Brasil

Uma, nove ou dez pós-verdades sobre a mídia


 
Por Gabriel Priolli
 
A pós-verdade, definitivamente, é o esporte do momento. Os brasileiros gostaram tanto desse novo horizonte do conhecimento humano, em que não há mais limite entre o que é certo e o que é falso, que ele já virou até joguinho de internet.
 
Na rede social que é acusada de liderar a ofensiva da Pós-Verdade, os usuários divertem-se em contar nove verdades e uma mentira.
 
Irmanado com os seus concidadãos, neste momento de ápice na evolução de nossa espécie, quando deixamos para trás o peso de milênios de sabedoria para nos lançar desassombradamente no reino do tanto-faz e do pode-ser, este colunista adere à onda.
 
Oferece a seguir um conjunto de afirmações extraídas dos projetos editoriais, manuais de redação e notas oficiais da grande imprensa brasileira.
 
1) A epidemia das chamadas “notícias falsas”, alimentada sobretudo pelas redes sociais na internet, está obrigando os jornais e outros veículos tradicionais de mídia em todo o mundo a se mobilizarem para defender o mais precioso valor do jornalismo: a verdade dos fatos.
 
2) Pratica jornalismo todo veículo cujo propósito central seja conhecer, produzir conhecimento, informar. O veículo cujo objetivo central seja convencer, atrair adeptos, defender uma causa faz propaganda.
 
3) Ao criar uma espécie de universo paralelo de “notícias”, os militantes da mentira e do engano criam a sensação de que é a imprensa tradicional que mente, ao noticiar o oposto do que é divulgado pelas redes sociais.
 
4) Nenhum veículo do Grupo G fará uso de sensacionalismo, a deformação da realidade de modo a causar escândalo e explorar sentimentos e emoções com o objetivo de atrair uma audiência maior.
 
5) Carregamos em nosso estatuto o dever de não utilizarmos nossa programação de arte e cultura para fins partidários, limitando esse debate ao núcleo de jornalismo. Para atender aos princípios citados acima, a emissora C levou ao ar programa X com a banda Y e realizou uma edição na música Z. A emissora valoriza a liberdade de expressão.
 
6) O jornal F compromete-se a manter atitude apartidária, desatrelada de governos, oposições, doutrinas, conglomerados econômicos e grupos de pressão.
 
7) O Grupo Z trata a administração pública, em qualquer nível, como fornecedora ou cliente, com isenção e transparência e em total observância à legislação, em especial à Lei Anticorrupção.
 
8) Num país em desenvolvimento como o Brasil, o rádio e a Internet têm um papel fundamental para unir a opinião pública em torno dos grandes temas nacionais, sendo o elo entre a sociedade e os poderes constituídos, com o papel de aglutinar a população em torno dos interesses maiores do país.
 
9) A credibilidade da rádio J vem da informação responsável e sem distorções, que analisa e esclarece com a atenção voltada exclusivamente ao ouvinte.
 
10) A editora A está empenhada em contribuir para a difusão de informação, cultura e entretenimento, para o progresso da educação, a melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento da livre iniciativa e o fortalecimento das instituições democráticas do país.
 
O distinto espectador/leitor poderá julgar se estas assertivas configuram verdades, mentiras, pós-verdades ou nenhuma das anteriores.
 
É ele quem padece o jornalismo brasileiro, dia após dia.
 

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    Peço licença ao pessoal do “Nocaute” para fazer um chamado, já que o artigo acima refere-se à mídia. Pessoal: o “Postiço” se associou ao Sílvio Santos para fazer propaganda (com dinheiro público) da maldita reforma da previdência. Eu já entrei no site do Programa Sílvio Santos e, como não existe um “fale conosco” eu cliquei em “inscrição”, preenchi meu cadastro e deixei minha mensagem para esse novo verme: Sílvio Santos. Pessoal, entrem no site do Programa Sílvio Santos e vamos atacar, fazer pressão, xingar, seja lá o que for preciso fazer! Estamos lutando contra uma máquina muito grande e poderosa, mas vamos resistir até o final. Façam pressão clicando em “inscrição” no site do Programa Sílvio Santos, essa nova bactéria a ser combatida.

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