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Como se comporta Rodrigo Maia, o eventual sucessor de Michel Temer

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), evita comentar publicamente o que faria se o presidente Michel Temer fosse derrotado na votação no Plenário e ele tivesse que assumir seu lugar. Evitando ser visto em qualquer situação que possa ser interpretada como articulação para desestabilizar o governo, o deputado estará na Argentina até sábado – uma viagem oficial que o poupou de ficar na presidência interinamente enquanto Temer está na Alemanha para participar da reunião do G20.
“Para que a gente possa colaborar com a democracia brasileira e a estabilidade no Brasil, essa é uma análise que eu não acho prudente”, disse, em Buenos Aires, ao ser questionado uma possível derrota de Temer.
Maia declarou também que o Congresso deve rapidamente definir se aceita ou não a denúncia. “Minha vontade pessoal é que a gente deva encerrar este assunto assim que sair da Comissão de Constituição e Justiça – o Brasil não pode ficar parado com o parecer da Comissão de Constituição e Justiça até o mês de agosto”.
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Cabe ao plenário da Câmara dos Deputados votar o relatório que será apresentado pela Comissão de Constituição e Justiça e decidir se a denúncia contra Temer será aceita ou não. O presidente precisa garantir 172 votos para evitar o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal.
“O presidente Michel Temer tem uma base de apoio grande (…) Claro que não é uma votação fácil, mas a probabilidade maior é que ele vença essa denúncia. Acho que o passo seguinte não deve ser avaliado, a não ser que ele ocorra”, afirmou.
A Folha de S.Paulo publicou na edição desta sexta-feira (7/7) que Maia teria dito a parlamentares que “não quer fazer com Temer o que ele fez com Dilma”, mas que a situação do governo é insustentável. “Tudo o que tem com Temer manterá comigo”, disse Maia, segundo o jornal. O deputado nega ter feito a afirmação.

Deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) durante a leitura da denúncia contra Temer, ao lado de Rodrigo Maia (Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)


Maia se reuniu com deputados e senadores da base governista em um jantar em sua casa alguns dias antes de a denúncia contra o presidente chegar à Câmara. Segundo o anfitrião, o assunto ter sido a reforma política que eles querem discutir e aprovar até setembro.
O presidente da Câmara ficará em Buenos Aires até sábado, junto de mais quatro deputados brasileiros, para participar do Primeiro Fórum Parlamentar sobre Relações Internacionais e Diplomacia Parlamentar.
A sucessão de Temer já é um cenário em que trabalham tanto a oposição como partidos que compõem, até o momento, a base aliada, como o PSDB.
Na quarta-feira (5/7), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso dizendo que Maia já se prepara para assumir a presidência e afirma que o PT não dará trégua até as eleições diretas.
“Não podemos esquecer que golpista é golpista. A mudança que nós queremos é que o povo brasileiro volte a ter o direito de escolher sua presidenta ou presidente. Errando ou acertando, é o povo que tem o direito de colocar e de tirar as pessoas (…) A gente não pode fingir que o que a Globo quer é para o bem do Brasil”.
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Também na quarta-feira, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), anunciou uma saída progressiva do governo – o partido tem quatro ministérios, além de formar a segunda maior base de apoio de Temer no Congresso Nacional.
Na quinta-feira (6/7), Jereissati  disse que Maia tem condições de ser presidente até 2018. “Se vier a afastar o Temer, Maia é presidente por seis meses. Aí ele tem condições de fazer, até pelo cargo que exerce como presidente da Câmara, de juntar os partidos ao redor de um nível mínimo de estabilidade do país”.
O deputado Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) também falou, publicamente, que, se depender da Câmara, em 15 dias o país terá um novo presidente. Para ele, a instabilidade aumentou com a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima e com a notícia da delação de Eduardo Cunha.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) foi um dos que se manifestou sobre Maia na presidência: “Rodrigo Maia, próximo presidente do Brasil, teve 3% dos votos como candidato a prefeito do RJ (…) Diretas já”.
Pelo calendário da CCJ, o relatório sobre a denúncia, a ser elaborado pelo deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), deve ser lido na segunda-feira (10/7). Após prazo de vista de duas sessões do Plenário, o início da discussão na CCJ está previsto para quarta-feira (12/7).
 

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