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Cai mais um da troika de Temer: Geddel é denunciado por obstrução de Justiça

Geddel, em campanha para o Senado


O Ministério Público apresentou nesta quarta-feira (16) à Justiça Federal uma denúncia contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) por obstrução de Justiça.
A acusação é baseada em uma suposta tentativa de Geddel de atrapalhar investigações da operação Cui Bono, que investiga fraudes na liberação de crédito da Caixa Econômica Federal – o ex-ministro foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da instituição financeira entre 2011 e 2013.
Geddel tentou impedir a celebração de um acordo de delação premiada do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, segundo o MPF. O MPF pede que Geddel seja enquadrado no crime de embaraçar investigação que envolva organização criminosa. A punição varia de três a oito anos de prisão.
Em um mês e meio, entre maio e julho de 2017, Geddel fez 17 ligações para a mulher de Funaro, Raquel Pita, para sondar se ele faria um acordo de delação premiada.
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Funaro entregou à Polícia Federal registros de ligações de Geddel, mostrando que o ex-ministro telefonou várias vezes para Raquel.
Para o Ministério Público, os contatos de Geddel com a mulher de Funaro tinham como objetivo intimidar o casal, devido ao poder político de Geddel.
“Com ligações alegadamente amigáveis, intimidava indiretamente o custodiado, na tentativa de impedir ou, ao menos, retardar a colaboração de Lúcio Funaro com os órgãos investigativos Ministério Público Federal e Polícia Federal”, consta em um dos trechos da ação.
Geddel cumpre prisão domiciliar na Bahia desde julho pelo mesmo motivo: tentativa de obstruir as investigações.
Em nota, a assessoria de Geddel informou que o ex-ministro não vai se manifestar porque não tem autorização para dar entrevista.
Em depoimento à Justiça em julho, Geddel confirmou ter falado por telefone com a mulher do doleiro, mas disse se tratar somente de assuntos familiares.
O MPF também apresentou à Justiça uma ação de improbidade administrativa contra Geddel por suposta pressão sobre o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para liberar a construção de um prédio de luxo em área histórica de Salvador.
O episódio levou Geddel a pedir demissão da Secretaria de Governo, cargo de primeiro escalão ligado ao presidente Michel Temer.
Nesse caso, a punição não envolve prisão, mas suspensão de direitos políticos por até cinco anos, proibição de firmar contratos com o poder público e pagamento de multa.
Segundo o Ministério Público, Geddel pressionou Calero para que conseguisse um parecer favorável do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para liberar a construção de um prédio de 23 andares.
Geddel era proprietário de um apartamento num andar alto do prédio e teria ameaçado “pedir a cabeça do presidente nacional do Iphan” caso a obra não fosse liberada conforme o projeto inicial.
Na época do escândalo, Geddel confirmou conversas com Calero sobre o empreendimento, mas negou pressão – disse ter feito apenas “ponderações”.

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