Cultura

Arquivos do ex-ministro Sérgio Motta vão para a Casa de Mariana

Uma fatia importante da história da luta da imprensa independente (ou nanica, ou alternativa) contra a ditadura militar foi doado nesta quinta-feira à Casa de Mariana: os arquivos pessoais do ex-ministro Sérgio Motta sobre um veículo que ele ajudou a manter, o jornal “Movimento”. A doação foi feita pela viúva de Motta, Wilma, e sua filha, Renata.

Ex-militante da clandestina Ação Popular, o engenheiro “Serjão” Motta, retratado na deliciosa biografia intitulada “O Trator em ação” (Nirlando Beirão, José Prata e Teiji Tomioka), foi o responsável por aportar recursos que garantiram a sobrevivência do semanário “Movimento” – certamente um dos veículos dos mais censurados pela ditadura militar – durante os seus seis anos de vida.
 
Diretor-presidente da Hidrobrasileira, empresa de consultoria e engenharia, Motta contratava perseguidos políticos e ajudava militantes que se encontravam na clandestinidade.
 
Amigo pessoal, parceiro e conselheiro político de Fernando Henrique Cardoso, Motta foi seu ministro das Comunicações desde o começo do primeiro governo FHC até 19 de abril de 1998, quando faleceu, aos 57 anos de idade.
 
O acervo doado pela família Motta compreende cinco caixas de documentos originais, contendo dezenas de pastas com fichas, relatórios e documentos, quase todos manuscritos pessoalmente por Serjão, com relatos e gráficos minuciosos sobre a vida do jornal e das ginásticas que fazia para sustentar “Movimento”.
 

O material foi entregue hoje ao jornalista Fernando Morais, responsável pela Casa de Mariana, pelo criador do jornal “Movimento”, Raimundo Rodrigues Pereira, e pela filha de Motta, Renata.

Na próxima semana as caixas seguirão para Mariana, onde o material será organizado, catalogado e digitalizado. Uma versão integral digitalizada será entregue ao Arquivo Público do Estado de São Paulo como parte do compromisso assumido pela “Casa de Mariana” com a família Motta.
 

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  1. Avatar
    José Eduardo Garcia de Souza says:

    Boa! Assim fica preservada e difundida uma página importante da história brasileira. “Movimento” (assim como “Opinião”) foi órgão de referência para quem quisesse saber a verdade durante a ditadura militar. Que diferença em termos de, profundidade, credibilidade e estilo de lixos como o “171”, “Diário do Centro do Mundo”, “Conversa Afiada” e outros semelhantes que descredibilizam a esquerda.

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