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Mais um escândalo dos golpistas: Canadá soube da venda da Renca antes do Brasil.

Cinco meses antes de Temer anunciar oficialmente que reserva amazônica seria posta em leilão, ministro brasileiro antecipou medida para empresários em Convenção sediada em Toronto durante o mês de março. A decisão, que foi publicada no Diário Oficial desta última quinta-feira, (24), pegou de surpresa ambientalistas e pesquisadores brasileiros, mas não os investidores e empresários que já haviam recebido o anúncio sobre o fim da Reserva Nacional do Cobre (Renca) durante o  Prospectors and Developers Association of Canada (PDAC). A medida do governo de Michel Temer coloca a venda uma área de preservação amazônica do tamanho da Dinamarca, situada entre as fronteiras do Amapá e Pará.

Foto:Luciana Macêdo


Segundo a BBC Brasil esta foi a primeira vez em 15 anos em que um ministro de Minas e Energia brasileiro participava do evento, descrito  como uma oportunidade para “abordar o aprimoramento na legislação brasileira e também demonstrar os planos do governo para incentivar o investimento estrangeiro no setor”. De outro lado, movimentos sociais, ambientalistas e centros de pesquisa dizem não terem sido informados sobre a extinção da Renca até o anúncio da última quinta-feira feito no Diário Oficial.
A reportagem destaca o Canadá como um importante explorador de recursos minerais no Brasil e que vem ampliando este interesse desde o início do ano. Hoje, aproximadamente 30 empresas do país já exploram minérios em território brasileiro – especialmente o ouro, que teria atraído garimpeiros à área da Renca nos últimos anos.
Em junho, dois meses antes da extinção oficial da reserva amazônica, a Câmara de Comércio Brasil-Canadá anunciou uma nova Comissão de Mineração, específica para negócios no Brasil, que reúne representantes destas 30 empresas. O coordenador da comissão canadense defendeu a abertura da área amazônica para pesquisas minerais, dizendo que a mineração ajuda a proteger a natureza e afirmou não existir corrida para a exploração na região mas que acha saudável disponibilizar a área para exploração mineral.
 
O Coordenador da recém-criada Comissão de Mineração da Câmara de Comércio canadense, Paulo Misk, participou dos seminários realizados em março e diz não ver problemas na divulgação antecipada do fim da reserva. O coordenador afirmou ainda  que por ser o Canadá o país que mais investe em pesquisa no mundo, os ambientalistas deveriam repensar a mineração como sendo uma atividade benéfica para o Brasil. Para Misk a liberação permitirá que uma grande área seja preservada pois contribui para coibir a presença de garimpeiros, cuja atuação irregular na região já resulta em contaminação de rios por mercúrio.
 
Coelho Filho, Ministro de Minas e Energia de Michel Temer, também defende a abertura da área para atividades de exploração e ameniza o fato defendendo que início das atividades estão previstos para daqui 10 anos, além de afirmar que a extinção da área de reserva amazônica não trará impactos ambientais para a região.
O Presidente da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM), o geólogo Luiz Azevedo também esteve em Toronto e concorda dizendo que o governo não está abrindo a reserva para desmatamento. Para o geólogo a área seria liberada para a pesquisa mineral algo benéfico para esse campo de estudo.

Vista áerea – floresta amazônica. Foto: Luciana Macêdo


Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o geógrafo Luiz Jardim, a busca do Canadá por novas áreas de pesquisa beneficia suas próprias empresas. Essas, depositam os resultados obtidos na bolsa de valores em Toronto e o relatório do que foi encontrado acaba gerando valor de mercado, movimentando essas empresas a buscarem licenças ambientais. Quando essas licenças são alcançadas as empresas anunciam novamente na Bolsa de Valores que estão perto do início do projeto. Em um período de baixa no mercado as empresas colocam suas operações a venda para empresas maiores, interessada na exploração da região.
 

Mineração ilegal na Amazônia. Foto: Janine Costa/Reuters


O professor também discorda de que grandes mineradores podem inibir o garimpo ilegal, para Luiz Jardim experiências anteriores mostram o contrário. Tanto o garimpeiro, interessado em minas superficiais quanto a mineradora coexistem e a exploração formal muitas vezes acaba por incentivar a vinda de garimpeiros irregulares.
De acordo com o engenheiro Bruno Milanez, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, além de membro do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, 110 ONGs, pesquisadores, sindicatos e movimentos sociais, não foram notificados sobre a extinção da Renca, diferente do que ocorreu com os empresários canadenses.
Milanez percebe a ocupação  por pessoas do setor corporativo no governo e afirma que esse movimento é parte de um processo histórico que se aprofunda no governo Temer. Com pessoas do setor corporativo ocupando cargos estratégicos no Brasil, fica evidente que as políticas públicas estão para servir alguns empresários do país, uma vez que estão temporariamente ocupando cargos de confiança no governo e atuam em causa própria. Assim que abandonam seus cargos, voltam a assumir posições em empresas que estão sendo favorecidas nesse momento.

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