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Situação dos hospitais federais no Rio é precária, dizem deputados

O Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, não tem número de médicos suficiente para atender à demanda e demora na transferência de pacientes que precisam de atendimento especializado. A conclusão é da Comissão Externa da Câmara dos Deputados, que vistoriou hospitais federais no fim de semana.
Em Bonsucesso, na emergência, havia apenas um médico para atender a 40 pacientes. Um profissional que trabalha no hospital e que pediu para não ser identificado declarou à Agência Brasil que, além da falta de pessoal, há equipamentos quebrados.

Hospital Federal de Bonsucesso (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)


A comissão é suprapartidária e formada por cinco parlamentares. O objetivo é, segundo a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), identificar os principais problemas dos hospitais federais do Rio e encontrar soluções emergenciais e estruturais.
“Estamos falando de um hospital de emergência, com pelos menos seis grandes comunidades no entorno, na beira da Avenida Brasil e vivendo a situação explícita de desproporção entre demanda e recursos humanos”, disse ela. “Além disso, há um problema de porta de saída, há pacientes com câncer que estão aqui desde abril, um problema de regulação e dos leitos de retaguarda dessa emergência”.
A deputada informou também que há 30 contratos temporários de várias especialidades terminaram, sem previsão de novas contratações. “A nova emergência tem um espaço maior, com o dobro de leitos, e se reabrir não há profissionais para ocupá-lo, na medida em que não há perspectiva nem de concursos, nem de reposição desses recursos humanos que estão acabando”.
A primeira fase do trabalho da comissão é identificar, por meio das vistorias, os principais e mais graves problemas existentes nas unidades. Em seguida, a comissão pretende pressionar diretamente ou por medida judicial o governo federal para implementar melhorias e mudanças emergenciais nos hospitais.
Também participaram da vistoria representantes do Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremerj) e do Conselho de Enfermagem. “Esses problemas vêm se intensificando e a situação parece caminhar para uma terceirização da saúde, com prejuízos para a assistência. Terceirizou, vira um pensamento empresarial, apenas custo e benefício”, disse o secretário-geral do Cremerj, Gil Simões.
A visita ao Hospital de Bonsucesso aconteceu no domingo (2/7). Na véspera, os deputados foram ao Hospital Federal Cardoso Fontes. Segundo Jandira Feghali, lá havia apenas dois médicos na emergência para atender aos 28 pacientes internados e a todos que chegavam em busca de atendimento.
Também estiveram na vistoria os deputados Chico D’Angelo (PT-RJ) e Hugo Leal (PSB-RJ). A coordenadora de Fiscalização do Conselho Regional de Enfermagem, Sabrina Seibert, deu suporte técnico à vistoria e disse que a situação não é nenhuma surpresa em relação aos problemas que já eram conhecidos pelo conselho.
“A gente tem um déficit de 30% de profissionais no quadro da enfermagem. São profissionais sobrecarregados, que têm um absenteísmo muito grande e que são realojados de um setor para outros que não são sua especialidade”, disse.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que mantém em dia os repasses às seis unidades federais na capital fluminense. Os recursos para os hospitais federais, segundo a nota, são crescentes e devem ser 22% maiores do que no ano passado. Incluindo despesas com recursos humanos, o valor será superior a R$ 1,5 bilhão em 2017.

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