Censura – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br Blog do escritor e jornalista Fernando Morais Tue, 21 Jan 2020 17:13:53 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.4.1 https://nocaute.blog.br/wp-content/uploads/2018/06/nocaute-icone.png Censura – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br 32 32 Haroldo Lima: “a demissão de Roberto Alvim não resolve o problema” https://nocaute.blog.br/2020/01/21/haroldo-lima-a-demissao-de-roberto-alvim-nao-resolve-o-problema/ Tue, 21 Jan 2020 17:13:34 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=59442 Em dois meses ocupando a secretaria especial de cultura, Alvim fez um verdadeiro arraso. Falou em guerra cultural, em refazer a censura sob a capa de curadoria, indicou seres abjetos para a presidência da Funarte e para a Fundação Palmares.

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Em dois meses ocupando a secretaria especial de cultura, Alvim fez um verdadeiro arraso. Falou em guerra cultural, em refazer a censura sob a capa de curadoria, indicou seres abjetos para a presidência da Funarte e para a Fundação Palmares. Plagiou um discurso nazista em rede nacional e apenas por pressão de Israel acabou demitido. Assim, Bolsonaro não procurou um substituto para reverter o que foi feito por Alvim. Regina Duarte vem justamente para manter as coisas como estão e dar continuidade ao projeto do atual governo.

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Caixa-Preta: Bolsonaro atacou jornalistas 121 vezes em 2019 https://nocaute.blog.br/2020/01/16/caixa-preta-bolsonaro-atacou-jornalistas-121-vezes-em-2019/ Thu, 16 Jan 2020 22:12:49 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=59281 O Caixa Preta volta hoje, com Ana Roxo e Fernando Morais dividindo a bancada do Nocaute. Na pauta desta quinta-feira, temos, finalmente, a estréia do filme Marighella, anunciada para maio.

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O Caixa Preta volta hoje, com Ana Roxo e Fernando Morais dividindo a bancada do Nocaute. Na pauta desta quinta-feira, temos, finalmente, a estréia do filme Marighella, anunciada para maio. Uma nova denúncia da Folha que atinge o governo Bolsonaro, a censura da  transportadora DHL a uma história em quadrinhos e o relatório da FENAJ que mostra o ódio que o atual presidente tem da imprensa. É às 17h, não perca. Link nos comentários.

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Chico, Caetano e Veríssimo: Abaixo a censura! Viva a diversidade! Salve a democracia! https://nocaute.blog.br/2020/01/15/chico-caetano-e-verissimo-abaixo-a-censura-viva-a-diversidade-salve-a-democracia/ Wed, 15 Jan 2020 16:02:35 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=59200 O ano de 2019 terminou com uma triste constatação: se não agirmos, o Brasil corre riscos. Corre, principalmente, o risco de ser demolido, fisicamente, politica e culturalmente. Se o atual governo dá um passo atrás, precisamos dar dois pra frente. Foi por isso que artistas e intelectuais resolveram divulgar um manifesto contra tudo o que está acontecendo em nosso país. Um grito de alerta, uma frente democrática na defesa da nossa cultura. Abaixo, a íntegra do manifesto Cultura em defesa do Brasil.

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O ano de 2019 terminou com uma triste constatação: se não agirmos, o Brasil corre riscos. Corre, principalmente, o risco de ser demolido, fisicamente, politica e culturalmente. Se o atual governo dá um passo atrás, precisamos dar dois pra frente. Foi por isso que artistas e intelectuais resolveram divulgar um manifesto contra tudo o que está acontecendo em nosso país. Um grito de alerta, uma frente democrática na defesa da nossa cultura. Abaixo, a íntegra do manifesto Cultura em defesa do Brasil e os seus signatários.

O ano de 2019 vai entrar para a história como aquele em que o país mergulhou de vez num ambiente de retrocesso civilizatório sem precedentes. Os avanços conquistados na construção de um Estado Democrático de Direito e de uma sociedade mais inclusiva, depois de um longo período de obscurantismo instituído na ditadura militar, estão sendo abolidos dia a dia.

Incontáveis decretos, medidas provisórias e projetos de emendas constitucionais (PECs) vêm sendo editados, visando alterar radicalmente conquistas e garantias sociais, trabalhistas e previdenciárias, além de destruir os benefícios das melhores políticas sociais que tivemos na história do país. Voltadas aos setores mais vulneráveis da população, essas conquistas, garantias e políticas sociais, trabalhistas e previdenciárias haviam reduzido a fome, o trabalho escravo, a pobreza e a desigualdade que constituem traumas na história do Brasil.

Os cortes no orçamento para a educação, pesquisas científicas, saúde, meio ambiente e benefícios sociais, entre muitos outros, são uma realidade brutal que visa privilegiar ainda mais os ricos e poderosos.

É na área cultural, porém, que os retrocessos ganham uma dimensão sem precedentes. O governo declarou, explicitamente, uma guerra à cultura, por ser a expressão mais livre e autêntica do pensamento de nosso povo. Empenha-se em cercear a liberdade de expressão e qualquer reflexão crítica.

A estrutura destinada à emancipação e organização das atividades culturais em todo o país vem sendo desmontada, quando não, sofrendo cortes radicais no orçamento, o que inviabiliza atividades de diversos órgãos.

