Mundo – Nocaute https://nocaute.blog.br Blog do escritor e jornalista Fernando Morais Tue, 19 Jan 2021 17:21:34 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.7.2 https://nocaute.blog.br/wp-content/uploads/2018/06/nocaute-icone.png Mundo – Nocaute https://nocaute.blog.br 32 32 Apresentação do último capítulo, com um anexo, da série: A covid-19, o Estado e a pobreza https://nocaute.blog.br/2020/08/01/apresentacao-do-ultimo-capitulo-com-um-anexo-da-serie-a-covid-19-o-estado-e-a-pobreza/ Sat, 01 Aug 2020 16:30:08 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=69801 O isolamento para reduzir a mortandade provocada pelo novo coronavírus levou à paralisação das economias e à necessidade de os governos intervirem para, em primeiro lugar, salvar os mais pobres. Como, nesse mundo tão desigual em que vivemos? A resposta foi anunciada para sete artigos em três capítulos. Nocaute hoje completa o trabalho, com o sétimo artigo, a segunda parte do terceiro capítulo. E acrescenta à série um documento especial: o chamado “livro branco” do governo chinês sôbre a crise do novo coronavírus no país.

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O isolamento para reduzir a mortandade provocada pelo novo coronavírus levou à paralisação das economias e à necessidade de os governos intervirem para, em primeiro lugar, salvar os mais pobres. Como, nesse mundo tão desigual em que vivemos? A resposta foi anunciada para sete artigos em três capítulos. Nocaute hoje completa o trabalho, com o sétimo artigo, a segunda parte do terceiro capítulo. E acrescenta à série um documento especial: o chamado “livro branco” do governo chinês sôbre a crise do novo coronavírus no país.

Capítulo 3 – Duas histórias sobre a pandemia
Parte 2 – Considerações sobre o livro branco do governo chinês que trata da epidemia do novo coronavírus

A ideia geral desta série sobre a pandemia do novo  coronavírus era descrever a proteção aos mais pobres por diferentes tipos de estados. O primeiro capítulo, em três partes, com uma reportagem na Rocinha, Rio de Janeiro, tratou da ajuda emergencial aos pobres do estado brasileiro, um país capitalista em desenvolvimento. Os artigos 4 e 5, do capítulo 2  analisaram os serviços de proteção aos pobres no país capitalista mais rico do mundo, os EUA. O capítulo 3 trata da China, um país socialista dirigido por um partido, o Partido Comunista da China. E tem duas partes: a primeira, o sexto dos sete artigos prometidos, descreveu, do ponto de vista dos dois mais altos dirigentes da política externa americana, o presidente Donald Trump e seu secretário de Estado Mike Pompeo, o que seria a responsabilidade da China, o país onde a atual pandemia nasceu, por não ter cortado pela raiz a propagação do novo coronavírus. Este último artigo da série é um comentário sobre o chamado “livro branco” do governo chinês sobre a crise do novo coronavírus no país. É um documento extenso: tem  mais de 70 páginas. O autor desta série o leu, na versão da agência chinesa Xinhua, em inglês. Traduziu para o português com a ajuda do Google Translator e fez a revisão final do texto assim produzido. E, com o editor do Nocaute, Fernando Morais, considerou útil para os brasileiros preocupados com o futuro do País, a sua divulgação. O documento chinês é então apresentado como um anexo no encerramento da série.

Números da pandemia da Covid 19: proporção de mortos por habitante, até agora, final de julho de 2020: China, 1 para cada 300 mil habitantes; Brasil, 100 vezes mais, 1 para cada 3 mil habitantes: e Estados Unidos, 150 vezes mais, 1 para cada 2 mil habitantes. Para entender como isso aconteceu é preciso ver

A história contada pelos chineses

A pandemia da Covid 19, a doença causada por um vírus de tipo novo, começou na China, não há dúvida. O presidente americano Donald Trump e seu escudeiro, o secretário de Estado Mike Pompeo, como vimos nesta série, disseram que os Estados Unidos foram atacados pelo vírus, porque a China, que deveria ter impedido a sua propagação imediatamente, não o fez. Acusado publicamente, o governo chinês respondeu com um documento que chamou de “livro branco”, termo usado geralmente por instituições nacionais para aprofundar a análise de um problema e esclarecer sua posição. 

