Brasil

Reserva Moral por Ariovaldo Ramos


 
 
Correto, toda denúncia tem de ser apurada, investigada, todos os incriminados têm de ser intimados a prestar depoimento e a se defenderem das acusações, devidamente, comprovadas.
Porém, quem decidiu que toda operação policial tem de se tornar um “reality show”? Quem decidiu que todo acusado tem de ser exposto à execração pública, ou mesmo criminado antes do trânsito em julgado?
Quem decidiu que servidores obrigados, por função, a seguir os protocolos da lei, possam se apresentar como protagonistas de um espetáculo de horror, sem a mínima dimensão dos possíveis efeitos de tal pantomima?
Então, toda a carne processada para alimento, no Brasil, é insegura?
Mostrou-me, minha filha, dados que uma amiga sua, veterinária, lhe passou, sobre a operação carne fraca: “praticamente 100% dos frigoríficos participaram dessa investigação, e 99,5% estão dentro dos padrões sanitários. Alguns funcionários, num universo de 11000, cometeram irregularidades.
As infrações estão sendo seriamente investigadas. Em tempo:
A carne brasileira inspecionada pelo SIF continua segura. A carne Korin também é inspecionada pelo SIF, assim como qualquer outra que tenha este selo. Ela possui outros diferenciais, mas é tão segura quanto.
Carne de frango (QUALQUER MARCA) NÃO tem hormônio, e portanto, pode comprar sem medo.
Qualquer dúvida, sempre consulte um veterinário. Somos responsáveis pela vida do animal, sua saúde e nutrição, e também pelo processo de transformação dele em alimento.”
Pergunto: Quem governa essa republiqueta, em que foi tornada a nossa nação: O moço que está na cadeia, o juiz que homenageia aniversariante que deveria julgar, o pretenso que foge de fantasmas? A que estamos condenados? A ser governados por viciados que vivem de overdose em overdose, ou por meliantes que de tudo e mais um pouco podem ser acusados?
Pergunto à pretensa e subdesenvolvida elite que patrocinou o golpe à constituição federal: Era isso que vocês pretendiam? A destruição da economia, do parque industrial e da soberania nacionais? Aos banqueiros, que financiaram essa desgraça, pergunto: Vocês pensam que o sistema financeiro escapará ileso à incapacidade do Estado de emular o crescimento e o desenvolvimento, pelo combate à desigualdade social? Vocês acreditam, mesmo, que a distribuição irresponsável do fundo que permitia o fomento à construção civil pode alavancar a recuperação econômica?
Pergunto aos senhores da imprensa: É disso que se trata o chamado quarto poder, que deveria ser o promotor do conhecimento, e o olhar crítico da nação?
Pergunto aos líderes dos trabalhadores: Não há mais projeto nacional? Não há mais consciência de conseqüência?
Pergunto aos juízes, nessa sociedade: Era a isso que os senhores e as senhoras se queriam reduzidos?
Pergunto aos intelectuais: Será a essa narrativa que seremos encarcerados? Seremos meros personagens de um folhetim redigido por canastrões?
Pergunto aos pastores, que deveriam ser os bispos de nossas almas: Vocês acreditam, mesmo, que a questão moral e ética, nesse quadrante de nossa história, passa pelo quê, diante do descalabro que sofrem os indígenas, os negros, os empobrecidos, as mulheres e os marginalizados, em geral? Seremos liderados por histriônicos de cuja venalidade todos desconfiam, ou por omissos escondidos em suas condições especiais?
Será que não há mais reserva moral em nossa nação? Onde estão os homens e as mulheres de bem, que, independente de suas escolhas ideológicas, primavam pelo desejo de construir a nação?
O Brasil precisa reagir!
Nosso luto vem do verbo lutar!

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