A Ancine, que fomentou o crescimento da indústria do audiovisual, tem sofrido censura em função do que o Presidente chama de “filtro”, em nome da velha ”moral” e dos “bons costumes”, especialmente os que exibem aqui e em festivais internacionais uma realidade que não segue a cartilha ideológica moralista, racista, homofóbica e misógina do atual governo. A Lei Rouanet, um dos mais eficientes instrumentos de financiamento das atividades culturais, foi descaracterizada de tal forma que provocou uma redução drástica em sua utilização.

No IPHAN—Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, técnicos com notório saber estão sendo substituídos por pessoas despreparadas, indicadas por políticos aliados ao governo, visando alterar os programas de proteção a sítios históricos, que são alvo de gananciosos interesses territoriais e imobiliários, como também à vida e culturas de comunidades de povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos.

A Fundação Palmares foi entregue a um indivíduo que, além de desconhecer a missão finalística da instituição, se manifestou contra os movimentos negros, negou a existência do racismo, ofendeu personalidades afrodescendentes, entre tantos disparates, que levaram um juiz federal a suspender sua nomeação como presidente da Fundação.

Para a presidência da Fundação Biblioteca Nacional foi nomeada uma pessoa absolutamente estranha ao meio literário, editorial e bibliotecário, que se apresenta como monarquista e detentor de conhecimentos excêntricos, porém sem a titulação acadêmica exigida para a ocupação do cargo.

O Presidente da Funarte não destoa dos colegas, ao emitir um rosário de afirmações bizarras e ofensivas à cultura popular, em nome de um conservadorismo e uma religiosidade subjetiva.

Programas excelentes como Cultura Viva/Pontos de Cultura, Plano Brasil Criativo, Política Nacional de Integração entre Educação e Cultura, Sistema Nacional de Cultura vêm sendo desviados de seus objetivos, enquanto os programas de Livro Leitura, Literatura e Bibliotecas, Política Nacional de Museus, PAC das Cidades Históricas, CEU das Artes, parcerias internacionais, especialmente com os países do Mercosul e os de língua portuguesa, foram simplesmente abandonados ou desatendidos.

Finalmente, a transferência da Secretaria Especial de Cultura para o Ministério do Turismo, aparentemente por questões de incompatibilidades pessoais e não por afinidades técnicas, culminou com a nomeação de um senhor que se destacou na mídia mais por declarações polêmicas e ofensivas à categoria artística do que por algum projeto cultural coerente para o cargo de Secretário da Cultura.

Esse desmonte de estruturas de produção, proteção, preservação e fome acarretará incalculável impacto sobre uma das maiores riquezas do Brasil, que vem a ser sua cultura reconhecidamente criativa: música, artes cênicas, artes visuais, audiovisual em todos os seus formatos, literatura, design, moda, arquitetura, artesanato e manifestações de cultura popular e tradicional, entre outros.

Os signatários deste MANIFESTO apoiam a construção de uma frente democrática na defesa da cultura e firmam seu compromisso de luta:

1. Por uma cultura livre e transformadora que abra espaço para reflexões e questionamentos, preparando a sociedade para enfrentar retrocessos e abusos que vêm sendo cometidos contra os direitos sociais, econômicos, ambientais, políticos, científicos, de saúde e educação já conquistados e expressos na Constituição Federal;

2. Contra todas as formas de censura à liberdade de expressão;

3. Contra todas as formas de autoritarismo e pela defesa intransigente da democracia.

Assinam o COLETIVO LEVANTE DA CULTURA e os seguintes signatários:

Aderbal Freire-Filho
Adyr Assumpção
Alberto Villas
Aldir Blanc
Aloysio Guapindaia
Amanda Leal de Oliveira
Américo Córdula
Amir Haddad
Ana de Hollanda
Ana Elizabeth Bittencourt de Almeida
Ana Luiza Azevedo
Ana Terra
André Boll
Angela Chaves
Aníbal Bragança
Antônia Rangel
Antônio Cícero
Antônio Grassi
Ari Colares
Arrigo Barnabé
Bebeto Alves
Benedito Tadeu César
Bernardo Mata Machado
Caetano Veloso
Caito Marcondes
Carlos Alves Moura
Cecília Garçoni
Célio Turino
Cesar Nunes
Cesaria Alice Macedo
Chico Brown
Chico Buarque
Christiane Ramirez
Cid Benjamin
Cláudia Houara de Castro,
Claudia Leitão
Cláudia Mesquita
Cristiano de Brito Lafetá
Cristina Buarque
Delson Cruz
Denise Viana Pereira
Eleonora Spinato
Eliete Negreiros
Eloi Ferreira
Fábio L. Peixoto
Fábio Henrique Lima de Almeida
Fernando Morais
Francisco Marshall
Galeno Amorim
Giba Assis Brasil
Graça Craidy
Gustavo Spolidoro
Heloize Helena de Campos
Henilton Menezes
Ivana Jinkings
Jayme Vignoli
João Roberto Peixe
Jorge Alan Pinheiro Guimarães
Jorge Furtado
Joyce Moreno
Juana Nunes
Juca Ferreira
Juliano Guilherme
Juliano Smith
Liliana Sulzbach
Luciana Guilherme
Luís Augusto Fischer
Luis Antonio de Assis Brasil
Luís Fernando Veríssimo
Luiz Carlos Felizardo
Luiz Eduardo Robison Achutti
Mano Melo
Manoel Herzog
Marcelo Dino Fraccaro
Marcelo Velloso
Márcio Meira
Marco Acco
Marcus Vinícius de Andrade
Margarete Moraes
Maria Helena Signorelli
Maria Helena Weber
Maria José da Silveira
Marieta Severo
Mário Manga
Milton Hatoum
Mônica Monteiro
Mônica Trigo
Morgana Eneille
Ná Ozzetti
Nei Bonfim
Nei Lopes
Neide Aparecida da Silva
Nilson Chaves
Nora Goulart
Novelli
Oswaldo Mendes
Passoca
Paulo Cesar Feital
Pedro Amorim
Pedro Ortale
Raquel Nascimento
Raul Ellwanger
Rejane Nóbrega
Renato Janine Ribeiro
Rozane Dalsasso
Sérgio Mamberti
Silvana Meireles
Silvia Buarque
Simone Guimarães
Sueli Costa
Tadeu di Pietro
Tarciana Portella
Teco Cardoso
Telma Olivieri
Tetê Moraes
Tuca Moraes
Valesca de Assis
Vitor Ortiz
Xico Chaves
Zé Adão Barbosa
Zélia Duncan
Zoravia Bettiol

Aqui, o link para você assinar a petição:

https://secure.avaaz.org/po/community_petitions/comissao_de_cultura_da_camara_dos_deputados_cultura_em_defesa_do_brasil_1/?lIJElab

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Dois pesos e duas medidas: juiz que censurou Porta dos Fundos recusou-se a censurar “direito de manifestação” de Bolsonaro. https://nocaute.blog.br/2020/01/09/desembargador-que-censurou-o-porta-dos-fundos-ja-foi-contra-a-censura/ Thu, 09 Jan 2020 17:41:45 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=58968 O desembargador Benedicto Abicair, da 6a Câmara Cível do Rio de Janeiro, que ontem determinou a retirada do ar do “Especial de Natal Porta dos Fundos – A Primeira Tentação de Cristo”, atendendo o pedido feito pela Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura, em novembro de 2017, agiu de forma completamente diferente.

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O desembargador Benedicto Abicair, da 6a Câmara Cível do Rio de Janeiro, que ontem determinou a retirada do ar do “Especial de Natal Porta dos Fundos – A Primeira Tentação de Cristo”, atendendo o pedido feito pela Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura, em novembro de 2017, agiu de forma completamente diferente.

Num processo contra o então deputado Federal Jair Bolsonaro, acusado na época de homofobia. Bolsonaro, havia declarado ao programa CQC, na TV Bandeirantes, que não teria um filho homossexual “porque eles foram bem criados”.

O desembargador Abicair deu um parecer afirmando que “numa democracia, não se pode censurar o direito de manifestação”. Divulgado na Netflix desde o final de dezembro, o episódio vinha provocando polêmica nas redes sociais e críticas de setores religiosos por apresentar um Jesus Cristo (Gregório Duvivier) ao lado do namorado Orlando (Fábio Porchat), depois de passar uma temporada no deserto.

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Mais censura: Desembargador manda tirar do ar o especial de Natal do Porta dos Fundos https://nocaute.blog.br/2020/01/08/desembargador-manda-tirar-do-ar-o-especial-de-natal-do-porta-dos-fundos/ Wed, 08 Jan 2020 21:50:49 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=58926 O desembargador Benedicto Abicair, da 6a Câmara Cível do Rio de Janeiro, determinou na tarde desta quarta-feira (8), a retirada do ar do “Especial de Natal Porta dos Fundos - A Primeira Tentação de Cristo”, atendendo o pedido feito pela Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura.

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O desembargador Benedicto Abicair, da 6a Câmara Cível do Rio de Janeiro, determinou na tarde desta quarta-feira (8), a retirada do ar do “Especial de Natal Porta dos Fundos – A Primeira Tentação de Cristo”, atendendo o pedido feito pela Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura.

Divulgado na Netflix desde o final de dezembro, o episódio vinha provocando polêmica nas redes sociais e críticas de setores religiosos por apresentar um Jesus Cristo (Gregório Duvivier) ao lado do namorado Orlando (Fábio Porchat), depois de passar uma temporada no deserto.

Veja o texto rebuscado do desembargador, em sua conclusão: “Por todo o exposto, se me aparenta, portanto, mais adequado e benéfico, não só para a comunidade cristã, mas para a sociedade brasileira, majoritariamente cristã, até que se julgue o mérito do Agravo, recorrer-se à cautela, para acalmar ânimos, pelo que concedo a liminar na forma requerida”.

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JFT: Censura no Pasquim, de novo? https://nocaute.blog.br/2020/01/08/jft-censura-no-pasquim-de-novo/ Wed, 08 Jan 2020 21:14:55 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=58918 No Jornal do Final da tarde desta quarta-feira, Fernando Morais vai falar da volta à censura do jornal Pasquim. Sim, censuraram o Pasquim em pleno 2020. E temos outros assuntos: O balde de água fria que Trump jogou no conflito entre Estados Unidos e Irã e, nessa confusão toda, o que será que o presidente Bolsonaro está achando dessa quase-guerra?

