Brasil

Entrevista de Cunha expõe agenda política da Lava Jato


A absorção da mídia corporativa pela holding Lava-Jato, essa fusão político-editorial que revigora o capitalismo brasileiro e renova o seu controle sobre a agenda pública do país traz vantagens indiscutíveis para o jornalismo de negócios.
A vantagem do conforto e das melhores condições de trabalho, por exemplo.
Se é do interesse de um dos veículos do grupo – vamos dizer, a revista Época – fazer uma entrevista espetaculosa com um símbolo do punitivismo nacional – vamos dizer, o ex-deputado Eduardo Cunha – por que ter o trabalho de obter a autorização judicial que a lei preconiza, para ouvi-lo no cárcere?
Por que não agendar a entrevista para um local tranquilo e aprazível, onde se possa inquirir e gravar o entrevistado com toda a liberdade, longe da aspereza do ambiente prisional?
Na semana anterior à entrevista, Eduardo Cunha estava oficialmente preso numa cela da Polícia Civil do Distrito Federal.
No entanto, o editor-chefe da revista Época, Diego Escosteguy, esclareceu no Twitter, “acerca das circunstâncias da entrevista”, que “ela não foi concedida na Papuda nem em qualquer local do sistema prisional”.
Presume-se que a cela da Delegacia de Polícia Especializada do DF integre o sistema prisional.
Mas, ainda que não, a dúvida sobre o local da entrevista e a sua legalidade permanece, porque nem a polícia, nem a Época, nem qualquer outro braço da holding justiceira dignou-se a informá-lo ao distinto público.
A entrevista do presidiário Cunha, portanto, terá acontecido fora da cadeia, em local incerto e ignorado, ao qual teria chegado sabe-se lá como, e com autorização de quem.
Já havia causado estranheza, dias atrás, uma certa carta do ex-ministro e cardeal petista Antonio Palocci, na qual ele se desfilia do PT e detona ainda mais o ex-presidente Lula.
Estranheza não tanto pelo conteúdo, mas pela forma, porque a carta foi distribuída em cópia perfeitamente digitada e impressa, e não consta que detentos da Polícia Federal em Curitiba tenham acesso a computador e impressora.
Esclareceu-se depois que a carta teria sido manuscrita por Palocci e digitada por seus advogados.
Mas ninguém viu fac-símile do manuscrito, que a bem da transparência seria oportuno divulgar, para que nenhuma dúvida restasse.
De qualquer forma, onde quer que tenha ocorrido, a entrevista de Eduardo Cunha não resultou na bomba jornalística que a Época esperava.
Mas trouxe uma avaliação do ex-presidente da Câmara que confirma inúmeras críticas à Lava Jato.
Disse Cunha que ela “é uma operação política, não jurídica. Eles tiram as conclusões deles e obrigam a gente a confirmar. Os caras não aceitam quando você diz a verdade. Queriam que eu corroborasse um relatório da PF que me acusa de coisas que não existem”.
Se é assim que funciona – agora atestado por um dos mais notórios clientes do sistema midiático-judicial que governa o Brasil -, o que representa uma entrevista concedida fora da cadeia, não é mesmo?
Uma irregularidade a mais ou a menos não altera as linhas tortas pelas quais a justiça de exceção e a mídia cativa escrevem as suas certezas duvidosas sobre o país.

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  1. Avatar

    Perai – a Época, vergonhosamente, escondeu a notícia! Disse Diego que a entrevista de Cunha nso foi na Paouda ou qualquer outra prisão. Como? Como foi isso? Quem liberou o Cunha? Porque a matéria não é essa? A revista é cúmplice? Que história é essa?

  2. Avatar

    O kúnha está de férias da prisão, participando de agendas jornalísticas do grupo golpista mídia-justi$$a. Tudo haver, é a aliança rede gRoubo e o DESGOVERNO INTESTINO DE EXCLUSÃO SOCIAL. Usaram o bagaceira para tentar defender o ladrão que está na presidência.

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