicas/Roberto Stuckert


Há ainda em disputa a vaga de vice, na chapa de Fernando Pimentel. Para completar o quadro, o líder da bancada do governo na Assembleia Legislativa, o deputado Durval Ângelo, alertou que os parlamentares mineiros enfrentam uma série de dificuldades no relacionamento com algumas secretarias e órgãos do estado.
Os verdadeiros motivos da tentativa de golpe
Essa conjunção de fatores é a explicação superficial para a abertura do processo de impeachment contra o governador de Minas Gerais. Entretanto, tudo isso apenas serviu para detonar a tentativa de golpe e justificar a infidelidade de alguns parlamentares.
As razões mais profundas estão na própria arquitetura do golpe que derrubou a democracia, está desmontando o país, abre mão da soberania nacional e penaliza dezenas de milhões de brasileiros à tragédia da miséria e da fome.
Na última quarta feira, dia 25 de abril – antevéspera do pedido de impeachment – , o deputado estadual Adalclever Lopes foi chamado ao gabinete do senador Romero Jucá, em Brasília. Ao retornar a Minas, Lopes autorizou a abertura do processo de impeachment contra o governador. Portanto, se interesses de deputados mineiros podem ter ajudado a fertilizar o terreno para pressionar Fernando Pimentel, a detonação do golpe foi decidida por razões dos golpistas, em Brasília.

Adalclever Lopes, presidente da Assembleia Legislativa de MG. Foto: Pollyanna Maliniak/ALMG


Porque Minas é estratégica para o projeto do golpe
As ultimas quatro eleições presidenciais foram decididas em Minas Gerais, mesmo quando Aécio Neves, ex-governador, foi candidato. Com a agonia do aecismo, os candidatos que apoiam o golpe e o desmonte do Brasil tendem a sofrer uma derrota arrasadora no Estado. Esse é o motivo de fundo da tentativa de golpe contra o governador Fernando Pimentel, que vem fazendo um bom governo, é favorito nas eleições ao Palácio da Liberdade e poderá contribuir para Lula obter dos mineiros um resultado eleitoral consagrador.
A tentativa de impeachment contra Pimentel revela de forma clara que Minas Gerais converteu-se numa das principais trincheiras da guerra contra o golpe, o desmonte do país, o abandono dos programas sociais e da população mais pobre e da luta pela libertação do presidente Lula.
Desde a consolidação do golpe, que teve as figuras centrais do aecismo, como o próprio Aécio e seu parceiro e estrategista Antônio Anastasia, entre as suas principais conspiradores, o núcleo golpista, comandado por Temer, Jucá, Moreira Franco, Eliseu Padilha e o general Etchegoyen, tenta desestabilizar Minas Gerais. O ataque ao governo mineiro ocorre porque o consórcio golpista pretende dominar todo o Brasil e os governos dos estados que se opõem ao desmonte do país ameaçam a consolidação do projeto neoliberal no Brasil.
Sem Minas ninguém chega a Brasília
O assédio a Minas Gerais é uma prioridade no projeto dos mentores do golpe, pois se trata de um estado estratégico, por sua força econômica, tamanho da população e localização estratégica – unindo o nordeste ao sul. Além disso, os mineiros decidiram as quatro últimas eleições, dado vitória ao PT, mesmo quando Aécio, ex-governador do estado foi o candidato.
Os que defendem o desmonte do Brasil sabem que qualquer projeto presidencial depende dos eleitores mineiros, que compõem o segundo maior colégio eleitoral do país. Além disso, o governo minero resiste às políticas neoliberais perversas que os atuais donos de Brasília tentam impor ao país. Minas repeliu as tentativas de privatização de suas empresas estatais, principalmente as que visavam a Cemig, empresa de eletricidade, e a Copasa, responsável pelo tratamento de água e o saneamento, assim como resiste às diretrizes de reduzir os programas sociais e de precarizar a saúde, a segurança e a educação.
Bom governo faz de Pimentel o favorito em Minas
Mesmo tendo recebido um estado falido pela irresponsabilidade fiscal dos seus antecessores Aécio e Anastasia, com um rombo orçamentário de R$ 8 bilhões, o governo Pimentel está conseguindo manter o estado funcionando, nos seus serviços básicos e afastado do caos a que estão submetidos todos os seus vizinhos no sudeste – Rio de Janeiro, Espirito Santo, São Paulo e Goiás, além de vários outros, como o Rio Grande do Sul e o Paraná. Em Minas Gerais, a saúde funciona; a educação cumpre suas metas e o estado se esforça para atender todas as reivindicações dos professores; obras essenciais são realizadas; e a segurança melhorou, impedindo que o estado fosse tomado pelo crime organizado, como acontece no Rio de Janeiro, no Espirito Santo e em São Paulo, onde há rumores de acordo entre o governo e o PCC.
Essa situação de equilíbrio e tranquilidade de Minas Gerais foi obtida pelo governo Mineiro, apesar do rombo deixado pela falácia que foi o Choque de Gestão, inventado por Anastasia, e da crise profunda na qual o Brasil foi jogado pelo golpe de estado.
Governo mineiro reduz estragos do mentiroso choque de gestão
Uma leitura posterior e isenta do Choque de Gestão, concebido por Anastasia, o mentor intelectual do aecismo, revela que a artimanha não passou de um mecanismo arquitetado para burlar a lei; maquiar uma contabilidade temerária feita nas finanças do estado; viabilizar irresponsáveis empréstimos de bancos internacionais com moedas fortes (que penalizam hoje as contas públicas); desviar recursos da saúde, educação e sistema de seguridade social; comprar a lealdade de algumas corporações (policias, MP, judiciário), através de aumentos irreais de salários e benefícios; e para viabilizar obras faraônicas, como a Cidade Administrativa, de onde o aecismo desviou bilhões de reais.
Ao conseguir fazer um governo equilibrado, que conseguiu minimizar as dificuldades financeiras herdadas e os impactos da crise nacional, o Pimental chegou a 2018 em uma situação bastante confortável, sendo o favorito para vencer as eleições e fortalecer a da candidatura Lula em Minas Gerais.

