Brasil

Após promessa de plebiscito sobre privatização, estudantes desocupam a Câmara em SP

Foto: Mídia Ninja


Estudantes ocuparam o plenário da Câmara do Municipal dos vereadores de São Paulo por mais de 48 horas com duas exigências: que o presidente da Casa, vereador Milton Leite (DEM), colocasse em votação o projeto de lei para fazer um plebiscito sobre privatizações na cidade, e que fossem realizadas audiências públicas fora do horário comercial.
Na manhã de sexta-feira (11), a base do prefeito João Doria na Câmara prometeu colocar em votação o projeto para realizar a consulta popular e novas audiências, em horários que permitam participação de quem trabalha entre 8h e 18h.
A ocupação começou na quarta. O prefeito criticou o protesto e Milton Leite disse que não negociaria com os estudantes de jeito nenhum. A Guarda Civil Metropolitana chegou a entrar no plenário e a jogar bombas de gás lacrimogêneo, mas saiu depois de pedidos de vereadores da oposição.
Pelo Facebook, os manifestantes relataram que, durante a madrugada, o ar condicionado ficou ligado em baixas temperaturas à pedido do presidente da Casa.
Leia abaixo o comunicado divulgado pelos estudantes:
“São 48 horas de ousadia, resistência e luta! Os movimentos sociais, culturais e os estudantes de São Paulo, numa grande ação unitária, ocuparam a Câmara Municipal dos Vereadores da principal capital do país.
Desde o primeiro momento, em que o prefeito João Doria, anunciou um pacote de privatizações, concessões e parceiras, que vendem e rifam os patrimônios públicos da cidade, não saímos das ruas.
Da mesma forma que o Doria, não tem direito de entrar na nossa casa e vender nossa geladeira sem nossa autorização, ele não pode vender os bens públicos, que são seus, meus e de todos nós, sem a nossa autorização. Isso é privatizar. Colocar nas mãos de poucos, os direitos que são de todos nós.
Construímos atos, paralisações e buscamos, incansavelmente, o diálogo com a câmara. Mas as vozes do povo, aqui na casa do povo, não são ouvidas. OCUPAMOS! E a primeira resposta, foi nos impor uma greve de fome e sede por mais de 8 horas.
Desde o inicio foi impossível qualquer diálogo equilibrado com o presidente desta casa, Milton Leite. Não assumiu nenhum compromisso real com as reivindicações da luta. Além disso, o prefeito João Doria, teve uma ação orquestrada para dissuadir os vereadores e vereadoras em garantirem que o PDL de um Plebiscito fosse para votação no plenário desta casa, para que o povo pudesse decidir os rumos da cidade. Um verdadeiro trator, que minou qualquer possibilidade de avançarmos em negociações com o legislativo de SP.
E mesmo diante de todas as tentativas de Milton Leite e João Dória, de tentar nos retirar a força, com pressão psicológica, proibição de entrada de mantimentos e até mesmo dos vereadores e vereadoras da casa, ontem, a justiça reconheceu, numa ação judicial histórica, a legitimidade desta ocupação proibindo que o prefeito e presidente da câmara nos despejassem de forma violenta e imediata do plenário. Eles queriam nos escorraçar da casa do povo e foram impedidos pela força e enraizamento que a nossa luta construiu.
Conquistamos: uma audiência pública, o compromisso de passar o PDL do Plebiscito pelo Colégio de Líderes desta casa, com fala do movimento social e o compromisso de não criminalizar a ocupação. Saímos hoje, no dia do estudante, quando lembramos a vida e a luta de Edson Luiz. Temos a certeza de que aqui não temos espaço para avançarmos em nenhuma negociação e de que a nossa luta continua nas ruas e no diálogo com toda sociedade paulistana, já que este governo não o faz.
Escrevemos mais um capítulo da história do país. Ousamos e tivemos a coragem de carimbar o João Dória como o marketeiro que tira o leite das crianças, joga água em moradores de rua, apaga as cores da cidade, desmonta os serviços públicos e quer vender os nossos patrimônios. Não daremos paz! Segunda-feira, estaremos em cada gabinete desta casa, cobrando o Plebiscito.
Convidamos a todas e todos a somarem na luta, contra as privatizações e em defesa do Passe Livre Estudantil. No dia 17, construiremos um grande ato, da Jornada de Lutas das Juventudes para dizer ao Dória que resistência nos define e não vamos descansar. Apenas começamos! A luta continua.”

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *