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Associação lamenta morte de reitor de SC e condena “estado policial”

O reitor afastado da UFSC Luis Carlos Cancellier Olivo (Pipo Quint/Agecom/UFSC/Reprodução)


 
A Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), por meio de nota, lamenta o suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luis Carlos Cancellier Olivo, e condena as “práticas de um estado policial” e a destruição da honra das pessoas “em nome de um moralismo espetacular” – fatores que teriam contribuído para a morte do docente.
Olivo, no cargo desde maio de 2016, foi preso pela Polícia Federal no dia 14 de setembro – e solto um dia depois -, dentro da Operação Ouvidos Moucos, que apura um esquema de desvio de recursos para cursos de educação a distância. O reitor era acusado de obstruir as investigações. O esquema teria acontecido na gestão anterior a sua.
Uma vez solto, Olivo ficou impedido de entrar no campus. Depois foi concedido que ele retomasse algumas atividades acadêmicas, mas sua presença na universidade não poderia passar o tempo de duas horas e meia.
O docente se atirou do vão central do Beiramar Shopping, um dos principais de Florianópolis, nesta segunda-feira. Quatro dias antes, ele havia publicado um artigo no jornal O Globo no qual dizia que “a humilhação e o vexame a que fomos submetidos — eu e outros colegas da UFSC — há uma semana não tem precedentes na história da instituição”.
“No mesmo período em que fomos presos, levados ao complexo penitenciário, despidos de nossas vestes e encarcerados, paradoxalmente a universidade que comando desde maio de 2016 foi reconhecida como a sexta melhor instituição federal de ensino superior brasileira; avaliada com vários cursos de excelência em pós-graduação pela Capes e homenageada pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Nos últimos dias tivemos nossas vidas devassadas e nossa honra associada a uma ‘quadrilha’, acusada de desviar R$ 80 milhões. E impedidos, mesmo após libertados, de entrar na universidade”, escreveu.
Na nota, a Andifes afirma que “é inaceitável que pessoas investidas de responsabilidades públicas de enorme repercussão social tenham a sua honra destroçada em razão da atuação desmedida do aparato estatal”. E completa: “É inadmissível que o país continue tolerando práticas de um estado policial, em que os direitos mais fundamentais dos cidadãos são postos de lado em nome de um moralismo espetacular”.
O procurador-geral de Santa Catarina, João dos Passos Martins Neto, também escreveu uma nota denunciando as “condições revoltantes” da morte de Olivo: “As informações disponíveis indicam que Cancellier padeceu sob abuso de autoridade, seja em relação ao decreto de prisão temporária contra si expedido, seja em relação à imposição de afastamento do exercício do mandato, causas eficientes do dano psicológico que o levaram a tirar a própria vida”.
O procurador pede a apuração das responsabilidades das autoridades policiais e judiciárias envolvidas. A nota diz também que o legado do professor deve expor a “perversidade de um sistema de justiça criminal sedento de luz e fama, especializado em antecipar penas e martirizar inocentes, sob o falso pretexto de garantir a eficácia de suas investigações”.

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    O respeitável reitor da UFSC expôs com sua morte a excessiva opressão e desregramento a que os operadores da justiça no Brasil, ao modo da Lavajato, estão se permitindo, blindados, em sucessivas e noticiadas aproximações, pelo “combate à corrupção”, desde a AP 247, “mensalão” ou caixa 2. Tal como a morte, em 1975, do diretor da TV Cultura-SP e jornalista, Vladimir Herzog, o sacrifício do reitor catarinense exige que se desperte as mentes entorpecidas. No combate à justiça de Exceção, não podemos deixar de denunciar uma origem para tais excessos, o porre de moralismo-punitivista, e na sequência, como ressaca, o fascismo oportunista, amargando fígados, razão e, por fim, a vida. Em 1975, um presidente-general, Geisel, demitiu igual general e comandante do II Exército, por omissão (ou permissão) na tortura e morte do jornalista Herzog. Diante do quadro atual, com o macróbio-parasita Temer, simbióticos e associados, -e o permeável STF-, cabe aos movimentos sociais, e lideranças comprometidas, restabelecer a saúde da vida política nacional, fortalecendo a população à luz da evolução e produção dos fatos, para a garantia e defesa dos verdadeiros direitos populares sob ataque de vírus letais, fascistas, inoculados na traiçoeira bebida, de falsa marca moralista, de combate à corrupção. Abaixo o golpe!

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