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Temer está usando todos os recursos para evitar cassação, diz Paulo Teixeira

Na tarde desta segunda-feira (10/7), a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados irá apreciar o relatório do deputado federal Sergio Zveiter (PMDB-RJ) sobre a denúncia contra Michel Temer. Esperançoso diante da possibilidade de um parecer positivo na Comissão, o governo está contando os votos para evitar uma investigação e o afastamento do presidente.
“Temer está usando de todos os recursos, ele está comprando votos e dando cargos. Está usando todos os recursos para comprar votos”, afirma o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). Junto de outros dois deputados federais – Wadih Damous (PT-RJ) e Paulo Pimenta (PT-RS) – Teixeira denunciou o uso de emendas parlamentares por parte do Executivo para convencer os votos indecisos.
O Planalto diz à imprensa ter 41 votos favoráveis na CCJ, enquanto a base aliada afirma ter o apoio de 30 nomes entre os 172. O resultado na Comissão não é determinante para o processo, mas é um forte indicativo, sobretudo porque o relator é do partido de Temer. Para Paulo Teixeira, esta será uma semana decisiva em Brasília e não é possível afirmar que o governo foi derrotado.
“Eu não saberia antecipar [o cenário]. Ele melhorou muito no sentido de derrotar Michel Temer, mas não podemos, de forma nenhuma, desconsiderar o esforço que ele está fazendo e a compra de votos que ele está praticando para impedir a licença para ser processado”, avalia.
O Poder Executivo liberou R$ 4,2 bilhões em emendas no mês de junho de 2017. O número é quatro vezes maior do que a soma do valor liberado entre janeiro e maio de 2017, cerca de R$ 1 bilhão, segundo um levantamento feito pela agência de notícias Reuters. A denúncia por compra de votos foi formalizada à Procuradoria Geral da República na quarta-feira (5/7).
“Precisa ter um quórum muito alto. São 342 parlamentares que precisar ir ao Plenário e dar licença para o processo. Nós que queremos processá-lo, temos que reunir um quórum muito alto de pessoas que têm que ir votar. Ausências no plenário são votos do Temer. O parlamentar que viajar, que se ausentar, que ficar doente neste período é um voto pró Michel Temer”, afirma o deputado.
Segundo o deputado, a tendência do relatório de Zveiter ainda é desconhecida. Defensor do afastamento e da investigação do presidente, Paulo Teixeira argumenta que a denúncia é muito forte por conta das provas porque não há somente uma delação, mas um número de provas consistente, como a gravação da conversa com o empresário da JBS Joesley Batista, a gravação da reunião do assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures com Ricardo Saud, a foto do Rocha Loures recebendo a mala de dinheiro e a posterior entrega desse dinheiro à Polícia Federal.
“Comecei a semana com a certeza de que existia um processo de conspiração coordenado por Rodrigo Maia para a cassação de Michel Temer. A própria nomeação do Sergui Zveiter foi nesta direção porque o Zveiter é uma pessoa ligada ao Rodrigo Maia e ligada à Rede Globo. Conversei também com gente dos Democratas, do próprio PMDB e todos me asseguraram que estava em curso um processo de conspiração”, afirmou Paulo Teixeira.
Temer esteve na semana passada na Alemanha para participar do encontro do G20. Voltou no sábado, antes do fim do evento e convocou reuniões com Rodrigo Maia e com o presidente do Senado, Eunício Oliveira.
Para o deputado, há outro fator decisivo para o afastamento de Temer, a delação do ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Depois de Zveiter ler o voto, os deputados podem pedir vistas. A previsão é que a discussão seja feita entre quarta e sexta-feira. A votação deve acontecer no dia 17 na CCJ. No dia 18 começa o recesso parlamentar, que pode ser suspenso pelo presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

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