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No Jornal do Final da tarde desta quarta-feira, Fernando Morais vai falar da volta à censura do jornal Pasquim. Sim, censuraram o Pasquim em pleno 2020. E temos outros assuntos: O balde de água fria que Trump jogou no conflito entre Estados Unidos e Irã e, nessa confusão toda, o que será que o presidente Bolsonaro está achando dessa quase-guerra?

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Jornalistas da TV Brasil denunciam censura interna https://nocaute.blog.br/2019/11/26/jornalistas-da-tv-brasil-denunciam-censura-interna/ Tue, 26 Nov 2019 15:41:21 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=57548 Um grupo de jornalistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), mantenedora da TV Brasil, aquela que Bolsonaro prometeu fechar assim que assumisse a presidência, enviou um documento à diretora-geral da empresa, Cristiane Samarco, questionando a cobertura das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

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Um grupo de jornalistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), mantenedora da TV Brasil, aquela que Bolsonaro prometeu fechar assim que assumisse a presidência, enviou um documento à diretora-geral da empresa, Cristiane Samarco, questionando a cobertura das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Os jornalistas reclamam da demora em noticiar o andamento das investigações, inclusive o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro sobre o assunto. O mesmo documento foi enviado à diretora de Jornalismo, Sirley Batista. Ambas ainda não se pronunciaram.

Atualização:

A jornalista Christiane Samarco informou à redação do Nocaute que: seu nome correto é Christiane e não Cristiane, conforme saiu na nota. E que ela não é diretora-geral da EBC, mas Ombudsman. Nocaute errou.

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Por que o capitão Bolsonaro vai perder a guerra contra a TV Globo https://nocaute.blog.br/2019/11/22/por-que-bolsonaro-vai-perder-a-guerra-contra-a-globo/ Fri, 22 Nov 2019 19:25:54 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=57405 Tudo indica que Bolsonaro, ao prometer destruir a TV Globo, vai dar com os burros n’água. Neste texto o jornalista Fernando Morais, editor do Nocaute – e ácido crítico do caráter monopolista e manipulador da Globo – mostra porque o capitão vai perder essa guerra. Ele poderá dar trabalho e muito prejuízo aos Marinho, mas não quebrará a espinha do grupo. O que a Globo precisa é de regulação, não de censura.

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Tudo indica que Bolsonaro, ao prometer destruir a TV Globo, vai dar com os burros n’água. Neste texto o jornalista Fernando Morais, editor do Nocaute – e ácido crítico do caráter monopolista e manipulador da Globo – mostra porque o capitão vai perder essa guerra. Ele poderá dar trabalho e muito prejuízo aos Marinho, mas não quebrará a espinha do grupo. O que a Globo precisa é de regulação, não de censura.

É possível que Bolsonaro, como eu, considere as Organizações Globo e a família Marinho inimigas do Brasil e dos brasileiros e que assim devem ser tratadas. Primeiro é preciso sublinhar que os motivos que me levam a propagar esse bordão anti-Globo são diametralmente opostos às razões do presidente. Segundo, tenho uma má notícia para ele: pode tirar o cavalo da chuva, capitão, porque você não vai quebrar a rede Globo. Vou tentar explicar por que estou afirmando isto.

Nascida de uma costela da ditadura militar de 1964, em um parto que teve como obstetra o grupo norte-americano Time-Life, a TV Globo esmerou-se, ao longo desse meio século, em ser a porta-voz permanente de interesses antinacionais. Como uma gazeta eletrônica da colônia, tomava-se de fúria quando sentia o cheiro das palavras soberania e nacionalismo. Internamente apoiou as piores barbaridades cometidas pela ditadura contra seus opositores. Jogou todo seu peso contra campanhas populares em que a sociedade pedia o fim da ditadura e a volta das eleições diretas. Vencida nas ruas, vingou-se da população ao manipular escandalosamente o debate entre Lula e Collor, manobra determinante para derrotar Lula na disputa pela Presidência da República. Compelida pela Justiça, foi obrigada a colocar no ar, na voz de Cid Moreira (o Bonner do século passado), três intermináveis minutos de duras respostas do governador Leonel Brizola aos insultos que Roberto Marinho lhe dirigira. Apoiou declaradamente o golpe contra Dilma Rousseff e converteu-se em diário oficial da Lava Jato – mesmo depois que o The Intercept exibiu publicamente as vísceras e a promiscuidade da República de Curitiba. A TV Globo, a propósito, talvez tenha sido a única estação nacional de tevê que deu aos vazamentos do Intercept a mesma importância jornalística que dá ao atropelamento de um cachorro na esquina de uma cidade qualquer.

A ideia de monopólio das comunicações, no Brasil, está umbilicalmente associada à Rede Globo de Televisão. E, de fato, a Globo tem todos os elementos para ser considerada, senão monopólio, pelo menos parte de um oligopólio, com mais dois, no máximo três participantes. Isso salta aos olhos de qualquer brasileiro que ligue a TV aberta e zapeie pelos diversos canais. Se olharmos com lupa o arranjo jurídico do nosso sistema de televisão aberta, entretanto, a realidade irá se mostrar mais complicada do que parece à primeira vista.

