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8M contra O Globo confirma: A imprensa não aceita o revide


A Jornada Internacional de Luta das Mulheres, organizada por diversos movimentos populares, produziu os atos mais significativos deste último Dia Internacional da Mulher, o mais politizado em muitos anos.
Entre os atos, destacou-se o desafio direto ao maior poder do pais – o da mídia corporativa -, efetivado na invasão do parque gráfico do jornal O Globo, no Rio de Janeiro.
Um grupo de 400 a 800 mulheres fez pichações, queimou pneus, gravou imagens e falas para as redes sociais, e deixou o local meia hora depois de entrar.
O objetivo da ação, segundo ​as organizador​as, foi denunciar a atuação decisiva das empresa na instabilidade política brasileira, desde a articulação do golpe que depôs Dilma até a perseguição atual a Lula, para inviabilizá-lo como candidato à presidência.
Como sempre, o poder midiático procurou descaracterizar o sentido político do ato, tratando-o como um caso criminal.
Reduziu o coletivo de manifestantes apenas ao MST e atirou nele com todo o arsenal de demonização que é de uso rotineiro na cobertura dos sem-terra.
Na matéria que deu sobre o ato – e que não foi editada junto a outros protestos femininos ocorridos no mundo -, o Globo informou como sempre que “havia pessoas armadas com facões” – essa terrível arma jamais usada contra nenhuma mosca em manifestações dos sem-terra.
As entidades patronais – ANJ, ABERT, ANER – deploraram como sempre o “vandalismo” e pediram punição aos responsáveis.
“O ataque a um jornal é um ataque à imprensa livre, pilar da democracia”, disse o Globo. “É uma clara tentativa de intimidação, um ato que atropela a legalidade e o estado de direito democrático”.
Não vem ao caso​, para o jornal e para seus defensores​,​ que, na visão das manifestantes, é a própria imprensa que ataca a democracia, que intimida, que apóia os atropelos à legalidade, e que trata como estado de direito democrático esse estado de exceção vigente, que ela ajudou a instituir.
“A liberdade de imprensa é sagrada!”, protesta essa mídia corporativa, que ​não repudiou a invasão de residência e condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães, pelo nefando crime de opinião petista.
Essa mídia que pede censura e estrangulamento econômico dos blogs de esquerda, e que já obteve parte disso com o governo golpista que ela apóia.
A liberdade de imprensa é sagrada, mas não produz editoriais ou colunas de opinião para cobrar punição a quem matou dez sem-terras em Pau d’Arco, no Pará, em maio do ano passado.
Não protesta ​essa mídia ​contra o assassinato de um ​diretor do MST, em Iramaia, na Bahia, em janeiro deste ano.
Não condena a milícia criada em fevereiro por fazendeiros de Sorriso, no Mato Grosso, para reprimir os ​sem-terra a bala.
Não pede providências contra os pistoleiros que atacaram o acampamento dos sem-terra em Macaíba, no Rio Grande do Norte, agora em março.
Em seu conceito excludente de democracia e liberdade, a sagrada mídia corporativa brasileira entende que os manifestantes do MST podem apanhar, podem ser baleados, podem morrer – mas não podem fazer um ato político contra ela.
​É uma patética ilusão…
“Quem não se movimenta, não sente as cadeias que a prendem”, diz a frase de Rosa Luxemburgo, que foi o lema da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra.
​A mídia repudia, mas o Brasil que não se conforma está em movimento.

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