TIME – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br Blog do escritor e jornalista Fernando Morais Fri, 12 Jun 2020 14:07:17 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.4.2 https://nocaute.blog.br/wp-content/uploads/2018/06/nocaute-icone.png TIME – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br 32 32 A volta dos números https://nocaute.blog.br/2020/06/12/a-volta-dos-numeros/ Fri, 12 Jun 2020 14:07:08 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=67118 O Brasil ultrapassa os 40 mil mortos pelo coronavírus. A cada número exato, o assunto volta para as manchetes dos principais jornais. Manchete de primeira página do Globo: "Brasil tem 41 mil mortos e mais de 800 mil casos".

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O Brasil ultrapassa os 40 mil mortos pelo coronavírus. A cada número exato, o assunto volta para as manchetes dos principais jornais.

Quem conhece Silvio Santos de perto sabe que ele não tem método. Age de acordo com sua cabeça, baseado em nada. Às vezes coloca ou tira do ar um programa, por sugestão de seu cabelereiro ou de seu adestrador de cães. Nos últimos tempos, com reprises de programas medonhos e um jornalismo pífio, o Ibope do SBT despencou 30 pontos, deixando a emissora do Baú em terceiro lugar. A única novidade no canal é o seu genro que virou ministro das Comunicações. Quem sabe aí está a salvação da lavoura do criador do programa “Casos de Família”?

Manchete de primeira página do Globo: “Brasil tem 41 mil mortos e mais de 800 mil casos”.

Estadão: “41.058 mortos no Brasil. 805.649 contaminados. 10.145 mortos em SP”.

Folha: “Vírus já mata mais do que trânsito no país em um ano”.

Vimos no Globo:

Vimos na Folha:

No dia dos namorados, a Folha lembra que há 75 anos, Jorge Amado declarou seu amor por Zélia Gattai em uma coluna dp jornal.

As fotos em destaque nas primeiras páginas:

Taxista que perdeu o filho de 25 anos pelo covid-19, recolocou as cruzes num protesto em Copacabana. Elas foram derrubadas por um homem que talvez não acredite muito no vírus, como o presidente da República (O Globo)

No primeiro dia da reabertura dos shoppings, clientes com abstinência de compras, fazem fila para entrar (Estadão)

Dois moradores de rua que se encontraram num abrigo em São Paulo, casaram-se em um mês. O amor é lindo (Folha)

As semanais

  • Carta Capital: Por que o massacre diário de pobres e preto no país não provoca a comoção que provocou nos Estados Unidos?
  • Veja: Mesmo com altos números de casos e mortes, São Paulo, Rio e outros estados iniciam uma flexibilização da quarentena, aumentando a expectativa de que a vida possa, enfim, começar a se normalizar.

Pelo mundo

Mais uma vez, a Amazônia sendo devastada, na primeira página da edição internacional do The New York Times.

Os protestos contra o racismo nos Estados Unidos nas capas da Economist e da Time.

O assunto está também na capa da One Hummah, edição em inglês da Al Qaeda.

Aroeira:

Duke, no jornal mineiro O Tempo:

Que dia uma notícia positiva vai sair nas primeiras páginas dos jornais internacionais?

Como as pessoas estão enfrentando o coronavírus no país das favelas? Primeira página do Washington Post de 11/06/20

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Um morto por minuto https://nocaute.blog.br/2020/06/05/um-morto-por-minuto/ Fri, 05 Jun 2020 14:09:07 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=66761 Sim, ultrapassamos a Itália em número de mortos pelo coronavírus. Agora, a cada minuto morre um brasileiro infectado. A tragédia anunciada chegou. Manchete de primeira página do Globo: "Brasil passa a ˆtália e já é o terceiro com mais mortes".

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Sim, ultrapassamos a Itália em número de mortos pelo coronavírus. Agora, a cada minuto morre um brasileiro infectado. A tragédia anunciada chegou.

No dia 1º de fevereiro de 2015, Eduardo Cunha foi festejado e carregado por seus apoiadores. Hoje, está preso. Ontem, 4 de junho de 2020, foi a vez do ministro da Educação, Abraham Weintraub ser festejado e carregado por seus apoiadores.

