A mais recente reunião de cúpula da União Africana, celebrada em janeiro, teve repercussão não só no continente, mas também no cenário político internacional. Porque ocorreu a readmissão do Marrocos como membro desse organismo.
No ano de 1984 Marrocos sai da União Africana como um protesto diante da aceitação entre os membros da União da Frente Polisário como representante da República Árabe Democrática Saaraui.
O que se sabe da disputa entre o Marrocos e a República Árabe Democrática Saaraui é que é por uma parte do território desse último país que o Marrocos ocupa ilegalmente.
A República Saaraui, junto com a Palestina e Porto Rico são os únicos três casos que ainda se encontram em contenda de descolonização das Nações Unidas.
Esta disputa continuará vigente agora dentro da União Africana. O que acontece é que a partir desse momento, e com a eleição do novo presidente, do Chade, e do vice-presidente, da Guiné, cresce a influência da França na União Africana. Num continente onde a influência das potências estrangeiras é mais crescente, sobretudo da França e do Reino Unido.
Mas a readmissão do Marrocos não acontece assim, da noite pro dia, ainda que já tenha ocorrido a eleição. Durante anos, argumentam muitos jornalistas, se esteve trabalhando, por parte de Marrocos para a chegada a este ponto. Através principalmente da influência política.
E se dermos um balanço nos investimentos no continente, veremos que os investimentos do Marrocos, sobretudo na África Ocidental, são muito grandes. Especialmente através dos bancos, e mais recentemente através do setor dos seguros. Ou seja, é uma influência que veio crescendo através do tempo e se sabe que quando há fluxo econômico ele também traz fluxo político.
A presidenta que deixa a União Africana, Nkosazama Dlamini Zuma fez dois nomes que se espalham pela imprensa como parte dos candidatos ou futuros candidatos presidenciais para as eleições do ano seguinte para a África do Sul. Enquanto, eu já dizia, o atual presidente, do Chade, e o vice-presidente, da Guiné Equatorial, colocam a União Africana em um novo capítulo onde muito provavelmente crescerá a influência de forças “alheias” ao continente.
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