Parte da acusação vem de uma boa história, mal contada pelo semanário inglês, The Economist, na sua página de obituários, na edição de 13 de fevereiro deste ano. Ela resume a vida do doutor Li Wenliang, oftalmologista do Hospital Central de Wuhan, que teria sido, diz a revista “um dos primeiros a advertir sobre um novo coronavírus” e morreu no dia 7 de fevereiro, internado naquele mesmo hospital, aos 33 anos.

A revista, a melhor de seu tipo pode-se dizer, é de orientação liberal e anticomunista e, talvez por esse motivo, deixou de ver aspectos essenciais da história, como procuraremos demonstrar. O médico estava no hospital, quando se formou ali, em isolamento, o primeiro grupo de doentes internados com os mesmos sintomas de pneumonia grave e o mesmo antecedente, de terem passado pelo mercado de frutos do mar da cidade. Habituado a repassar pela Weibo, uma rede social chinesa, as novidades do dia para um grupo de amigos egressos da mesma universidade de Wuhan, Wenliang postou, no final do dia 30 de dezembro, ligando a quarentena no hospital ao surto de SARS  (Severe Acute Respiratory Syndrome, síndrome respiratória aguda grave) ocorrido na China entre 2002-2003, o seguinte texto: “Sete casos de SARS no Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Wuhan”. 

Na mesma noite do dia 30 de dezembro, uma segunda feira, em função da repercussão do seu post que, como se diz, viralizou na internet, o médico foi chamado para dar explicações aos dirigentes do hospital. Foi criticado, mas não foi punido, multado ou afastado de sua posição. E, na mesma semana, no dia 3 de janeiro, uma sexta-feira, foi chamado para um depoimento na polícia. 

Neste, diz a Economist, ele foi liberado depois de acabar fazendo duas afirmações: que concordava com a avaliação de que espalhar rumores que prejudicassem a ordem pública era uma atividade ilegal; e que, se repetisse o feito, seria punido com base na lei. Essa história, graças ao grande alcance internacional da Economist, transformou Wenliang num herói para os críticos da China, tanto os ideológicos anticomunistas tradicionais, como os de ocasião.  

O necrológio de Wenliang na Economist é um exemplo dos problemas dessa narrativa. Ele apresenta o médico, de modo convincente, como uma pessoa ingênua e de boa fé. E também um pouco descuidado e precipitado. Ele acabou morrendo no mesmo hospital no dia 10 de fevereiro  depois de ter tratado um caso de infecção nos olhos grave, numa idosa de 82 anos, sem máscara, por não ter percebido os sinais da pneumonia que ela apresentava e que acabou transmitindo a ele, justamente a nova doença. Wenliang se apressou na divulgação de seu post no dia 30: uma hora depois de tê-lo publicado, o corrigiu. A revista diz, a propósito dessa correção: “embora se tratasse de um coronavírus”, como o da SARS, o vírus “ainda não havia sido identificado”. 

Como a Economist ou o doutor Wenliang poderiam saber que o vírus era do tipo coronavírus já no final do ano passado? As autoridades médicas do Hospital Central e da cidade de Wuhan colocaram sob quarentena um grupo de doentes com pneumonia grave, do início dessa nossa história, depois de examiná-los e com alguns exames laboratoriais entre meados e 27 de dezembro quando fizeram um primeiro comunicado de alerta sobre a doença. Mas notificaram que se tratava de “uma pneumonia viral de origem desconhecida”. 

Uma pneumonia grave pode ter origem bacteriana. Mas a bactéria é, comparativamente, bem maior, mais fácil de identificar: um vírus, não; se mede em nanômetros, milionésimos de metro, e não em microscópios comuns, mas eletrônicos. Um vírus e sua ação não se identificam por conjecturas, mas em observações por pessoal especializado e processos técnicos e científicos sofisticados. É claro, também, que acima dessas instâncias, para se prevenir dos malefícios do vírus, é preciso ter a direção administrativa e política correta, se se trata, como no caso, de um fato com claras repercussões nacionais e mesmo internacionais. E é verdade também que esta direção não pode se guiar, nas questões técnicas e científicas, por sua própria ignorância – como foram os casos, no Brasil e nos EUA dos governo democráticos dos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump. 

Na luta contra o coronavírus, o exemplo dado pela China, dirigida pelo governo de um partido comunista presidido por Xi Jinping é extraordinário, em diversos aspectos. Destacaremos dois pontos do livro branco chinês, começando por esse problema inicial: qual era o vírus?

1. A identificação do novo coronavírus

No dia 27 de dezembro – três dias antes do post do doutor Wenliang, portanto – o Hospital Provincial de Medicina Chinesa e Ocidental de Wuhan relatou casos do que chamou “pneumonia viral de causa desconhecida” ao Centro de Prevenção e Controle de Doenças da região. O governo da cidade de Wuhan reuniu especialistas locais para analisar esses casos através do exame das condições e história dos pacientes, de investigações epidemiológicas e de resultados preliminares de testes laboratoriais. A conclusão foi a de que eram casos de uma “pneumonia viral de causa desconhecida”. Ou seja, era uma doença causada por vírus, mas não se sabia qual.

Três dias depois, a 30 de dezembro, quando o doutor Wenliang fez o seu post na Weibo, a Comissão de Saúde da Cidade de Wuhan emitiu um “Aviso Urgente” sobre o tratamento de pacientes com a “pneumonia de causa desconhecida”. Após tomar conhecimento desses fatos, a Comissão Nacional de Saúde da China, no último dia do ano, diz o documento chinês “nas primeiras horas do dia 31”, “tomou providências para enviar um grupo de trabalho e uma equipe de especialistas a Wuhan para orientar sua resposta à situação e conduzir investigações no local”.

O site do hospital onde os doentes estavam internados divulgou logo a seguir uma Circular de Informações instando a população a ficar longe de locais públicos fechados com pouca ventilação e de locais onde grandes multidões se reunissem e também sugeriu o uso de máscaras na circulação de pessoas.  

O caso, a seguir, tornou-se preocupação nacional. A Comissão Nacional de Saúde da China formulou diretrizes sobre “detecção precoce, diagnóstico precoce e quarentena precoce para prevenção e controle da pneumonia viral de causa desconhecida”. E, pouco depois, o Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças e a Academia Chinesa de Ciências Médicas receberam o primeiro lote de amostras de materiais para exame, tirados de quatro pessoas do grupo de doentes de Wuhan e iniciaram o processo de identificação do patógeno.

No dia 3 de janeiro, quatro instituições de Wuhan iniciaram testes laboratoriais paralelos das amostras e dois dias depois o resultado desses exames foi divulgado e descartou patógenos respiratórios conhecidos: influenza, influenza aviária, adenovírus, coronavírus da SARS, e coronavírus da MERS, Síndrome Respiratória do Oriente Médio como causa da doença. A conclusão final saiu mais dois dias depois, a 8 de janeiro, quando uma equipe especial designada pela Comissão Nacional de Saúde da China afirmou que o provável causador da doença que surgia era, como o da SARS, um coronavírus, mas de novo tipo. E, no dia seguinte, essa informação foi divulgada. Ao receber a informação, a Organização Mundial de Saúde, a colocou em seu site e a aplaudiu: a identificação de um novo coronavírus em um período tão curto de tempo era, disse a OMS, “uma conquista notável”. E, no dia 12 de janeiro, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, a Academia de Ciências Médicas da China e o Instituto de Virologia de Wuhan, na condição de agências designadas do Centro Nacional de Saúde da China, enviaram à OMS a sequência de genes do genoma completo do novo coronavírus. Finalmente, entre os dias 18 e 19 de janeiro, uma equipe nacional de especialistas em medicina e controle de doenças reunida em Wuhan pela Comissão Nacional de Saúde da China, após exames, debates e deliberação, concluiu, no meio da noite do dia 19, que a transmissão do vírus entre humanos era a causa de sua rápida disseminação.

2. O fechamento de Wuhan e de Hubei

Wuhan é uma grande cidade, tem cerca de 10 milhões de habitantes. É a capital de Hubei, uma das 22 províncias da China, que tem perto de 60 milhões de habitantes. Fechar a cidade e a província, para entrada e saída apenas de pessoas autorizadas, para evitar o espalhamento do vírus pelo país de pessoa para pessoa, como anunciado pelo presidente Xi Jinping a 22 de janeiro, foi a decisão mais drástica das inúmeras que o governo chinês tomou. E desempenhou papel crítico na vitória do povo chinês contra o vírus.

Foi necessário garantir o suprimento de bens e serviços essenciais para os milhões de moradores da cidade e da província e, especialmente na capital, onde a determinação oficial era “não sair de casa”. Alimentos e outras necessidades domésticas tiveram que ser organizados. Wuhan tem 2,4 milhões de domicílios: foi preciso montar um esquema de levar alimentos – grãos, vegetais, carne, ovos e leite até as suas moradias, diz o livro branco chinês. O governo central chinês, os governos locais, 500 empresas, todas as associações comunitárias, todas as 4,6 milhões de organizações de base do Partido Comunista da China, todos os seus militantes foram chamados a participar, diz o livro branco. “De 27 de janeiro a 19 de março, 928.800 toneladas de materiais de prevenção e controle de epidemias e necessidades diárias foram transportadas de todo o país para Hubei via ferrovia, rodovia, hidrovia, aviação civil e serviços postais expressos. Também foram embarcados produtos a granel, como carvão térmico e combustível, totalizando 1,49 milhão de toneladas”,  diz o documento chinês.  “A partir do fechamento, para Wuhan e Hubei também foram despachadas 346 equipes médicas compostas por 42.600  médicos e 965 trabalhadores de saúde pública de todo o país e das forças armadas”.  Diz ainda o documento num trecho que deveria ser lido pelo presidente Jair Bolsonaro, para tratar de sua mania de levar oficiais das Forças Armadas para Brasília: “O Exército de Libertação do Povo (PLA) enviou mais de 4.000 médicos para Hubei para trabalhar no controle de epidemias. (…) A Força Aérea do PLA despachou aeronaves para transportar suprimentos médicos de emergência. As equipes médicas foram formadas dentro de duas horas após o recebimento do pedido e chegaram aos seus destinos dentro de 24 horas, carregando um estoque de sete dias de materiais de proteção. Na chegada, eles começaram a tratar os pacientes imediatamente”.

Nem tudo deu certo, o documento oficial admite isso, num trecho no qual destaca o papel do Partido  Comunista da China. O partido e suas organizações de base serviram como núcleos de combate à epidemia, diz o trecho do documento: “Com a epidemia colocando as vidas e segurança humanas em perigo os membros do partido atuaram como a vanguarda: mais de 39 milhões de membros do partido combateram o vírus na linha de frente e cerca de 400 defenderam a vida de outros com o sacrifício de suas próprias vidas, E, em seguida, vem a admissão de erros: “As lideranças da Cidade de Wuhan e da Província de Hubei foram trocadas, com alguns dirigentes punidos por irresponsabilidade e não cumprimento do dever”. O documento não entra em detalhes mas, por exemplo, sabe-se que o prefeito de Wuhan e o secretário geral do partido na cidade foram trocados. Um amigo ao qual o autor deste texto mostrou o documento chinês e falou dos afastamentos desses dois líderes de Wuhan foi fez o seguinte comentário: “Não seria o caso de a oposição brasileira pedir o afastamento do presidente Jair Bolsonaro por seu comportamento grotesco na condução de seu governo no combate a esta epidemia que, a essa altura já matou mais de 90 mil brasileiros?” 

É uma boa idéia. 

Lutando contra a Covid-19: a China em ação, documento do Escritório de Informação do Conselho de Estado da República Popular da China,  junho de 2020

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Duas histórias da pandemia https://nocaute.blog.br/2020/08/01/duas-historias-da-pandemia/ Sat, 01 Aug 2020 16:29:57 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=69800 Uma, a de Trump e Mike Pompeo. Outra, a do Governo da China. Primeiro, a história americana.

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Uma, a de Trump e Mike Pompeo. Outra, a do Governo da China. Primeiro, a história americana.

CAPÍTULO 3
Parte 1

No dia 30 de abril, a universidade americana Johns Hopkins, que organizou um banco de dados para acompanhar no dia a dia a pandemia da Covid 19, anunciou que os Estados Unidos tinham, confirmados, 1.039.909 casos de infectados pelo  coronavírus e 60.066 mortes causadas pela doença. No mesmo dia, o presidente americano Donald Trump, numa cerimônia supostamente em homenagem aos idosos, num salão da Casa Branca, tratou da Covid de um modo curioso: disse que o vírus foi o pior ataque que o país já tinha sofrido em sua história e culpou a China por não ter controlado a doença. “Isto é pior do que Pearl Harbour. Isto é pior que o World Trade Center”, disse, referindo-se ao ataque dos japoneses contra a base  americana no Havaí, em 1941, na qual morreram 2.400 soldados americanos e que definiu a entrada do país na Segunda Guerra Mundial e ao ataque dos terroristas islâmicos de Osama bin Laden contra as torres gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque, de 11 de setembro de 2001, que causou cerca de 5 mil mortes. “E (isso, a epidemia) nunca deveria ter acontecido. Isso deveria ter sido parado na China. Deveria ter sido parado na fonte. E não foi.” Logo em seguida, no dia 3 de maio, foi a vez do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, ampliar a versão de Trump sobre a origem da Covid 19. Ele disse ter “enormes evidências” de que o vírus era produto de um laboratório de Wuhan, a cidade chinesa na qual a epidemia começou. “A China tem uma história de infectar o mundo. E tem também um histórico de laboratórios de baixo padrão”, afirmou Pompeo.

Trump e Pompeo tentaram se justificar por não apresentarem provas de acusação tão grave. “Eu não posso lhe dizer”, disse Trump, respondendo a um dos idosos, na cerimônia. “Não é permitido que eu lhes conte isso”, disse, sugerindo não poder revelar altos segredos de Estado. Tanto ele como Pompeo de início sugeriram que o vírus era fabricado, teria sido produto de engenharia genética. Dois de seus principais comandados, no entanto, afirmaram, em seguida, o contrário: o chefe do Estado Maior das Forças Armadas, general Mark Miller, declarou que “o peso maior das evidências aponta para uma transmissão natural do vírus”; e o médico Anthony Faucci, assessor especial de Trump para o combate à doença e diretor do Instituto Nacional de Pesquisa de Alergias e Doenças Infecciosas do país disse também que o conjunto das evidências apontava para um vírus que se desenvolveu na natureza e pulou da transmissão entre animais para a transmissão por humanos.

O governo americano procurou, através de informações de seus órgãos de segurança, mobilizar a opinião pública contra os chineses. O The New York Times noticiou que o Homeland Security Department, o órgão especial criado nos EUA após os atentados contra o WTC, para manter vigilância na defesa do país, planejava acusar a China de “hackear informações”, de roubo de fórmulas de vacinas, de testes de detecção e de métodos de tratamento da doença. O jornal disse ainda que a ação contra os hackers incluía também como alvos “non traditional sectors”, espiões não tradicionais, o que seria uma referência a estudantes e pesquisadores chineses nos EUA agindo contra o país. Isso colocaria sob suspeita centenas de milhares de chineses disse o NYT, criticando a decisão. (Como se sabe, os estudantes chineses nos EUA são centenas de milhares; eram 360 mil no ano letivo de 2017-2018.)

Nesse contexto, uma notícia falsa foi criada e teve grande repercussão nos EUA e mesmo na China. Dois pesquisadores chineses de um Laboratório Nacional de Virologia, em Winnipeg, no Canadá, foram apontados como suspeitos de terem levado o vírus para a China. Uma imagem de duas pessoas, um homem e uma mulher, aparentemente sendo escoltados por policiais na saída de um serviço de saúde do Canadá foi apresentada como sendo de dois cientistas chineses que seriam espiões e teriam levado o vírus para o Laboratório de Wuhan. 

Como isso aconteceu? Como se verá, blogueiros e jornalistas apressados, interessados em provar a história criada pelos altos mandatários americanos, por investigação própria ou ajudados pelos serviços de investigação do governo, foram atrás de dois cientistas chineses ligados à virologia e acabaram encontrando, em Winnipeg, no Canadá, um casal: a doutora Xiangguo Qiu e seu marido Keding Cheng. A doutora Qiu foi para o Canadá para graduação em virologia em 1996. Formou-se e ficou por lá em cursos de especialização.  Atraiu dezenas de estudantes chineses para o Canadá. Trabalha na vanguarda da pesquisa com vírus. Teve participação importante na descoberta do tratamento para o Ebola, vírus que matou 11000 pessoas na África Ocidental, entre os anos de 2014-2016. Seu marido trabalha no hospital de Winnipeg como biólogo e tem artigos publicados nas revistas especializadas sobre vírus como o HIV e os das Severe Acute Respiratory Síndromes (SARS). síndromes respiratórias agudas graves, como a da Covid 19 

Por que a doutora era um alvo ideal? Porque ela, em 2018 e 2019  em duas semanas em cada um desses anos, deu aulas no Laboratório Nacional de Virologia, de Wuhan, a entidade de virologia de nível mais alto da China. E mais ainda, para alegria dos adeptos das teorias conspiratórias: do Laboratório de Virologia do Canadá em Winnipeg, onde a doutora Qiu trabalhava tinham sido enviadas amostras de vírus para a China em março deste ano. 

As acusações foram desmentidas pelo serviço de imprensa da Universidade de Winnipeg e por investigação da polícia federal do Canadá. Foi demonstrado que os vírus enviados para a China eram do ebola e do Henipavirus – estes, isolados de micro morcegos de frutas, que causam doenças em animais domésticos e portanto são ameaças potenciais aos humanos. Foi demonstrado também que, no envio desses vírus para a China tinham sido cumpridas todas as normas de segurança do governo canadense.

Mas a notícia falsa, como se diz, viralizou: uma versão em chinês foi divulgada pelo Tik Tok, aplicativo de largo uso na China, e teve 350 mil visualizações.

Um site especializado em desmontar fake news, da Fact Check Org, analisou o caso que tinha circulado nas mídias sociais com a conclusão de que “um time de espiões chineses” tinha enviou o mortífero coronavírus para Wuhan de um laboratório de pesquisa no Canadá. O site entrevistou por e-mail Eric Morrissette, porta voz da Agência de  Saúde Pública do Canadá que disse que a história era “desinformação” e que não tinha “base factual”. O site cita várias histórias da CBC News, a emissora pública de notícias do Canadá que trataram de aspectos do caso envolvendo a doutora Qiu, de suas viagens à China, mas diz que em nenhum momento essas notícias citam o envio de patógenos para Wuhan. 