Quando o governo do presidente argentino Néstor Kirchner enfrentou o Grupo Clarín e impôs-lhe várias derrotas, o principal instrumento foram as leis de defesa da concorrência. Mas a situação na Argentina é diferente da brasileira. Em primeiro lugar, a TV aberta não tem na Argentina o peso que tem no Brasil. Nossos hermanos gostam mesmo é de TV por assinatura. Além disso, no país vizinho é permitido que uma mesma empresa ofereça TV aberta e TV por assinatura, o que é proibido no Brasil. Assim, o grupo Clarín domina na TV aberta, com os principais canais, e também na TV a cabo, com o Multicanal, o maior do país. Clarín também detém dezenas de licenças de rádios por todo o país e publica mais de uma dezena de jornais.

No Brasil, empresa de TV por assinatura não pode operar TV aberta. E apesar do grande crescimento da TV por assinatura, a TV aberta reina ainda, sem sinais de que isso mude no curto prazo. E a audiência da TV aberta está concentrada em apenas três ou quatro grandes redes, embora, formalmente, existam catorze empresas classificadas como redes nacionais.

Para entender os mecanismos dessas redes, é bom olhar alguns aspectos que estão nas leis ou mesmo na Constituição. Em primeiro lugar, a Constituição não permite participação de capital estrangeiro com mais de 30% em empresas de comunicação. Tenho sérias dúvidas sobre a quem essa regra beneficia mais. Até recentemente, o setor de empresas aéreas também tinha essa limitação de 20% de capital estrangeiro. Dilma Rousseff mandou para o Congresso uma PEC para permitir até 49% de capital estrangeiro nas aéreas. Depois do golpe, Temer mudou a proposta para permitir que até 100% de uma empresa de transporte aéreo pertença ao capital estrangeiro. A elevação não parece ter produzido grande impacto no setor. 

Representantes dos principais grupos no setor de comunicações se recusam sequer a ouvir falar em aumento do limite de participação porque, obviamente, isso permitiria a entrada de novas empresas e o aumento da concorrência. Minha percepção, porém, é de que vários grupos pequenos adorariam que fosse alterada a Constituição para venderem 50% ou até mais para estrangeiros. 

Outro limite imposto pelo Código Brasileiro de Telecomunicações é que uma pessoa ou grupo não pode deter a posse de mais de cinco concessões de emissoras de TV. É bom observar que a Globo mesmo, a família Marinho, só possui cinco geradoras de TV no Brasil. Associadas a estas, centenas de retransmissoras que, como o nome diz, não produzem conteúdo, apenas o retransmitem. Segundo declarou o próprio dono, João Roberto Marinho, na festa do 50º aniversário do Jornal Nacional, a Globo mantém, espalhadas por todo o território nacional, nada menos que 117 repetidoras – atenção, o nome correto é “afiliadas” – que levam o sinal da Vênus Platinada a cem milhões de brasileiros. O certo é que existe o limite e a família tem cinco emissoras, ou geradoras. 

A “afiliação” a que se referiu Marinho é o mecanismo pelo qual as geradoras da Globo produzem e transmitem sua programação, que as “afiliadas” retransmitem através de suas geradoras ou de estações retransmissoras, que são milhares no país. Essas retransmissoras são ligadas às geradoras, ou seja, uma grande rede é formada pela união de geradoras estaduais e suas retransmissoras regionais e locais, que retransmitem o conteúdo que é gerado pela Globo. Essas geradoras estaduais também produzem conteúdos locais, em percentual muito pequeno, mas o fazem. Esse mecanismo é também usado pelas outras redes. Há casos de redes com apenas uma geradora e retransmissões por todo o Brasil.

Não parece impossível que os Marinho aproveitem os infortúnios impostos por Bolsonaro para vender suas geradoras, em parte ou no todo, já que eles têm projetos de atuar como empresa de internet, nos moldes da Netflix ou de outras gigantes do setor. Produziriam conteúdo e venderiam para assinantes. Basta observar como estão investindo forte no Globoplay, que nada mais é do que uma mini Netflix, só que com conteúdo mais diversificado (por exemplo, futebol, onde eles ainda conseguem manter quase o monopólio). Mas não parece ser este o projeto no momento. Por via das dúvidas, o multibilionário mexicano Carlos Slim anda costeando o alambrado do Jardim Botânico.

Quando o capitão fala em não renovar a concessão da Globo, nem deve saber que são cinco geradoras, as mais importantes do país, cujas concessões vencem em épocas diferentes, porque não foram concedidas simultaneamente e portanto não caducam ao mesmo tempo. Talvez o Ignorante esteja se referindo à geradora do Rio. Para registrar, as cinco emissoras concedidas às Organizações Globo estão em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Distrito Federal e Recife. São estas as concessões que os Marinho detêm. Tome-se como exemplo o caso da Bahia: a concessão da TV Bahia (com cinco geradoras no Estado e um número enorme de retransmissoras), não pertence aos Marinho, mas à família do falecido senador Antônio Carlos Magalhães, avô do atual prefeito de Salvador, associada a outro grupo. São “afiliadas”, retransmitem o conteúdo que vem da Globo, usam o mesmo nome e geram algum conteúdo regional.

