Brasil

Em busca de holofotes, juiz gaúcho afronta Samuel McDowell, Márcio Moraes e a memória de Vladimir Herzog

O golpe de Estado de 2016 e a Operação Lava Jato se converteram em escada para a ribalta para uma plêiade de gente que passou a vida profissional na mais absoluta obscuridade.
Você liga a TV no Fantástico e dá com um juiz do Supremo falando javanês castiço. Entra no programa do Datena e lá está um imberbe procurador do Ministério Público, com o rosto coberto de espinhas, explicando o que é o direito alemão. Vai no Caldeirão do Huck e tromba com um capa-preta da Polícia Federal dissertando sobre as virtudes da delação premiada.
O melhor e mais acabado exemplo desse exibicionismo de auditório é o beneficiário número 1 da “sangria”, o presidente Postiço Michel Temer.
Ruim de voto, Michel Miguel é titular de uma extensa capivara na vida pública, da qual ninguém se lembra de um só projeto de lei, um miserável e solitário discurso que tenha merecido uma nota de pé de página de jornal. Nada, nada que chegue às canelas de um Afonso Arinos, um Almino Afonso, um Aliomar Baleeiro, um Paulo Brossard. Uma trajetória fosca, oca, típica dos políticos que Itamar Franco chamava de “percevejo de palácio”. Virou presidente. Postiço, mas presidente.
O mais recente candidato ao estrelato atende pelo nome de Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz. Ganha uma passagem de ida e volta a Miami, em primeira classe, quem souber responder, sem consultar o Google, quem é e o que fez pelo Brasil Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz.
Manchete principal do Estadão deste domingo, o desembargador Lenz é o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), sediado em Porto Alegre. É para o TRF-4 que irão os recursos de todas as sentenças do juiz Sérgio Moro.

Sem qualquer sombra de recato, o meritíssimo se esbalda em elogios à sentença de Moro que condenou, sem provas, o ex-presidente Lula – sentença cujos recursos serão julgados pelo tribunal presidido por Sua Excelência. Mas não é isso, na entrevista, que faz corar um frade de pedra.
O desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz afirma, com todos os efes e erres, que a referida sentença de Moro é comparável “para a História do Brasil”, à condenação da União pela morte de Vladimir Herzog.
Não se trata apenas de comparar o incomparável. A declaração do desembargador é uma afronta à memória de Vladimir Herzog e um vulgar desrespeito ao jurista Samuel McDowell de Figueiredo, advogado da família Herzog, e ao juiz Márcio José de Moraes, que em 1978, em plena ditadura, corajosamente condenou a União “pela prisão ilegal, tortura e assassinato” de Vlado.
Pode ficar de olho: logo, logo o desembargador Lenz estará no “Altas Horas”.
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    Dagmar de Abreu says:

    TRISTE BRASIL SEM JUSTIÇA………….PRISÕES CHEIAS DE NEGROS…..POBRES………A MAIORIA DOS JUIZES…..PROCURADORES………DESEMBARGADORES……….VEM DA ELITE BRANCA……..NÃO TEM A MÍNIMA IDÉIA DO QUE PASSAR FOME………FRIO………NÃO TER ACESSO A SAÚDE……….PORTANDO QDO. UM GOVERNO MINIMIZA A MISÉRIA A ELITE BRANCA……..PERVERSA……..TIRA……….TUDO COM AVAL DAS MÍDIAS……..DOS EUA………

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    Por que não te calas ? Por que razão não te manifesta apenas nos autos ? Para que serve o Código de Ética da Magistratura? Quanto custa o silêncio de um Juiz ?

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    Mais um irresponsável para se somar ao moro. É isso mesmo: holofote em primeiro lugar; o resto que se exploda. Está difícil. Está desesperador.

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    Muito atrevimento desse capa preta comparar a sentenças de Herzog com a de Lula… A primeira sentença engrandeceu a Justiça Federal em tempos de ditadura. A segunda desMOROnou o respeito que esta gozava até então em plena democracia. Hoje temos uma justiça federal avacalhada onde seus funcionários se envergonham de dizer que lá trabalham. Participei de um seminário onde todos deveriam se apresentar e dizer o local de trabalho, foi risível qdo chegou a vez de uma moça que ao citar o órgão que servia, acrescentou: “Com licença da má palavra, justiça federal”…

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    João Hélio Martins says:

    Juiz Desembargadores: muito falta de ética ficar dando entrevista para Jornal e Revista e programa de televisão, realidade eles não dá entrevista sim explicações.
    Se esta em andamento o processo eles vão la e fala algo, e depois sua entrevista é editada, e os canais de TV eles falam exclusivo e ao vivo, sendo que vc lê a entrevista com vários edições.
    Eu tenho entrevista de Juiz criticando 2 Juízes do STF Gilmar Mendes e Marco Aurélio,falando que eles
    parecem mais jornalista que Juíz esta sempre na televisão Juíz não dá entrevista sobre auto de processo.
    A suprema corte dos estados unidos ninguém sabe quem são os componentes, os nosso são como um time de futebol bem popular todos sabem o nome de todos…..

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    Essas coisas so acontecem na republiqueta do Brasil! Nunca vi aqui na Alemanha os nossos ilustres juizes do “Bundesgerichtshof” dando uma entrevista desse tipo: tendenciosa, um pré julgamento! Meu Deus, oder está a Justiça brasileira?

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    Teresa Learth says:

    Mais um para se juntar a esta “canaiada” que se apossou da nação e cada dia mais envergonha os que defendem compostura, ética e moralidade. Até quando??? Os brasileiros esforçados e trabalhadores não merecem essa canaiada aí. Jesssuusss!

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