Brasil

Uma seita toma conta do país e o STF não é supremo de nada!


 
Quer dizer então que o Michel Temer diz que estão dando um golpe. Ele protestou, ele não gosta de golpe. O que eu não entendo é como é que ele e o Aécio Neves da Cunha deram o golpe. Agora ele não gosta. Enfim, esse país está tão de cabeça para baixo que vale tudo. Até uma besteira dessas. O problema é que enquanto a gente se distrai com esse tipo de intriga, com esse mercado persa que virou o Congresso Nacional, os golpistas vão destruindo o país. De repente surge uma medida para atrapalhar a punição de trabalho escravo.
 
O Brasil que chegou a ter uma das legislações mais avançadas do mundo sobre a questão do trabalho escravo está agora avançando para trás, como tudo nesse governo. Para não mencionar a venda do pré-sal, não mencionar o descalabro que virou a saúde pública, o desmonte das universidades, das pesquisas. Enfim, é um horror.
 
E para complicar ainda mais esse horror, o que está acontecendo no Supremo Tribunal Federal? O que é aquilo? Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmem Lúcia, mineira, Montes Claros, católica. Veio dela o voto decisivo para retroagir uma lei. Eu não sou advogado, mas é um princípio básico, eu não posso ser culpado por uma coisa que quando eu fiz não era crime. Quer dizer, agora retroagiu a lei. É uma coisa absurda. São esses os guardiões das nossas instituições.
 
E a questão do ensino laico nas escolas públicas desapareceu. Agora qualquer pastor, de qualquer seita eletrônica, não era eles que queriam uma escola sem partido. O que valia para o Delcídio do Amaral e para o Eduardo Cunha, não vale para o Aécio Neves da Cunha. É um descalabro total. E nós aqui no Rio de Janeiro temos o nosso próprio prefeito itinerante, o pastor evangélico da igreja universal do reino de deus, Marcelo Crivella. Não chega a ser um João Doria, mas está chegando lá. Quer dizer, ele pouco para por aqui. Eu muitas vezes pensei que era ótimo ele não ficar por aqui. Porque pelo menos não fazia besteira.
 
Agora, enquanto ele anda por aqui, eu vou citar algumas coisas que esse bispo de uma seita especializada em explorar pobres miseráveis infelizes com o tal dízimo, que fez do tio dele, Edir Macedo, autoproclamado pastor e fundador dessa seita, um milionário. Vamos lá, primeira coisa que o bispo Crivella fez foi cortar verba do carnaval dizendo que o dinheiro iria para as creches. Não foi. Daí ele cortou o financiamento público das paradas LGBT.
 
Vamos pensar o seguinte: tanto um evento quanto o outro independente de aspectos culturais, movimentam centenas de milhões de reais pelo turismo. O bispo Crivella mudou nomes de ruas de favela para nomes evangélicos. Ele fechou contrato da prefeitura para concessão de crédito consignado para servidores públicos com um banco que é do tio dele. Quer dizer o bispo sobrinho dando mais dinheiro para o bispo tio. É um absurdo. Ele nomeou a filha, o sócio da filha e sei lá mais quem e depois foi obrigado pela justiça a desnomear.
 
A cidade das artes, que como diz, deveria ser um centro artístico para concertos, ensaios, peças de teatro, foi cedida de graça para o Festival de Cinema. Ah bom, tudo bem. Não. Festival de Cinema Cristão, Festival Evangélico que é a seita do pastor. Ele interferiu no MAR, o Museu de Arte do Rio, de uma maneira descabida, proibindo uma exposição. Ele criou um senso religioso na Guarda Municipal do Rio de Janeiro. Com uma prefeitura que de laica não tem nada, que pertence a seitas evangélicas eletrônicas, que Guarda vai dizer eu sou católico, eu sou luterano, eu sou batista? E o mesmo senso ele fez para os usuários das academias populares, aqui no Rio tem essas academias abertas para a população que não pode pagar a sua malhação ir lá fazer exercício físico, outro senso. Baseado em que esse senso? Vai saber.
 
Ele criou mecanismos para que de seu gabinete emane autorizações para eventos culturais, esportivos, políticos ou religiosos. É um projeto complicado, é um projeto perigoso. Eu já disse isso aqui. Esse país, caramba, vai mal de verdade. No poder executivo, no poder legislativo, na Corte Suprema que de Suprema acabou. Eu me lembro que a ministra Carmen Lúcia se tornou um tanto popular nos grandes meios de comunicação quando ela foi vetar a lei da censura, no que aí estava correto, ela disse: cala a boca já morreu. Excelentíssima, nesse caso seu, nesses três casos, quem sabe não teria sido melhor ficar calada.

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