Em São Paulo o sistema de “afiliação” urdido pela família Marinho no estado mais forte da Federação, economicamente falando, e o mais populoso, é capitaneado pela geradora de São Paulo (que cobre a grande região metropolitana) e por mais quatro grupos regionais, que não pertencem aos Marinho, sediados em Campinas, Bauru, Santos e Vale do Paraíba (esta última “afiliação” foi repassada pela família para a TV Vanguarda, de Taubaté, de propriedade de um dos criadores da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni).

O mesmo ocorre no Rio Grande do Sul com o fortíssimo grupo RBS, pertencente à família Sirotsky. E isso se repete em todos os estados ou regiões – como no Norte, em que a Rede Amazônica está presente em quase todos os estados, ou no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, cobertos por uma única rede regional que retransmite… a TV Globo. 

Quando fala em não renovar ou em fragmentar a Globo, o capitão revela ignorância sobre esses mecanismos. Ao ameaçar “não renovar a concessão da Globo” ele pode estar se referindo à Globo do Rio. Mas os Marinho ainda permaneceriam como concessionários de outras quatro geradoras que poderiam continuar produzindo conteúdo e transmitindo, inclusive para o Rio, por meio de “afiliadas” que não pertencem aos Marinho. 

É bom lembrar que a Rede Globo, formada pelas geradoras centrais e suas “afiliadas” no Brasil inteiro, não é um grupo de amigos ou de gente que se juntou por afinidades políticas ou coisa parecida. Essas relações são regidas por contratos e regras que permitem a todos manter viáveis seus negócios. É comum nos referirmos à existência de catorze redes nacionais, mas o que nem todos sabemos é que muitas das “afiliadas” regionais da Globo são muito mais fortes, sob todos os aspectos, do que várias dessas redes. Portanto, não será cassando uma concessão com um golpe de força que o governo vai destruir o império dos Marinho e os arranjos econômicos e jurídicos que o regem.

É bom destacar que, da forma hoje organizada, qualquer das regionais pode operar como cabeça de rede, ou seja, transmitir de determinada localidade para o Brasil inteiro. Assim, se o capitão cassar uma geradora da Globo, isso não impedirá que a rede siga operando a partir de outra, pertencente ou não aos Marinho. Sem contar que muitos eventos (hardnews, futebol internacional, automobilismo, a posse do novo Papa, a eclosão de uma guerra) são transmitidos por satélite, mecanismo que pode ser acionado a qualquer tempo. Em outras palavras: quem ameaça destruir a Globo por meio da não renovação de concessões, não sabe do que está falando.

É preciso ressaltar que, mesmo conseguindo desfazer parte desse cipoal, a retomada de uma concessão tem que passar pelo Congresso, em cujos anais não há um só registro de cassação. É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que o Congresso brasileiro cassar uma concessão da Globo. Talvez isso ocorra porque, embora seja proibido por lei, dezenas de deputados e senadores são concessionários de rádios e tevês. 

Segundo levantamento da organização Intervozes, na atual legislatura há 26 congressistas, entre senadores e deputados federais, que são detentores diretamente (como “acionistas minoritários”) de canais de tevê e rádio nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Essa lista vai de figuras vistosas da política nacional como o ex-presidente da República, Fernando Collor, até a anônimos parlamentares do chamado “baixo clero”, passando por ex-governadores e presidentes de partidos. Calcula-se que o inventário da Intervozes poderia chegar a 150 parlamentares se à lista forem acrescentados os congressistas que se valem de testas de ferro. 

E os membros da base de apoio de Bolsonaro que não detêm canais, por que votariam contra a não-renovação de uma concessão da Rede Globo?  Até as corujas que piam nas noites brasilienses conhecem o poder de construção e destruição de reputações da Globo, uma máquina de intimidação que certamente seria levada em conta na hora de votar pela degola. Se o bote ainda não foi dado é porque Jair, que foi deputado por quase três décadas, sabe muito bem que no Congresso ele jamais conseguirá apoio para peitar os Marinho. Ao contrário, a tendência será vermos filas de deputados e senadores disputando um segundo de aparição no Jornal Nacional como defensores da “liberdade de informação”. 

Supondo, finalmente, que o capitão consiga superar esses obstáculos e barrar a renovação de uma concessão. E aí? Pela lei, ele terá que abrir licitação pública do espaço – que só poderá ser adquirido por quem ainda não tenha cinco emissoras. O valor mínimo será definido tecnicamente e a venda da concessão se dará por leilão. Adquirir a concessão de uma geradora no Rio pode custar centenas de milhões de reais. Batido o martelo, o feliz comprador fará o que com a geradora? Quem pagaria uma fortuna dessas para ficar com apenas um toco de rede? O comprador teria que se associar a outra rede menor e recomeçar quase do zero – o que inviabilizaria o investimento do ponto de vista econômico. Se não aprender esse bê-á-bá, Jair corre o risco de embarcar com suas bravatas numa canoa furada e perder a guerra que declarou aos herdeiros de Roberto Marinho.

E há questões pontuais que ajudam a complicar a operação. Por exemplo: o festejado Projac, com seus estúdios e sua capacidade de produção, é propriedade da mesma empresa geradora? Nada impede que o Projac tenha um CNPJ e a Globo, outro. Isso significa que, mesmo que Bolsonaro mande empastelar a Globo do Rio, os Marinho continuarão produzindo novelas, Globo Rural, Globo Repórter, Faustão, Luciano Huck  e tudo o mais que produzem hoje. O que parece um detalhe contábil adquire importância quando se sabe que produção de conteúdo não é concessão de ninguém e não está sujeita a renovação.

