Brasil

Mataram a Marielle e um pouco da gente morreu junto


Mataram a Marielle. Mataram a Marielle e eu não sei o que dizer. Mataram a Marielle e tudo o mais perdeu a importância. Mataram a Marielle e um pouco da gente morreu junto.
Mataram a Marielle sem nem disfarçar que era uma execução. Era para isso que os militares queriam garantias da não existência de uma Comissão da Verdade. Para dizer calem-se. Calem-se mulheres pretas, calem-se favelados, calem-se defensores dos direitos humanos, calem-se militantes de esquerda. Que se cale o pensamento.
Acontece que os imprescindíveis não morrem. Os imprescindíveis não podem ser calados. Marielle, se estivesse viva hoje e tendo assistido ao assassinato de uma igual, estaria lutando freneticamente para que o mundo soubesse que o inaceitável estava acontecendo.
Foi isso que ela fez em toda a sua trajetória e mais recentemente com a monstruosidade da invasão militar e das atrocidades da PM contra a juventude negra e pobre. Marielle lutou pelos seus e este é o maior legado que alguém pode deixar. Não há de ser inutilmente. O assassinato de Marielle nos atinge de forma profunda política e afetivamente. Sentimos que nunca acaba de caber mais dor no coração. Mas não choramos à toa.

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  1. Avatar
    José Eduardo Garcia de Souza says:

    Qualquer pessoa com um mínimo de decência abomina e condena o que ocorreu com a Marielle e não fica ouvindo as aleivosias que lhe assacam agora e nem dá crédito às “teorias de conspiração” que brotam, como a que a articulista já adianta, já que só pode ter sido o Exército matou, certo? Não há e nem pode haver mais nenhuma explicação para este crime que não esta, verdade?
    Mas o fato é que o mesmo pessoal que agora arma este berreiro todo – menciono o “Coletivo 342”, “Ozartista”, eminências como Érica Kokay, modelos de lucidez como Dilma Rousseff, blogs e quejandos – não dizem patavinas sobre os mais de 6.300 outros mártires da violência no Rio em 2017. Não fazem uma menção – umazinha que seja – aos 27 PMs mortos pelos bandidos no Rio apenas em 2018. Nada sobre o PM morto na Sexta-feira passada, a tiros, novamente pelos traficantes e/ou milicias em Paciência, e para o qual não houve vigília, artigo, berreiro ou lágrimas do Caetano e “Ozartista”. Também não querem saber que, entre as já mencionadas mais de 6.300 mortes de 2017, há mulheres, gays, negros, favelados, jovens e velhos, pobres, remediados e bacanas – das quais 187 foram causadas por PMs e as demais 6.113 causadas pelos narcotraficantes e milicianos que, pelo visto, eles insistem em ignorar por completo. E, claro, nem um pio sobre os 246 PMs mortos por bandidos naquele ano – a maioria deles negros, pobres, moradores de favelas e, garanto, alguns até gays e lésbicas. E é estranho também que falem do Rio estar “ocupado por militares” quando não se vê um tanque na rua e a administração civil eleita (por mais incompetente que seja e merecedora de intervenção e cadeia, a meu ver), continue lá.
    Mas tudo isso talvez se explique por uma coisa, e à luz dos números e fatos: o que não faltava no Rio para que se armassem comícios, berreiros e coisa e tal contra o combate à bandidagem eram cadáveres – afinal, eles estavam ali, aos milhares e à vista. O que faltava era o cadáver certo…

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