Volks prendeu e torturou dentro da fábrica, e a matriz alemã sabia

A Volkswagen foi uma das centenas de empresas que apoiou o golpe militar em 1964, beneficiou-se da ditadura. Mais do que isso, a montadora monitorou funcionários e permitiu que a polícia entrasse em suas dependências para prendê-los e torturá-los ali mesmo.
Este é um fato conhecido no Brasil há alguns anos. Trabalhadores que foram vítimas de perseguição na Volkswagen já fizeram denúncias. O que o documentário – “Cúmplices? A Volks e a ditadura militar brasileira” – .traz de novidade é: a sede da empresa, em Wolfsburg, na Alemanha, sabia do envolvimento da filial na repressão.

“Eu estava trabalhando ali numa seção, na ala 4. E 11h30 da noite, fui surpreendido, estava na bancada, quando encostaram o cano da metralhadora nas minhas costas, me algemaram e já fui conduzido para o departamento pessoal da Volkswagen. No ato da prisão estavam dois policiais no Dops, que eu fiquei sabendo depois que eram do Dops. E seguranças da fábrica”, contou o ferramenteiro Lúcio Bellentani, uma das vítimas, em entrevista ao Nocaute.
Clique aqui para assistir à reportagem completa.
No dia 9 de agosto, quarta-feira, haverá uma exibição pública do documentário na Câmara dos Vereadores de São Paulo, com a presença de vítimas da Volks.
A Volkswagen não foi a única. A perseguição de trabalhadores dentro de empresas durante a ditadura foi tema de um dos capítulos do relatório da Comissão Nacional da Verdade, assinado pela advogada Rosa Cardoso. E o Ministério Público investiga, desde o final de 2015, a colaboração da montadora com a repressão.
O documentário foi produzido pela TV Pública Alemã e dirigido por Stefanie Dodt e Thomas Aders.
Assista abaixo: