Por Víctor David López*
O machismo é uma das maiores injustiças do mundo e a violência machista um dos maiores dramas da Espanha. Aqui o homem, o machismo, já assassinou mais do que a organização E.T.A.
Há vinte e um dias, oito mulheres começaram uma greve de fome em Madri exigindo ao Governo medidas urgentes. As oito mulheres da associação galega Ve-La Luz exigem ao Governo vinte e cinco pontos.
Por exemplo, a criação de uma lei integral da violência machista, maior proteção institucional, o mesmo tratamento da violência machista que os crimes do terrorismo, maior e melhor estrutura policial e judicial especializada e incluir as crianças da família como vítimas da violência machista juntamente com as mulheres.
Das oito mulheres que começaram a greve de fome, quatro já foram hospitalizadas. As outras quatro continuam aqui lutando no acampamento, tomando remédio, com problemas de saúde e com assistência médica contínua.
As estatísticas de mulheres assassinadas pelos homens na Espanha são terríveis. Sessenta, setenta, oitenta vítimas por ano. Pode fazer as contas.
A violência machista é a última e mais devastadora mostra do machismo. Mas tudo é machismo. Vivemos num sistema heteropatriarcal com machismo estrutural nas famílias, nas escolas, nas instituições, nas empresas, nas relações sociais, nos meios de comunicação. Em tudo.
Faz pouco tempo escutei uma menina por aqui, de uns sete ou oito anos, que passava pelo acampamento das mulheres com a mãe dela. Ela perguntou: “Mãe, o que é isso?”, e a mãe ficou em silêncio. Silêncio, nunca mais.
* Víctor David López (Valladolid, Espanha, 1979). Jornalista, editor literário e escritor. Colabora na Radio Nacional da Espanha e escreve no jornal El Español. Trabalhou nos jornais espanhóis As, Marca e La Razón. É co-diretor da editora madrilena Ediciones Ambulantes, especializada em literatura brasileira e sobre o Brasil. É autor dos livros “Maracanã, territorio sagrado” (2014), “¿Yo soy tu madre o tú eres la mía?” (2016), “Brasil salta a la cancha” (prólogo) (2016) y “Brasil, Golpe de 2016” (prólogo). Twitter: @VictorDavLopez
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Keila Sá says:
Parabéns pela atenção dada a esta reportagem. No Brasil, creio, o índice é ainda maior! Temos que denunciar e lutar por mudanças na legislação, aí e aqui. Obrigado pela divulgação desse protesto !!