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Entidades da imprensa repudiam ataques de Doria à mídia

São Paulo – O prefeito João Dória fala sobre o programa Redenção de combate ao crack e atendimento ao usuário, na Secretaria de Segurança Pública (Rovena Rosa/Agência Brasil)


 
Entidades da imprensa se manifestaram em repúdio ao tratamento dado pelo prefeito de São Paulo, João Doria, a jornalistas.
Nessa segunda-feira, o prefeito se recusou a responder às perguntas de um repórter da CBN que o questionava sobre os jatos de água que molharam moradores de rua na Praça da Sé, em julho. “Você é jornalista há quantos anos”? indagou Doria repetidas vezes, segundo reportagem do próprio veículo.
Na época, o fato foi noticiado por uma repórter da CBN. O prefeito então gravou um vídeo no qual acusava a jornalista de mentir e ela passou a ser alvo de ataques nas redes sociais por seguidores de Doria e do MBL (Movimento Brasil Livre).
Nesta semana, o prefeito mais uma vez atacou a jornalista, segundo a CBN: ‘Evidente que houve uma indução – deixa que eu quero falar, eu quero falar e vou terminar de falar! – quero ser claro para você. Claro porque eu respeito o jornalismo da CBN, mas não respeito o trabalho dessa moça. Primeiro pelo seu passado ideologicamente comprometido com o PT, sua vivência com o PT e a sua falta de equilíbrio para colocar uma matéria que não foi correta. Então, não cabe aqui fazer juízo sobre o prefeito regional, cabe fazer juízo ao trabalho jornalístico dessa repórter, que mentiu e colocou uma informação falsa no site da CBN e na rádio. Estou afirmando, não estou supondo, a repórter mentiu e agiu de má-fé.’
Em julho, Doria gravou um vídeo em que desqualificava nominalmente um repórter da Folha de São Paulo, autor de uma reportagem que mostrou que as doações recebidas pela prefeitura eram menores do que as divulgadas. O jornalista teve o perfil do Facebook marcado por Doria e também foi alvo de ataques dos seguidores do tucano.
A Abraji, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, afirmou em nota enviada à CBN que ao “desqualificar o jornalismo, em vez de responder aos questionamentos, Doria nega à sociedade o direito democrático de vigiar os atos dos administradores”.
O diretor-geral da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Roberto Antonik, criticou o fato de Doria tentar descredenciar os jornalistas associando-os a grupos ideológicos.
A presidente da Fenaj, Federação Nacional dos Jornalistas, Maria José Braga, também critica a postura de Doria: “Em vez de dar uma resposta satisfatória à sociedade, tentar agredir verbalmente e desqualificar o trabalho do jornalista”.
O diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais, Ricardo Pedreira, afirmou que é lamentável que uma autoridade se volte de maneira sistemática contra jornalistas, estimulando o comportamento de outros em relação aos próprios jornalistas.

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