Manchete de primeira página do Globo: “Brasil passa a ˆtália e já é o terceiro com mais mortes”

Folha: “Secretarias planejam volta às aulas escalonadas”

Estadão: “Comércio eletrônico ganha uma loja virtual por minuto no Brasil”

Vimos no Globo:

Vimos na Folha:

Vimos no Estadão:

As fotos em destaque nas primeira páginas:

Funcionário desinfeta píer na Ilha Grande, RJ (O Globo)

Estadão: A Livraria Martins Fontes, na Paulista se prepara para a flexibilização (Estadão)

A edição da Folha de hoje não tem foto na primeira página. No lugar, um texto mostrando que morre um brasileiro por minuto. E avisa: “Enquanto você lia este texto, mais um brasileiro morreu por causa do coronavírus”

As semanais:

Na capa da Carta Capital, a revista mostra que o desastre vem a cavalo. Na Veja, a “jovem democracia” brasileira correndo risco.

Registramos a chegada da Piauí número 165 chegando às bancas.

Pelo Mundo:

A Time sai sem manchete, apenas com nomes de negros assassinados na borda vermelha e uma imagem forte.

O jornal argentino Página 12 encontra um nome para a flexibilização lenta e gradual no país: “Cuarenflex”.

Aroeira:

Nas redes sociais, um desenho sem o nome do autor

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Time: O Brasil de Bolsonaro está perdendo a luta contra o coronavírus https://nocaute.blog.br/2020/05/22/time-o-brasil-de-bolsonaro-esta-perdendo-a-luta-contra-o-coronavirus/ Fri, 22 May 2020 16:28:24 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=66058 Quando as jornalistas Ciara Nugent e Flávia Milhorance escreveram uma reportagem para a revista Time, no início de maio, o Brasil tinha contado 10 mil mortos e já se enxergava a derrota do país frente ao coronavírus. Dez dias depois, o número já dobrou. E não vai ser com Bolsonaro no comando que vamos derrotar o Covid-19. Leia a íntegra da reportagem:

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Quando as jornalistas Ciara Nugent e Flávia Milhorance escreveram uma reportagem para a revista Time, no início de maio, o Brasil tinha contado 10 mil mortos e já se enxergava a derrota do país frente ao coronavírus. Dez dias depois, o número já dobrou. E não vai ser com Bolsonaro no comando que vamos derrotar o Covid-19. Leia a íntegra da reportagem:

CIARA NUGENT | Time

Em 9 de maio, o número de mortos no Brasil por coronavírus chegou a 10.000. Em vez de definir o marco sombrio com um endereço ou um sinal de respeito pelas vítimas, o presidente Jair Bolsonaro deu uma volta no jet ski. Imagens de vídeo amplamente divulgadas nas mídias sociais mostram o líder de extrema direita do Brasil sorrindo enquanto ele pára em um barco no lago Paranoá, em Brasília, onde os torcedores estão se preparando. Enquanto aproxima o barco, Bolsonaro brinca com a “neurose” de brasileiros preocupados com o vírus. “Não há nada a ser feito [sobre isso]”, ele encolhe os ombros. “É loucura.”

Mesmo para os padrões de outros populistas de direita que tentaram subestimar a pandemia do Covid-19, o desafio da realidade de Bolsonaro foi chocante. Das favelas de cidades densamente compactadas como o Rio de Janeiro às comunidades indígenas remotas da floresta amazônica, o Brasil emergiu como o novo epicentro global da pandemia, com a maior taxa de transmissão do mundo e um sistema de saúde agora à beira do abismo de colapso.

Ao contrário dos epicentros globais anteriores – Itália, Espanha e EUA – o Brasil é uma economia emergente, com uma rede de segurança social mais fraca que dificulta as autoridades locais convencer as pessoas a ficar em casa e um sistema de saúde insuficiente. Quando um surto particularmente grave atingiu a cidade de Manaus, na Amazônia, no final de abril, os hospitais foram rapidamente invadidos, levando à escassez de caixões. Em 17 de maio, o prefeito de São Paulo, a maior cidade da América Latina, alertou que os hospitais entrariam em colapso em duas semanas se a taxa de infecção continuasse subindo. O país confirmou quase 18.000 mortes em 19 de maio, com um recorde de 1.179 pessoas morrendo nas 24 horas anteriores – a segunda maior taxa diária de fatalidade do mundo. Epidemiologistas dizem que o pico ainda está a semanas de distância.

Para muitos políticos brasileiros e especialistas em saúde, grande parte da culpa pelo pedágio pesar recai sobre o homem no jet ski. Desafiando as medidas de distanciamento social, Bolsonaro realizou grandes comícios com apoiadores e travou o que chama de “guerra” contra governadores locais que tentaram bloquear suas regiões. Graças em parte ao seu exemplo, muitos brasileiros – entre 45% e 60%, dependendo do estado – estão se recusando a cumprir as medidas de distanciamento social, segundo dados de rastreamento de telefones celulares. Além do caos, Bolsonaro demitiu seu ministro da Saúde, Luiz Mandetta, em meados de abril, quando se opôs à sua posição sobre distanciamento social. Seu substituto, um médico sem experiência política, renunciou no dia 15 de maio, depois que Bolsonaro o pressionou a reabrir a economia e promover medicamentos não comprovados para tratar o vírus.

A crise ocorre quando o governo de Bolsonaro está desmoronando ao seu redor, apenas 16 meses após sua presidência. Em 24 de abril, Sergio Moro, seu astro ministro da Justiça, renunciou, acusando o presidente de tentar interferir com a polícia federal e provocar uma crise política. A saída do membro mais popular do gabinete de Bolsonaro, amplamente visto como uma força moderadora, pressiona ainda mais o presidente: ele agora enfrenta uma investigação criminal das alegações de Moro que pode levar ao seu impeachment. O índice de aprovação pessoal de Bolsonaro caiu 9 pontos percentuais desde janeiro, de acordo com uma pesquisa de 12 de maio, para abaixo de 40%. “A personalidade de Bolsonaro é extremamente inadequada para uma pandemia”, diz Gustavo Ribeiro, cientista político e fundador do site político The Brazilian Report. “Ele não pode unir o país, porque todo o seu modus operandi se baseia na divisão de semeadura”.

Mas Bolsonaro não mostra sinais de reverter o curso – e a crise no Brasil está prestes a se deteriorar ainda mais, deixando epidemiologistas, humanitários e líderes regionais horrorizados. “O presidente é co-responsável por muitas mortes do Covid”, diz Arthur Virgílio Neto, prefeito de Manaus, que viu sua cidade ser tomada pelo vírus no final de abril. “Com uma pregação irresponsável, quase delinqüente, ele encoraja as pessoas a ir às ruas. Ele levou muitas pessoas à morte”.

Bolsonaro subiu ao poder em 2018, explorando um período de intensa raiva contra os principais políticos e polarização sem precedentes entre a esquerda e a direita. Uma investigação histórica sobre corrupção, apelidada de Lava Jato, havia exposto uma rede de corrupção de tirar o fôlego entre as elites políticas e empresariais do Brasil. Bolsonaro entrou nessa situação como um político de fora, supostamente imune às estruturas corruptas de grandes partidos. Figura isolada na capital, Brasília, ele ingressou no Partido Social Liberal de direita para concorrer à Presidência, mas depois de assumir o cargo. Ao assumir a Presidência, poliu suas credenciais anticorrupção nomeando Moro, o popular juiz líder da Lava Jato, como seu ministro da Justiça.

O presidente se apresentou como um dissidente, disposto a falar verdades sobre questões que dividem o Brasil: elogiando a ditadura militar que liderou o país por duas décadas no século 20, promovendo o uso da força por policiais, protestando contra a ideologia de gênero, e desprezando as proteções ambientais para a floresta amazônica e os direitos das comunidades indígenas, que, segundo ele, impedem o setor agrícola brasileiro.

Em sua disposição de dizer o indizível e de assumir os pilares do establishment, Bolsonaro seguiu as dicas do presidente dos EUA – tanto que a mídia internacional o apelidou de Trump dos trópicos. Nos primeiros 16 meses no cargo, Bolsonaro abanou as chamas das guerras culturais brasileiras – às vezes literalmente. O desmatamento na floresta amazônica no ano passado aumentou 85% em relação a 2018, quando o presidente reduziu os regulamentos e a aplicação da lei para impedir que os grileiros atearam fogo na floresta para liberá-la para a agricultura. Quando a comunidade internacional pressionou o governo do Brasil a desacelerar a destruição, Bolsonaro respondeu dizendo a Angela Merkel para “reflorestar a Alemanha”.

Mas o sentimento de impunidade de Bolsonaro pode ter plantado as sementes para sua eventual queda. Nas primeiras horas de 24 de abril, Bolsonaro afastou o chefe da Polícia Federal, Maurício Valeixo, escrevendo em sua decisão oficial que Valeixo havia pedido que se demitisse. Horas depois, Moro renunciou ao cargo de ministro da Justiça. Ele acusou Bolsonaro de demitir Valeixo para substituí-lo por um lacaio que o alimentaria ilegalmente com informações confidenciais, e mais tarde disse que o presidente também tentou substituir o chefe regional da polícia no estado do Rio de Janeiro, onde dois dos filhos de Bolsonaro estão sob investigação. Bolsonaro nega qualquer irregularidade e se refere a Moro como “Judas”.

Moro é mais cauteloso ao criticar o presidente. Falando à Time de um quarto de hotel cinza em Brasília, o ex-juiz escolhe suas palavras com cuidado. “Há uma dificuldade em enfrentar a pandemia no Brasil devido à posição negacionista do presidente. Isso é óbvio”, diz ele, acrescentando que se sentia desconfortável por fazer parte de um governo liderado por um presidente que banalizou o vírus. “Mas meu foco está no Estado de Direito”. Ele diz que as supostas intervenções do presidente com a polícia foram a gota d’água em “todo um cenário que se desenrolou no último ano… que mostrou que esse novo governo não estava cumprindo suas promessas de combater a corrupção e fortalecer instituições”.

As controvérsias sobrepostas ao manuseio de Covid-19 por Bolsonaro e a dramática partida de Moro começaram a minar o apoio do presidente. Uma pesquisa publicada em 12 de maio pela pesquisadora CNT/MDA constatou que o índice de aprovação pessoal do presidente caiu para 39,2%, de 47,8% em janeiro, enquanto a desaprovação aumentou para 55,4%, de 47,0%. Mas a base radical de Bolsonaro, que inclui cristãos evangélicos, militares e setor agrícola, continua forte, diz Rodrigo Soares, professor de políticas públicas brasileiras na Universidade de Columbia. “O presidente está [dobrando] para apelar para seus principais apoiadores, que ficariam descontentes se adotasse uma abordagem tecnocrática e ouvisse especialistas em saúde pública. Não foi assim que ele chegou onde está”.

O mesmo pode ser dito de Trump, que às vezes adotou uma abordagem do coronavírus tão descuidada quanto a de Bolsonaro. Ambos os homens semearam confusão sobre a gravidade da doença. Ambos promoveram medicamentos não comprovados como tratamentos para o Covid-19, apesar dos avisos de seus graves efeitos colaterais. Em março, Bolsonaro visitou Trump na Casa Branca – uma viagem que derrubou o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, mais tarde descrito à CNN como “uma viagem corona”, porque vários membros da equipe de Bolsonaro testaram positivo para o vírus posteriormente.

No entanto, enquanto Trump lidera o país mais rico do mundo, Bolsonaro lidera um mercado emergente com uma das maiores taxas de desigualdade do mundo. O acesso aos cuidados de saúde é irregular para milhões de pessoas, e menos no Brasil do que nos EUA tem as condições necessárias para trabalhar em casa. Miguel Nicolelis, um dos cientistas mais respeitados do Brasil, que coordena um comitê dos estados do nordeste para rastrear a disseminação do vírus, diz que a situação ainda está piorando. “Apesar dos problemas muito sérios nos EUA, a curva exponencial de casos e mortes no Brasil sugere que ainda não estamos perto do nosso pico”.

Em abril, Vanda Ortega Witoto, uma enfermeira técnica, começou a monitorar o chefe de sua comunidade indígena. Messias Martins Moreira, 53, do povo Kokama, teve uma febre que não parava, que Ortega acreditava ser o Covid-19. Não há centro de saúde no Parque das Tribos, sua comunidade remota de 700 famílias, às margens do rio Tarumã-Açu, na Amazônia. A princípio, Martins não queria ir a um hospital na cidade vizinha de Manaus, dizendo que confiaria na medicina tradicional. “[Na época] ele percebeu que não havia outro jeito, ele não conseguia respirar”, diz Ortega. Ele morreu em 14 de maio.

Os 800.000 indígenas do Brasil, muitos dos quais vivem em partes remotas da vasta floresta amazônica, agora se encontram particularmente vulneráveis ​​à pandemia. Joenia Wapichana, o único membro indígena do Congresso no país, alertou que o isolamento e a falta de infraestrutura de saúde e saneamento das comunidades poderiam transformar o coronavírus em “outro genocídio” para os indígenas. A primeira ocorreu quando os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, portando doenças e realizando violentas aquisições de terras que destruíram a maioria dos mais de 3 milhões de indígenas que viviam lá.

E em todo o Brasil, existem comunidades vulneráveis. Aproximadamente 11 milhões de pessoas vivem nas favelas do Brasil, favelas frequentemente nos arredores das principais cidades. Casas apertadas, infraestrutura de água limitada e condições inseguras de trabalho deixaram milhões de moradores das favelas lutando para conter a propagação do vírus.

Com o número de casos ainda a atingir o pico, os sistemas de saúde em todo o país estão à beira do colapso. Em São Paulo, 90% dos leitos de UTI estão cheios. No estado de Pernambuco, onde as UTIs estão 96% cheias, a falta de ventiladores obrigou os médicos a optar por não tratar alguns casos, e alguns hospitais estão atendendo pacientes nos corredores. No estado do Rio de Janeiro, a lista de espera para uma cama de hospital chegou a 1.000 na segunda semana de maio; algumas instalações de emergência abertas há algumas semanas já estão mais de 90% cheias.

Também é provável que o impacto econômico do coronavírus acarrete um alto custo humano. Mesmo que os bloqueios tenham sido implementados apenas parcialmente, a economia deverá diminuir em 5% em 2020 – o que seria a recessão mais profunda desde que os registros começaram em 1900. Os rendimentos já caíram acentuadamente na maioria da população que não pode trabalhar em casa, e particularmente entre a metade da força de trabalho que ganha algumas centenas de dólares por mês no setor informal. Grupos humanitários dizem que uma crise de fome está nos cartões para um quarto da população que vive na pobreza. O governo anunciou um pacote estimado em US$ 30 bilhões para canalizar dinheiro de emergência para aqueles que não podem trabalhar.

O impacto disso é especialmente imprevisível no Brasil, onde quase todas as crises econômicas desde seu retorno à democracia em 1985 foram seguidas por uma acentuada mudança política. Ribeiro, o cientista político, diz que é “muito, muito” possível que qualquer mudança no futuro próximo seja acompanhada por distúrbios sociais. “As pessoas são tão radicalizadas quanto eu já vi. E agora estamos enfrentando uma crise econômica como nunca vi na vida”, diz ele. “Não vejo um futuro promissor pela frente”.

Bolsonaro tem uma arma não tão secreta que poderia ajudá-lo a enfrentar a tempestade. Ex-capitão do exército, o presidente estabeleceu uma aliança estreita com os militares. Atualmente, oficiais ativos e ex-militares ocupam nove dos 22 cargos do Gabinete e parecem estar se aproximando de Bolsonaro, o que, segundo analistas, pode protegê-lo do impeachment.

O presidente ainda pode sobreviver, mas muitas pessoas não sobreviverão. Carlos Machado, coordenador do observatório contra o Covid-19 no instituto epidemiológico do país, Fiocruz, vê os resultados de uma situação extremamente perigosa para os brasileiros no momento atual. “Quando emergências de saúde pública se sobrepõem a crises políticas e econômicas extremamente precárias, isso pode criar uma crise humanitária”, diz ele. “O Brasil está indo para lá”.

Com reportagem de Flávia Milhorance / Rio de Janeiro

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Retrato do Brasil https://nocaute.blog.br/2020/05/22/retrato-do-brasil/ Fri, 22 May 2020 14:24:54 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=66018 O país tem mais de 20 mil mortos pelo coronavírus, um presidente preocupado com a economia e a oposição começando a articular o impeachment de Bolsonaro.

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O país tem mais de 20 mil mortos pelo coronavírus, um presidente preocupado com a economia e a oposição começando a articular o impeachment de Bolsonaro.

Quando a Alemanha marcou o quarto gol contra o Brasil naquela Copa de 2014, acostumamos com os gols. Veio o quinto, o sexto e o sétimo. Os gols passaram a ser apenas números e um certo espanto. Foi assim que perdemos o jogo. Ao chegar ao número de 20 mil mortos, o Brasil não pode apenas fazer contas e se conformar com a derrota. Fique em casa!

Manchete de primeira página do Estadão:

O Globo:

A Folha, como Bolsonaro, optou pelos problemas da economia.

Vimos no Globo:

O colunista Merval Pereira escreveu. Sim, ele escreveu na página 2: “Militares tentam retomar o papel moderador de garantidores da democracia que se esperava que assumissem desde o início”. Clique aqui para ler

Chico Caruso, em seu cartum, busca versos de Carlos Drummond:

Vimos no Estadão:

Vimos na Folha:

No cartum de Claudio Mor, o Dr. Cloroquina:

Leitura recomendável:

Artigo do governador do Maranhão, Flavio Dino, na página A3 da Folha

Fotos em destaques na primeira página:

Bolsonaro (sem máscara) ri entre Maia e Alcolumbre, ambos usando máscara (O Globo)

A superlotação no cemitério de Manaus, onde já morreram 1.620 pessoas (Estadão)

A intervenção do artista Julio Villani contra Bolsonaro na embaixada brasileira em Paris (Folha)

As semanais:

Veja chega hoje às bancas informando na capa que ninguém está imune ao coronavírus. A Carta Capital optou pela discussão em torno do impeachment do presidente da República

Pelo mundo:

A geração pandemia na capa da Time e na inglesa The Economist, o recuo da poluição nos tempos de pandemia

Deu na TIME

Na capa da revista do New York Times que circula no próximo fim de semana, “nos tempos de quarentena, não há como escapar de si”

A Editora Abril, em tempos de coronavírus, transformou a revista “Saúde é Vital” em “Veja Saúde”

Quando será a reunião do presidente da República com os governadores para discutir a pandemia?

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Três assuntos https://nocaute.blog.br/2020/05/14/tres-assuntos/ Thu, 14 May 2020 14:27:08 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=65566 O avanço do coronavírus, os exames do presidente e os problemas do ensino online. Os principais jornais do país optaram por focos diferentes, mas todos ligados à pandemia.

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O avanço do coronavírus, os exames do presidente e os problemas do ensino online. Os principais jornais do país optaram por focos diferentes, mas todos ligados à pandemia.

Muitos brasileiros sequer ouviram a voz da cantora Anitta, muito menos se interessaram pelo conteúdo das letras das canções que ela canta. Mas não resta dúvida que trata-se da cantora mais celebradas desses anos 2000. Muito por suas atitudes, seus clipes avançadinhos, seus casos. Acostumada a mais de um show por dia, Anitta foi pega de surpresa pelo coronavírus. Três meses depois, ele sentiu que não dá mais pra esperar. Tem feito live, uma atrás da outra e está começando a entender “esse negócio de esquerda e direita”. Anitta está na capa da Ilustrada de hoje.

Manchete de primeira página do Globo:

Estadão:

Folha:

Vimos no Globo:

Vimos no Estadão:

REFLEXÃO

Na página A2 do Estadão, no Espaço Aberto do jornal, o vice-presidente Hamilton Mourão expõe suas ideias sobre o Brasil de hoje: pandemia, polarização, flexibilização, imagem do país no exterior, crise, o momento atual. Leia a íntegra clicando aqui.

Vimos na Folha:

As fotos em destaque na primeira página:

O retrato da médica Roberta Lima mostra as marcas deixadas no rosto pelo uso da máscara cirúrgica durante horas seguidas, na tentativa de salvar vidas. (O Globo)

Acreditamos que parentes esperam informações de pacientes em um hospital de São Paulo e não “pacientes esperam informações de parentes” conforme informa o Estadão.

Com o confinamento, bailarinas fazem aula de dança em casa. (Folha)

LEITURA RECOMENDADA

“A civilização exige respeito pela morte”, artigo de Renato Janine Ribeiro, ministro da Educação no governo Dilma. Página A3 da Folha.

Na capa da Time, existe uma saída para a recuperação da América e não é esta. Na ilustração, o presidente Donald Trump.

Na capa da India Today, o dominó coronavírus derrubando os gigantes da indústria.

No site da revista Piauí, uma imagem clássica do movimento estudantil de 1968, revisitada por Nadia Khuzina.

Deu no Sensacionalista:

Nelson Teich, uma vela que se apaga, na visão do cartunista Aroeira.

PERGUNTINHA DO DIA:

Por quê Rafael? Por quê Airton?

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A palavra hoje é lockdown https://nocaute.blog.br/2020/05/07/a-palavra-hoje-e-lockdown/ Thu, 07 May 2020 14:05:56 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=65190 Aguardemos. Lockdown no Brasil é igual aquela meio piada que diz que a pessoa foi condenada à morte, mas vai cumprir a pena em liberdade.

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Aguardemos. Lockdown no Brasil é igual aquela meio piada que diz que a pessoa foi condenada à morte, mas vai cumprir a pena em liberdade.

