Brasil

Debate político é um gênero extinto no rádio e na televisão


 
Gabriel Priolli
Há quanto tempo os cidadãos brasileiros não assistem na TV ou ouvem no rádio um debate político digno desse nome?
 
Dizer que foi na última eleição não vale, porque é difícil considerar os debates eleitorais como algo além de duelos de imagem, em que todos se controlam para não dizer nada inconveniente e nenhum assunto é discutido de fato.
 
No dia a dia, está praticamente extinto o debate político na radiodifusão brasileira, que há 40 anos, em plena ditadura militar, era diário, no Programa Ferreira Neto, por exemplo.
 
Se a condição essencial para haver debate é a divergência de opinião, o embate de posições contrastantes, isso já acabou há tanto tempo que se torna até difícil lembrar quando foi a última vez que existiu.
 
Os programas ditos de debate, mesmo nos canais dedicados exclusivamente ao jornalismo, reúnem apenas pessoas que pensam igual ou muito parecido.
 
São convidadas pelo critério de adequação à linha editorial do veículo que promove o debate, seja ele privado ou público.
 
A mínima dúvida quanto a isso já elimina o convite a um possível debatedor.
 
É tanto pensamento único, tanta uniformidade de opiniões no rádio e na TV, que um mínimo de enfrentamento vira notícia nas redes sociais, quando não na imprensa.
 
Foi o que aconteceu nos embates recentes do presidente do IPEA com um historiador paulista, e do cantor Otto com um jornalista antipetista.
 
Não por acaso, foram confrontos acidentais, ocorridos durante entrevistas, e não em programas de debate.
 
Neste mês de agosto, já poderá ser votada na Câmara Federal uma reforma política que vem sendo cozida há quase um ano. Nada se debate sobre ela.
 
Há 14 meses, o atual governo reverte completamente a política econômica seguida nos quatro governos anteriores – e não se vê em canal algum um debate entre neoliberais e desenvolvimentistas, os dois campos em que se dividem os economistas.
 
Uma Reforma Trabalhista foi aprovada e vai alterar radicalmente o mundo do trabalho no Brasil, mas não há e nem houve nenhum debate entre empresários e trabalhadores que o país pudesse acompanhar.
 
O rádio e a televisão seguem sendo, de longe, os mais importantes veículos de comunicação do país, com poder insuperável de moldar a opinião pública.
 
Mas a que serve o jornalismo neles, se esse jornalismo se recusa a promover o debate real dos problemas nacionais, entre as forças e ideias políticas que de fato se defrontam na vida pública?
 
Um jornalismo que mais afirma do que pergunta, e que rechaça o debate para difundir apenas uma visão unilateral das coisas, serve muito bem à propaganda ideológica.
 
Mas presta muito pouco serviço à informação e ao conhecimento.

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  1. Avatar

    OS BANDIDOS DA POLÍTICA DOMINAM A MÍDIA NACIONAL.
    TÁ TUDO DOMINADO PELA BANDIDAGEM.
    Qual órgão da lei, da justiça, da polícia, que está investigando o tal MEIRELLES,
    QUE ERA O HOMEM DA GRANA DO JOESLEY E PASSOU A SER O HOMEM
    DA GRANA DO ‘BRAZIL’ DO BANDIDO TEMER?
    AH, E O AÉCIO EIN, SERÁ QUE GILMAR VAI ENCARAR ESSA PROVA CONTRA O BANDIDO CARIOCA DE MG?
    https://www.brasil247.com/pt/247/poder/309984/Propina-a-A%C3%A9cio-foi-registrada-em-ata-diz-delator.htm

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