Brasil

Chacina no Pará tem sinal de emboscada, diz procuradora


 
 
A chacina ocorrida no município de Pau d’Arco, no Pará, que resultou na morte de dez trabalhadores rurais durante ação das polícias Civil e Militar, tem sinal de emboscada. É o que diz a procuradora federal Deborah Duprat, parte de uma missão composta pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, Conselho Nacional dos Direitos Humanos, Defensoria Pública da União e Procuradoria-Geral de Justiça do Pará.
O grupo foi ao local para acompanhar a perícia, exigir celeridade na investigação e a responsabilização dos culpados pelo massacre. Para a procuradora, a quantidade de mortos de uma mesma família pode sugerir que se tratou de uma tocaia.
Segundo o Diário Online, Duprat disse que houve adulteração na cena do massacre. Os corpos foram recolhidos pela polícia antes de a perícia chegar e não havia mais rastros de sangue no local.
A missão também apurou que teria havido a tentativa das polícias de registrar as mortes como autos de resistência (resistência à ação policial seguida de morte) para arquivar o caso.
“Ao não proceder com a investigação, o que estão querendo esconder? Esse movimento pode ser um indicativo de que não querem que o caso seja de fato investigado e se descubra como se deram as mortes: se foram execuções, se de fato houve confronto, a quantidade de tiros”, questiona o presidente do CNDH, Darci Frigo.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará, as mortes ocorreram durante uma ação policial para cumprimento de 16 mandados judiciais de prisão preventiva, temporária e de busca e apreensão determinada pela Vara Agrária de Justiça de Redenção, resultado de uma investigação sobre uma suposta tentativa de homicídio.
Ainda de acordo com a secretaria, os policiais militares e civis foram recebidos a tiros. Nenhum policial, no entanto, foi ferido. Entre os posseiros mortos, há nove homens e uma mulher. Há ainda relatos de vários feridos durante a ação policial.
Para a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado do Pará (Fetraf), o caso da Fazenda Santa Lúcia, em Pau D’Arco, só perde em número de mortos para o episódio que ficou conhecido como Massacre de Eldorado do Carajás, em 17 de abril de 1996, quando 19 trabalhadores foram assassinados durante uma manifestação pacífica.
De acordo com a Agência Brasil, dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontam que 2016 teve registro recorde no número de conflitos no campo: foram 61 assassinatos de trabalhadores rurais (o dobro em relação à média dos últimos dez anos) e 1.536 conflitos, envolvendo 909.843 famílias.
O ano de 2017 já revela a intensificação dos conflitos. Somente nos primeiros cinco meses deste ano haviam sido registrados pela CPT 26 assassinatos em decorrência dos conflitos agrários no Brasil – número duas vezes maior que o registrado no ano passado para o mesmo período.
Outros seis casos também estão sob investigação e ainda não foram inseridos no banco de dados da Pastoral. Com as mortes em Pau d’Arco, a violência no campo em 2017 já pode ser apontada como a maior do período em todo o registro histórico já feito pela CPT ao longo dos últimos 25 anos.
 
 

Notícias relacionadas

  1. Avatar

    Lamentável. Depuseram uma Presidenta, democraticamente eleita, sem motivo concreto algum e, agora sob a batuta do presidente atual, um dos articuladores do golpe, cresce exponencialmente a chacina no campo e as maldades mentirosas como terceirização, precarização, direito a aposentadoria etc… e o País cada dia mais sem emprego, sem condições de sobrevivência, sem segurança, sem saúde.Lamentável.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *