Temer e sua quadrilha retrocederam tanto no tempo que coisas que Darcy Ribeiro disse há mais de vinte anos são tenebrosamente atuais.

 
Por Eric Nepomuceno
 
Eu não aguento mais falar de Michel Temer e companhia, esse bando de sacripantas. Não aguento mais. Então, ao contrário do que a gente costuma fazer toda semana, eu hoje vou ler, pequenos textos. Depois eu explico porque. “O meu princípio ético é o seguinte: o médico não pode ser fiel à tuberculose, ele tem que ser fiel ao tuberculoso, tem de cuidar dele.” “São esses tecnocratas que encarnam hoje o pendor reacionário das nossas elites. É através desses porta-vozes que as velhas elites pedem um Estado mínimo, uma economia totalmente irresponsável desligada de qualquer fidelidade nacional e ainda mais assanhadamente devotada aos juros.” “Pensadores submissos a classe dominante afirmam que é preciso primeiro acumular e depois distribuir. É como dizer ao povo que ele comerá amanhã o que não comeu hoje. Não é verdade, você não comerá jamais o que não comeu hoje ou ontem.” “Na América Latina só podemos ser indignados ou resignados, eu não vou me resignar nunca.” “Fracassei em tudo que tentei. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei alfabetizar as crianças, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria, não consegui. Mas meus fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.” “De onde tiro gás pra minha indignação? Dessa realidade podre, de merda.” Essas frases foram ditas há muitos anos ao longo da vida por um homem que foi amigo de meu pai e meu amigo. Eu chamava ele de vice-pai. Eu estou falando de Darcy Ribeiro. Que falta faz nesse Brasil de hoje, nessa realidade podre, de merda, que falta faz um homem como Darcy Ribeiro. Parece profecia o que ele disse. Temer e sua quadrilha conseguiram retroceder tanto no tempo que coisas que Darcy disse há mais de vinte anos, ele morreu no dia 17 de fevereiro de 1997, coisas que ele disse há mais de vinte anos serem tão tenebrosamente atuais.