Brasil

Informação, essa coitada.


 
A dimensão talvez mais dramática da crise política que o Brasil e o mundo vivem atualmente é o desapreço à informação.
 
O descaso, o descuido, a irresponsabilidade com que as instituições e os cidadãos tratam desse bem público, essencial para a vida social e a democracia.
 
O problema é amplo, geral e irrestrito.
 
Os governos gastam mais recursos e energia para ocultar o que fazem do que em prestar contas, com transparência.
 
O jornal escolhe o que é notícia não pela importância ou atratividade do fato, mas pela utilidade: se a publicação favorece ou atrapalha o seu alinhamento político.
 
No rádio, os comentaristas pensam igual, falam igual e apresentam um único ponto de vista sobre os fatos, e chamam isso de “debate”.
 
Na TV, o show não pode parar e todo fato vira logo espetáculo, agigantado, exagerado, torcido e distorcido. Sobretudo o fato policial e o político, e mais ainda o fato que é as duas coisas, político-policial.
 
Nos blogs, opina-se sobre tudo, em especial sobre o jornalismo alheio. Mas apurar que é bom, investigar os fatos, descobrir novos ângulos – fazer reportagem, em suma -, quase ninguém pratica.
 
Nas redes sociais, a pessoa percebe que a notícia não tem data, que o veículo que informa é obscuro, que o fato não parece crível, mas compartilha assim mesmo, porque “se for verdade, é muito preocupante”.
 
O que a informação faz de tão errado, para ser castigada dessa forma?
 
Que prejuízos a informação honesta, veraz e bem apurada pode trazer ao mundo do Século XXI?
 
Que ameaça ela representa, que não tenha ameaçado as épocas anteriores?
 
Nunca a Humanidade dispôs de tantos meios de comunicação – e nunca ela se comunicou tão mal e tão porcamente.
 
Um conjunto amplo de fatores e circunstâncias produz o raquitismo, a anorexia atual da informação, e reclamar da doença não produz em si nenhum remédio.
 
Mas não há como fugir a esse fato, central entre todos os outros: sem respeito à informação, nenhum problema nacional ou mundial será resolvido.
 
A ignorância, a manipulação, a estupidez, o preconceito, o amor às trevas – tudo isso pode estar na moda. Mas apenas piora o que já está muito ruim.

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  1. Avatar
    Annibal Sampaio Neto says:

    Priolli, discordo em parte!
    É verdade que a internet facilita a divulgação de muita porcaria, vulgaridade e mentiras, porém também é verdade que favorece, e muito, a divulgação de informações antes negadas pela mídia ainda hegemônica. De minha parte, nunca tive acesso a tantas informações, digamos, alternativas ao “discurso único” o qual, em nosso país, é mais “único” que qualquer outro e excede todos os parâmetros conhecidos de manipulação, deformação e até mesmo mentira.

  2. Avatar
    Annibal Sampaio Neto says:

    Priolli, discordo em parte!
    É verdade que a internet facilita a divulgação de muita porcaria, vulgaridade e mentiras, porém também é verdade que favorece, e muito, a divulgação de informações antes negadas pela mídia ainda hegemônica. De minha parte, nunca tive acesso a tantas informações, digamos, alternativas ao “discurso único” o qual, em nosso país, é mais “único” que qualquer outro e excede todos os parâmetros conhecidos de manipulação, e deformação.

  3. Avatar
    Takuya NASHIMOTO says:

    Oi ,muito prazer. Eu sou um aluno da faculdade da língua portuguesa no Japão. Vou fazer uma apresentação sobre sua obra ,CORAÇõES SUJOS e explicar personegens e enredo . Gostaria de perguntar para o senhor. De acordo com síte, o senhor tinha feito centenas de entrevista com sobreviventes e parentes. Umas parte dos descendentes das pessoas que acreditavam vitória do Japão odeia o povo brasileiro.
    Tinha algumas dificuldades de realização de entrevista com essas pessoas?

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