Brasil

Vinte anos sem Antônio Callado.


 
Há exatos 20 anos, 1997, o dia 28 de janeiro caiu numa terça-feira. E nessa terça-feira eu perdi um amigo especialmente querido, o Brasil perdeu um grande homem e a literatura um grande escritor. Eu estou falando de Antônio Callado. Por esses dias eu ando lembrando muito dele. Ele era uma figura de uma integridade, de uma dignidade, material tão em falta nesse país. Foi um grande repórter, um grande jornalista. Na Segunda Guerra ele trabalhou na BBC de Londres. A guerra acabou ele foi pra Paris, pra radio francesa. Em 1968 foi para a guerra do Vietnã. Aqui no Brasil fez reportagens memoráveis, principalmente no Xingu. E entrevistas que são aulas desse ofício cada vez mais aviltado, nessa imprensa cada vez mais canalha. O Callado eu lembro dele, ele escrevia à mão e depois a máquina. Ele nunca usou um computador. Algumas vezes eu caminhava com ele na praia. Ele sempre muito elegante com um chapeuzinho. E ele conversava, conversava com ele mesmo. Ele escrevia também enquanto caminhava. Eu tenho muita saudade do meu amigo. E olhando esse Brasil de hoje eu vejo a falta que ele faz. Não só pra mim, não só pros amigos, para o país. Ele era de uma suave fúria com os descalabros morais já daquele tempo, imaginem hoje. Eu acho que mais que nunca é preciso lembrar de Antônio Callado, de seu exemplo de homem nobre, homem íntegro. E é preciso ler Antônio Callado, é preciso ler Quarup, Reflexos do Baile, Bar Don Juan, A Madona de Cedro, enfim é preciso recordar essa figura luminosa nesses dias de breu.

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  1. Avatar

    Conheci Callado muito de perto por ter sido sogro de A Pedro!!! Um Gentleman!!! Subimos algumas vezes o morro do Pavão pq ele queria reprisar o Pedro Mico e conhecer uma comunidade de perto!!! Cumprimentava as pessoas e as encantava com sua elegância!!! Este ano estamos comemorarando seus 100 anos!!! Ana e Tessy estão programando diversas atividades! Conto com vc querido!!!

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