O presidente norte-americano, Donald Trump, está interessado em explorar a mineração em terrenos na Lua. Como disse o articulista Igor Gielow: em plena pandemia, a notícia pode parecer piada, mas é real. A matéria está na página A16 da Folha de S.Paulo.

Manchete de primeira página do Globo:

Manchete de primeira página da Folha:

Manchete de primeira página do Estadão:

Vimos ainda no Globo:

Vimos na Folha:

Vimos no Estadão:

Fotos em destaque:

Funcionário da Prefeitura solda caixa de fios em SP para evitar roubos. (Folha)

Os personagens estampados na estação Sumaré do metrô de SP ganharam máscaras. (Estadão)

Os cadernos culturais deram boa cobertura para a morte de Florian Schneider, um dos fundadores do grupo Kraftwerk.

Pelo mundo:

Na capa do francês Libération, como a África está resistindo à pandemia.

O italiano La Repubblica, lembra os 75 anos do final da II Guerra Mundial.

A americana Time começa a dar bye bye a Trump

O artista inglês sem rosto, Banksy, encanta o mundo com o desenho de uma criança que escolheu uma enfermeira como super-herói, desbancando o Batman e o Homem-Aranha.

Escolhemos hoje o cartum do Bruno, nas redes sociais.

Como anda o programa Pró-Brasil?

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Quem manda? https://nocaute.blog.br/2020/04/30/quem-manda/ Thu, 30 Apr 2020 13:58:40 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=64884 Bolsonaro diz que quem manda é ele, mas o Supremo Tribunal Federal proibiu a posse do amigo da família para comandar a Polícia Federal.

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Bolsonaro diz que quem manda é ele, mas o Supremo Tribunal Federal proibiu a posse do amigo da família para comandar a Polícia Federal.
Manchete de primeira página da Folha de S.Paulo

Detalhe: o presidente não pode recorrer, já que ele cancelou a nomeação, segundo o Diário Oficial da União. Agora terá de nomeá-lo novamente.

O Globo
Estado de S.Paulo

A manchete principal do Estadão é:

Vimos na Folha:

Vimos no Globo:

Na capa do Segundo em Quarentena, o fenômeno Harry Potter continua, 20 anos depis de ser lançado.

Vimos no Estadão:

As capas de hoje:

“Próxima parada: o desconhecido”

O cavaleiro solitário Jair Bolsonaro

“Trabalhadores do mundo, pretejam-se”

A Time faz um belo jogo de palavras: Open > Nope

“A segunda onda”

E fechamos com o cartum de Duke, no jornal mineiro O Tempo

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Mistério da saúde https://nocaute.blog.br/2020/04/16/misterio-da-saude/ Thu, 16 Apr 2020 14:10:50 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=63990 O capitão da nau sem rumo não acredita e não se convence de que o barco está afundando. Manchete de primeira página do Globo: "Em tom de despedida, Mandetta pede uso da Ciência contra Covid-19".

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O capitão da nau sem rumo não acredita e não se convence de que o barco está afundando.
Manchete de primeira página do Globo
Folha de S.Paulo

Estadão (sempre preocupado com o Mercado): “Bancos farão pacote de R$50bi para setores afetados pela crise”

Vimos no Globo:

Vimos na Folha:

Morre Rubem Fonseca, 94, nome central da literatura brasileira

Em entrevista, o infectologista David UIP diz que o pico da doença será em maio

Na foto em destaque, no maior cemitério de Manaus, pessoas se aglomeram e sepultadores não usam proteção.

A Ilustrada dedicou 3 páginas para o escritor Rubem Fonseca, morto na quarta-feira (15), aos 94 anos.

Vimos no Estadão:

Rubem Fonseca está também no caderno Na Quarentena, que publica uma boa matéria sobre os 50 anos do logotipo dos Rolling Stones, a língua mais famosa do mundo.

Pelo mundo:

O coronavírus se espalha pelas capas das revistas do mundo inteiro

Uma curiosa capa da revista Time que começa a circular hoje

Pessoas com máscaras estão nas primeiras páginas dos jornais do mundo inteiro. Este é o Al Ahdath Al Maghribia, do Marrocos

Na capa do Página 12, “Lar, doce lar”. Pesquisa mostra que os argentinos querem a prorrogação da quarentena.