Fernando Pimentel, governador de MG.(Foto: Agência Minas)


Com aecismo moribundo, golpista não tem palanque em Minas
Essa situação de tranquilidade eleitoral do governo Pimentel é fortalecida, ainda, pela implosão do aecismo em Minas Gerais. Aécio está pulverizado na opinião pública mineira e arrasta Anastasia para o túmulo politico. Todos os candidatos que defendem o aecismo ou o golpe estão em péssima situação eleitoral em Minas Gerais.
Nesse cenário, a perspectiva é de uma derrota arrasadora para qualquer candidato presidencial identificado com o aecismo ou o golpe, no eleitorado mineiro. Isso atinge duramente Alkcmin, Dória, Meireles ou quem for indicado nesse campo, em Minas Gerais.
E eles sabem que sem os mineiros, ninguém ganha uma eleição nacional.
Está ai o leitmotiv da atual onda de ataques contra o governador mineiro. Os mentores do golpe procuram gerar tumulto em Minas Gerais, para desviar a atenção do governador de uma gestão que vai bem, dentro de um cenário difícil, tonando decisões corretas, fazendo escolhas acertadas, mantendo Minas Gerais afastada do caos que domina vários estados brasileiros, além de estar entregando obras, melhorando serviços e outras realizações.
Nos últimos quatro anos, Fernando Pimentel foi obrigado a administrar uma crise armada levianamente pelos seus antecessores, Aécio e Anastasia, e aprofundada pela crise gerada pelo golpe de 2016. O governador administrou essa crise financeira sem deixar que o estado entrasse em colapso, sempre buscando o equilíbrio entre os poderes, para evitar a profunda crise institucional que acomete o Brasil.
Os mentores do golpe querem quebrar o ambiente de tranquilidade no estado, que favorece o governador nas próximas eleições. Para isso, cooptaram alguns deputados estaduais, que embarcaram de maneira oportunista nessa aventura e estão jogando com as dificuldades do governo para obter benefícios eleitorais. Esse grupo pretende chantagear o governador com o objetivo de obter vantagens. Entre estes estão os deputados que pressionam para receber o dinheiro de emendas parlamentares, mesmo sabendo da complicada crise financeira herdade pelo estado – lembrando: R$ 8 bilhões.
Controlando o Partido do Palácio da Liberdade, o governador vai reagir
A história mineira ensina que o partido mais forte do estado, sempre foi o PL – Partido do Palácio da Liberdade. Não é possível subestimar o seu poder e a capacidade que esse conceito, liderado pelos governadores mineiros, têm de fazer política. O Partido do Palácio da Liberdade é ainda mais forte, quando é liderado por governadores que dominam a arte da articulação, como é o caso de Fernando Pimentel.
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https://www.nocaute.blog.br/2018/04/25/fernando-morais-entrevista/

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