Diz o site ainda: em julho do ano passado, a CBC noticiou que “um pesquisador com ligações com a China tinha sido acompanhado para sair do National Microbiology Lab, em Winnipeg, a partir de uma investigação pela polícia federal do país (Royal Canadian Mounted Police, RCMP). O site ouviu a oficial Caroline Duval, dessa polícia. Ela resumiu o caso dizendo: “Não há qualquer investigação da RCMP  ligada ao surto de coronavírus ocorrido na China”. 

A China tem dito que apoia os esforços da Organização Mundial de Saúde de investigar a origem da pandemia. Há muitos sinais também de que o vírus não teve origem na China, disse a porta voz do ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying. “Muitos cientistas ainda não chegaram a uma conclusão. Porque o secretário Pompeo está tirando a conclusão de que o vírus surgiu no laboratório de Wuhan? Onde está sua prova? Mostre-nos a prova?” Ele diz uma coisa agora e diz outra depois. “E a razão do porque ele se contradiz é porque ele está sempre inventando uma mentira para acobertar outra”.

Outra opinião que merece destaque na análise das posições de Trump e seu escudeiro Pompeo é de um especialista em política internacional inglês, Tom Fowdy. Ele escreveu  em março quando a Covid já explodia em Nova Iorque e começava a atingir atingir os EUA pelo outro lado, a partir da Califórnia. O país estava despreparado, ele diz. O vice-presidente Mike Pence admitiu publicamente que o governo não tinha testes suficientes para acompanhar o surgimento de novos casos.Trump, por sua vez, tinha uma postura negligente e repetidamente tentava minimizar o impacto da pandemia, para ver se minimizava o dano econômico. Na medida em que os problemas foram aparecendo ele passou a culpar os suspeitos de sempre colocando a culpa em Pequim. A China não têm  responsabilidade sobre a situação nos Estados Unidos, diz ele. A acusação é oportunismo de Trump; visa  desviar a culpa do fracassos de sua própria administração. A China é um bode expiatório. Seus ingentes esforços para conter o espalhamento do vírus foram muito bem sucedidos e é ilógico culpar os chineses. Trump, na sua obsessão de preservar a economia pensando na sua reeleição, tentou ver a epidemia como uma oportunidade e não uma ameaça.

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A covid-19, o Estado e a pobreza https://nocaute.blog.br/2020/08/01/a-covid-19-o-estado-e-a-pobreza-5/ Sat, 01 Aug 2020 16:29:46 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=69797 O capitalismo se apoia na desigualdade; e, nos últimos anos, ela desembestou no país mais rico do mundo.

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O capitalismo se apoia na desigualdade; e, nos últimos anos, ela desembestou no país mais rico do mundo.

CAPÍTULO 2 – A ajuda à pobreza nos EUA, o país dos muito ricos

Parte 2 – Programas contra a pobreza não faltam; o sistema é que é o problema

Ser pobre é relativo: todos os anos, o governo americano publica suas “US poverty guidelines”, uma espécie de guia para definição do que é ser pobre no país. É uma tabela, com valores em dólares, do limite máximo de renda que a família ou o cidadão isolado precisa ter para ser enquadrado na categoria de pobre. O valor é definido pelo tamanho da família: para este ano, para a família de um só indivíduo, o valor é US$12.760 de renda anual; e essa quantia vai crescendo até US$ 44.130 anuais para a família de oito pessoas (é previsto um acréscimo de US$ 4.480 por pessoa a mais do que oito). A tabela vale para todos os estados americanos e tem ajustes especiais para os casos de Alasca e do Havaí.

