Brasil

“Cala a boca não morreu”: juiz censura a Folha e o Globo a pedido do governo Temer.

A pedido do Palácio do Planalto, o juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, da 21ª Vara Cível de Brasília, submeteu a censura hoje de manhã os jornais Folha de S. Paulo e O Globo, proibindo-os de publicar reportagens sobre a tentativa de extorsão de Marcela Temer por um hacker. Cada descumprimento da decisão implicará em multa de R$ 50 mil aos veículos.
 
De posse de dados do telefone de Marcela, o hacker Silvonei de Jesus Souza ameaçou “jogar na lama” o nome de Michel Temer caso não recebesse R$ 300 mil. Com surpreendente rapidez, a polícia identificou e prendeu o chantagista, que se encontra atualmente no presídio de Tremembé.
 
A pretexto de preservar a inviolabilidade e a intimidade da mulher do presidente Postiço, o magistrado passa por cima da Constituição Federal, que diz expressamente, em seu Artigo 5º, inciso IX:
“É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.”
Como todos devem se lembrar, em outubro do ano passado a ministra Carmem Lúcia, atual presidente do STF, ganhou as manchetes ao afirmar que “o cala a boca já morreu”, ao referir-se ao direito da imprensa de repassar informações aos cidadãos. A ministra reiterou a importância da “exigência constitucional para se garantir a liberdade de informar e do cidadão ser informado para exercer livremente a sua cidadania”.
A verdade é que, a despeito da opinião de sua excelência, a censura togada, sucessora da censura fardada, vem comendo solta no Brasil. Os corvos criados pelo Globo e pela Folha estão apenas cumprindo o bordão espanhol: “cria cuervos e ellos te comerán los ojos”.
Já vi esse filme. Em 1964 o Estadão apoiou abertamente o golpe militar. Quatro anos depois um censor federal instalou-se na redação da rua Major Quedinho.
 

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