Caiu na rede:

E nosso cartum é o do Benett, na Folha

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Um só assunto https://nocaute.blog.br/2020/03/20/um-so-assunto/ Fri, 20 Mar 2020 14:40:49 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=62297 Os principais jornais brasileiros focam no coronavírus para informar aos leitores o que está acontecendo no mundo. Manchetes da Folha: "Operação de guerra cancela cirurgias e foca casos graves".

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Os principais jornais brasileiros focam no coronavírus para informar aos leitores o que está acontecendo no mundo.

Manchetes da Folha:

Na foto em destaque:

(A8)
(A10)

Na capa da Ilustrada, a importância dos telejornais – que aumentaram seus índices de audiência – em informar as pessoas sobre a tragédia que abateu sobre o mundo.

Manchetes do Estadão:

(A4)

O Estadão insiste que o grande problema da humanidade é a Venezuela.

(A12)

Manchetes do Globo:

“Decreto de Witzel isola o Rio, proíbe voos e acesso a praias”

“Itália já tem mais mortes pelo novo vírus que a China”

“Domésticas preocupam. Rio tem 533 mil profissionais; categoria reivindica benefícios durante a pandemia” (18)

Na capa do Segundo Caderno, a importância do livro A Peste, de Albert Camus, que voltou às listas dos mais vendidos.

Algumas capas:

Caiu na rede:

Nosso cartum:

Duke

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O vírus made in Brazil https://nocaute.blog.br/2020/03/06/o-virus-made-in-brazil/ Fri, 06 Mar 2020 15:03:59 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=61439 O coronavírus continua se espalhando e nas manchetes dos principais jornais do país. Manchete de primeira página do Estadão: “Brasil tem casos de contágio local pelo novo coronavírus”.

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O coronavírus continua se espalhando e nas manchetes dos principais jornais do país.
Estado de S.Paulo
Folha de S.Paulo
O Globo

Ainda no Estadão:

Paraguai decide não punir Ronaldinho. Uma história pra lá de mal contada. O ex-craque confirma que o passaporte que usava no Paraguai era falsificado, mas a Promotoria acredita piamente que ele foi enganado.

O assunto está na capa do principal jornal paraguaio, o ABC Color.

Na página A7, O Estadão dá grande destaque para a retirada dos diplomatas brasileiros da Venezuela

Na capa do Caderno 2, o lançamento do segundo trabalho solo da cantora Letrux.

Ainda na Folha:

Na foto em destaque, uma denúncia: Ex-seringueiros aceleram desmatamento e trocam extrativismo por gado em reserva no Acre.

A Folha foi o único jornal a publicar reportagem sobre o rompimento de Bolsonaro com a imprensa. Em sua livre na noite de quinta-feira (5), Bolsonaro voltou a chamar a Folha de lixo e disse que não vai mais dar entrevistas para os jornalistas que, segundo ele, só mentem ou inventam notícias.

Ainda no Globo:

Recordar é viver! É sempre bom lembrar que o colunista Ricardo Amorim afirmou ao site InfoMoney, em 2018, que se Hadda fosse eleito o dólar corria o risco de chegar a 5 reais.

Em editorial, O Globo percebe, 14 meses após a posse, que Jair Bolsonaro não tem condições de ser o presidente da República.

O cartum de Chico Caruso, na primeira página, traduz a chegada do coronavírus à Cidade Maravilhosa.

Na capa da Veja, os brasileiros deportados dos Estados Unidos e na capa da Carta Capital, o vírus que está infectando a economia mundial.

No site R7, Augusto Nunes, o jornalista de direita e fanaticamente anti-petista, aquele que reclamou que Lula não visitou o túmulo de Dona Marisa sendo que ela foi cremada, voltou ao seu ataque diário, afirmando que o povo brasileiro está pagando a viagem de Lula pela Europa. Talvez seja o caso de internar o colunista.

Pelo mundo:

A Time desta semana escolheu cem mulheres brilhantes do século ue já foram capa da revista e pediu a ilustradores que refizessem cem capas. Um trabalho caro, sim caro, mas exemplar.

A prestigiosa revista inglesa New Scientist saiu hoje com um número especial explicando tudo sobre o coronavírus.

A Cahiers do Cinema, cuja reação em peso pediu demissão na semana passada, chegou hoje às bancas da França. Talvez um número que já estava pronto antes da demissão coletiva. O futuro da Cahiers é incerto.

A revista italiana Il Venerdì publica uma longa matéria sobre os cem anos do Partido Comunista Espanhol.

E fechamos com um cartum sem identificação que pescamos nas redes sociais. Procura-se o autor.

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