O advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, defensor do presidente Michel Temer, disse que todas as declarações e provas obtidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por meio da delação de executivos da JBS estão “viciadas” e “cheias de problemas” e que o pedido de investigação para avaliar a omissão de informações por parte dos delatores tornam as informações repassadas por eles sem “valor nenhum”.
Advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira durante sessão da CCJ para discutir a denúncia contra Temer (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
“Algumas ilegalidades já tinham sido apontadas pela defesa antes mesmo da declaração do procurador-geral [Rodrigo Janot]. Já havíamos denunciado a péssima conduta do procurador Marcelo Miller, já havíamos denunciado irregularidades na gravação [apresentada por Joesley Batista]. Enfim, as provas que deram base à denúncia [contra o presidente Michel Temer] eram provas anunciadamente maculadas, viciadas. Agora, com essas declarações do procurador-geral, nossas suspeitas se confirmaram”, declarou Mariz à Agência Brasil.
Leia mais:
Quatro ministros do STF são citados nas gravações da JBS
No início da noite de segunda-feira (4), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, anunciou a abertura de uma investigação para avaliar a omissão de informações nas negociações das delações de executivos da JBS.
Segundo Janot, caso comprovada a omissão, os benefícios concedidos aos delatores poderão ser anulados. Para o procurador, mesmo que os benefícios concedido aos delatores sejam cancelados, as provas contra as pessoas citadas por eles devem ser mantidas e continuarão nas investigações.
O presidente faz uma viagem oficial à China e ainda não comentou a decisão de Janot. É esperado que o procurador apresente uma nova denúncia por organização criminosa e obstrução à Justiça contra Temer antes de deixar o cargo, em 17 de setembro.
Leia também:
Delação de Funaro vai envolver Temer e todos os seus aliados no PMDB
“Claro que não vale. Se ele [Janot] mesmo está declarando que as provas são viciadas, cheias de problema, não sabemos ainda quais os problemas e os vícios, mas ele já declarou isso. Portanto essas provas não têm valor nenhum, evidentemente que não”, rebateu Mariz.
Crítico de Janot, o advogado de Temer elogiou a conduta do procurador e sugeriu que ele aja com “mais cautela”. “O procurador-geral da República agiu, desta feita, como verdadeiro fiscal da lei. Ele veio à público, revelou ilegalidades, irregularidades que podem macular toda a delação dos representantes da JBS. Nesse ponto, merece nossos aplausos. Espero que ele doravante passe a agir de forma cautelosa, não açodada como agiu quando ofereceu a primeira denúncia”, disse Mariz.
Mariz informou que já pediu acesso às mídias com as novas informações apresentadas pelos executivos da JBS e que quando tiver acesso ao conteúdo tomará as providências cabíveis.