A fanfarronice intimidatória de Jair contém uma contradição: o capitão vocifera para a Globo mas afirma ser contra qualquer regulação da mídia. Um governo sério e comprometido com a democracia – o que decididamente não é o caso do atual – pode e deve propor rigorosas medidas reguladoras para aprimorar a TV, serviço prestado sob concessão pública. Um dos alvos de uma regulação que nem o PT ousou implantar deveria, entre muitas outras exigências, atacar a concentração da produção que obriga todos os brasileiros a verem programas produzidos no Rio de Janeiro. Seria salutar uma medida legal que obrigasse as geradoras estaduais ou regionais a produzir maior percentual de conteúdo, gerando empregos, renda e, principalmente, reforçando a identidade dessas regiões. Um parágrafo de cem palavras seria suficiente para evitar que o telespectador de Santa Maria da Boca do Monte, no interior do Rio Grande do Sul, ou de Tumucumaque, na Amazônia, seja obrigado a engolir todos os dias os costumes e a cultura do Jardim Botânico way of life. 

A própria definição legal de rede tem que ser revista para valorizar o interesse regional ou de outro segmento nas transmissões. Por exemplo, hoje um afiliado da Globo é obrigado a transmitir, em qualquer lugar, a mesma programação nacional. Um afiliado não pode transmitir no Rio Grande do Sul um jogo do Grêmio ou do Internacional, se a Globo nacional estiver transmitindo jogo a partir do Rio ou de outro estado. É preciso que haja limite ao direito de impor conteúdos nacionais às redes regionais. Aliás, o Estado brasileiro precisa quebrar o monopólio de transmissões de futebol. Se olharmos a regulação americana, é permitida a venda a um só canal, para a transmissão do Superbowl, a grande final do campeonato de futebol americano. Mas durante o campeonato, esse monopólio é proibido e os vários canais dividem as transmissões, de maneira a que o telespectador tenha o maior número de escolhas. Aqui, a Globo compra os direitos de transmissão e transmite se quiser. Se não transmitir, ninguém pode fazê-lo.

A propósito ainda de conteúdo veiculado, uma regulação séria devia proibir ou limitar muito a venda de horário nos veículos concessionados. Hoje há redes que alugam quase todo o seu horário para igrejas ou para empresas de televendas. Em alguns casos, 24 horas do dia. Está claro que o concessionário não cumpre suas funções, apenas mercantiliza e ganha com o aluguel do horário, faturando milhões com isso.

Outra medida indispensável em uma proposta democrática de regulação da mídia seria copiar o modelo norte-americano e proibir a chamada propriedade cruzada: quem é dono de jornal não pode ser concessionário de rádio ou tevê. Quem é concessionário de TV não pode ser concessionário de rádio, e vice-versa. A razão da exclusão dos donos de jornais das disputas de rádios e tevês está inscrita na história da própria família Marinho: o jornal O Globo só deixou de ser um provincial veículo de alcance restrito ao Rio e transformou-se num jornal de importância nacional graças à propaganda exibida… na Rede Globo e nas estações de rádio do grupo. É como tirar dinheiro de um bolso e enfiá-lo no outro.  

A ação de um governo democrático teria que interferir também num jabuti conhecido pela alcunha de BV – o Bônus de Volume, instrumento claramente contrário ao sistema de livre concorrência tão defendido pela família Marinho. Prática realizada no passado por baixo dos panos, o BV foi convertido em lei, o que permite à Globo (ou a qualquer geradora que tenha o poder de fogo dos Marinho) negociar o volume das verbas publicitárias que será aplicado na sua rede. Trocando em miúdos, o BV permite que a Globo bote as agências de publicidade na parede e exija que a maior parte do bolo seja aplicada na Globo, sob pena de não aceitar nenhuma campanha da agência. Em troca, a agência de publicidade recebe um Bônus de Volume, codinome da comissão paga sobre o total aplicado na Rede. Submetido ao crivo do CADE, o BV dificilmente sobreviveria.

Nas verbas publicitárias da área pública federal (Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Ministério da Saúde etc), o BV não tem grande influência. No governo federal, o histórico da veiculação de publicidade oficial mostra que, quando Lula tomou posse, em 2002, a Globo recebia cerca de 60% do total investido pela União em publicidade, apesar de ter aproximadamente 42% da audiência. Isso foi objeto de renegociações – e de muitos conflitos – mas no final do governo Lula, com o ministro Franklin Martins à frente da SECOM, a Globo viu sua fatia do bolo reduzida a 40% dos recursos, o correspondente a seu percentual de audiência. Esse sistema, conhecido como mídia técnica, foi mantido no governo Dilma, com a ministra Helena Chagas na SECOM, período em que a Globo recebeu menos de 40% dos recursos de publicidade do governo, cifra equivalente ao seu percentual de audiência registrado naquele momento.

Segundo a Folha de S.Paulo de 12 de novembro de 2019, um relatório do TCU registra que, em 2018, a Globo recebeu 39,1% de todos os recursos de publicidade federal, números que, em 2019 (em dados ainda parciais), caíram para 16,3%. Ao longo dos primeiros dez meses do atual governo, os percentuais atuais da Record e do SBT aumentaram em relação a 2018. O relatório do TCU foi elaborado por iniciativa do Ministério Público, que questiona os critérios da partilha dos recursos entre os diversos veículos. Ninguém precisa ter MBA em Economia para ver que o capitão não adota a mídia técnica. A dele é a mídia binária: destina-se o grosso dos recursos para os “amigos”, ao mesmo tempo em que tenta-se asfixiar economicamente os “inimigos”. Resta esperar a opinião do TCU a respeito dessa partilha leonina quando o ano de 2019 chegar ao fim. 

A verdade é que Bolsonaro tem divergências com a Globo e com outros veículos e tenta resolvê-las com métodos milicianos. Além da Globo, brigou com a Folha de S.Paulo e proibiu os órgão públicos de assinarem ou de “clipparem” notícias do jornal – veículo que é propriedade privada e não depende de concessão pública. Ou seja, para o governo atual está proibido até mesmo ler a Folha. Não se trata de qualquer formalidade. O presidente não assinou decreto ou medida provisória banindo a Folha. Apenas anunciou a decisão em uma entrevista e não se fala mais nisso. Não proibiu que se assista à Globo nas repartições, provavelmente porque ficaria visível a desobediência.

Mas a maneira miliciana de agir está escancarada é na incitação de Bolsonaro para que empresários caudatários do governo deixem de anunciar na Folha e na Globo. Aqui, o presidente resvala claramente para a ilegalidade. Ao coagir agentes econômicos a cortarem publicidade em veículos, pode ser acusado de abuso de poder ou de autoridade. Isso claramente não é da competência do governo e ele pode ser processado pela iniciativa. Mas aparentemente nada disso vem ao caso para o Ministério Público. 

Além de ilegal e antidemocrática, trata-se de uma estratégia condenada ao fracasso. Poucos empresários terão musculatura suficiente para enfrentar veículos como a Globo ou mesmo a Folha ao comprar a briga do governo e misturar seus negócios com ideologia e preferência política. Todos sabem que um governo dura quatro anos, enquanto a Folha está prestes a completar cem. O capitão deveria mirar-se no exemplo de Laudo Natel, ocorrido no começo dos anos setenta. O então governador paulista mandou cortar os anúncios oficiais nos jornais da família Mesquita (Estadão e Jornal da Tarde) e chegou a proibir a distribuição dos dois veículos aos passageiros da VASP, empresa aérea pertencente ao governo de São Paulo. Os Mesquita ignoraram solenemente a minúscula vendeta e continuaram sentando a borduna no governo Natel. Quase meio século depois o Estadão continua de pé, ainda que trôpego, e é possível que a maioria da população não saiba responder quem foi Laudo Natel. São mínimas, quase nulas, as chances de que Bolsonaro consiga desmerengar a Globo adotando essa estratégia. O mais provável, pelo andar da carruagem, é que o jornalismo dos Marinho – jornalismo da mais baixa qualidade, na minha opinião – continue criticando o governo do capitão e sobreviva a ele. O que a Globo precisa é de regulação, não de censura.

(Texto atualizado em 25 nov. 2019)

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A arte da manipulação https://nocaute.blog.br/2019/10/09/a-arte-da-manipulacao/ Wed, 09 Oct 2019 12:59:03 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=55439 Será que o óleo nas nossas praias veio mesmo da Venezuela?
Será que todos os brasileiros sonham e querem a reforma da Previdência?
As privatizações serão mesmo a salvação da pátria?
Qual é a verdadeira briga de Bolsonaro com o seu partido?
Nocaute no Jornal Nacional! Chico Malfitani passa pra você o JN à limpo.

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Será que o óleo nas nossas praias veio mesmo da Venezuela?
Será que todos os brasileiros sonham e querem a reforma da Previdência?
As privatizações serão mesmo a salvação da pátria?
Qual é a verdadeira briga de Bolsonaro com o seu partido?
Nocaute no Jornal Nacional! Chico Malfitani passa pra você o JN à limpo.

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JFT: A censura está voltando, devagarinho. https://nocaute.blog.br/2019/09/13/jft-a-censura-esta-voltando-devagarinho/ Fri, 13 Sep 2019 21:45:09 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=54298 Hoje no JFT Fernando Morais e Alberto Villas falam da nova censura do governo Bolsonaro: a embaixada brasileira em Montevidéu vetou a participação do filme “Chico: Artista Brasileiro”, no Festival Cine de Brasil 2019. E o filme Marighella, que ia estrear dia 20 de novembro, não vai mais, por problemas burocráticos. Tem também o pibinho do Bolsonaro que encolheu 0.6 por cento. Tem o Sergio Moro sendo fritado a cada dia. E tem Copidescando ao vivo.

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Hoje no JFT Fernando Morais e Alberto Villas falam da nova censura do governo Bolsonaro: a embaixada brasileira em Montevidéu vetou a participação do filme “Chico: Artista Brasileiro”, no Festival Cine de Brasil 2019. E o filme Marighella, que ia estrear dia 20 de novembro, não vai mais, por problemas burocráticos. Tem também o pibinho do Bolsonaro que encolheu 0.6 por cento. Tem o Sergio Moro sendo fritado a cada dia. E tem Copidescando ao vivo.

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