Se é pobre, a família ou o cidadão podem ser enquadrados em algumas dezenas de programas de combate à pobreza. Vários dos ministérios do governo americano têm iniciativas desse tipo. O Departamento do Tesouro, que trata das finanças do país, tem quatropor exemplo, o da Clínica para os contribuintes de baixa renda, o qual, por suposto, ajuda os pobres a preencher os formulários da Receita Federal lá deles, todo ano, para não pagarem impostos. O Departamento de Agricultura tem dez. Para as escolas, por exemplo, tem o do lunch, o do breakfest e o das férias (the Summer Food Service Program). Tem ainda um programa para as reservas indígenas; outro para os agricultores idosos; e dois especiais para crianças e suas mães. O setor do governo com o maior número de programas é o DHHS, Departamento de Saúde e Serviços Humanos. Nele está o Medicare, que procura ajudar, com subsídios e assistência técnica, aos pobres que não conseguem pagar seguro-saúde privado, o que é a regra no país. Está também o Medicaid, que ajuda a população de menor renda a pagar visitas médicas, tratamentos emergenciais, medicamentos de uso continuado. No DHHS estão ainda: um programa especial para os veteranos das guerras do país; e outro para ajudar donos de empresa com até 49 funcionários a organizar as contribuições para seguro-saúde de seus assalariados.

Como se vê, programa de combate à pobreza é o que não falta nos EUA. O problema, porém, é outro: é a renda e a riqueza acumulada. O gráfico reproduzido abaixo é de um artigo da Wikipedia, uma organização sem fins lucrativos cuja qualidade de informação é comparável à da Enciclopédia Britânica. Ele dá a distribuição de renda nos EUA a partir de cálculos feitos no terceiro trimestre do ano passado. No eixo vertical está a renda anual das famílias, em dólares. No eixo horizontal está a posição da família numa escala de distribuição de renda em blocos crescentes de 1%, sendo o de 0% a 1% inicial o dos mais pobres de todos e o último, do 99% ao 100%, o dos mais ricos de todos.

O que o gráfico diz, quando examinado com atenção? De zero até cerca de 6% tem uma turma no vermelho, gente que não acumulou renda; ao contrário, ficou devendo no ano que passou. Nesse fundo de poço, na ponta vermelha à esquerda no gráfico, está o 1% do bloco dos mais pobres. Um número anuncia o valor da renda dessa turma: -US$ 80.620 dólares. Ou seja, um saldo negativo de US$ 80.620 no ano. E no extremo oposto, do grupo entre 99%-100%, onde estão os mais ricos, a renda é de US$ 10, 400 milhões por ano. Veja-se também onde ficam os US$ 44.130 que mede o limite para o cidadão ser enquadrado como pobre neste ano, de que já falamos. Ele está aproximadamente na casa dos 35% da população. Ou seja, um terço das famílias do país está na faixa oficial da pobreza.

A renda anual decorre em boa parte da riqueza acumulada [essa explicação é estranha: renda é um fluxo, enquanto riqueza é um estoque – o mais razoável é que o estoque decorra do fluxo]. Pelas contas já citadas, do terceiro trimestre do ano passado, a riqueza americana – bens, veículos, objetos pessoais, negócios, poupança, investimentos – somava 107 trilhões de dólares. Desse total, os 10% mais ricos tinham 70% e os 50% mais pobres apenas 1,6% [é claro: quem tem renda muito baixa não pode acumular riqueza]. Os mais ricos têm também as retiradas mensais, a título de trabalho, mais altas. Um funcionário médio de uma grande empresa precisa trabalhar mais de um mês para receber o que ganha em uma hora o seu executivo principal.

O problema da ajuda aos pobres não é, como pensam muitos, que o auxílio os torna indolentes e lhes roubam o ânimo que eles precisam ter para trabalhar e ficar bem de vida. Robert Reich, um economista que foi secretário do Trabalho no governo americano e fez parte da assessoria inicial do presidente Barrack Obama (2013-2016) divulgou recentemente um documentário intitulado Inequality for All, no qual afirma que 95% dos ganhos resultantes do tipo de ajuste econômico feito para tirar o capitalismo da sua última grande recessão, a de 2007-2009, foram para o 1% mais rico da população. Mais recentemente, diz ainda o artigo da Wikipedia, a Oxfam, uma organização fundada em 1942 e que hoje congrega uma centena de entidades empenhadas no combate à pobreza, publicou um estudo no qual mostra que as oito pessoas mais ricas do mundo, das quais seis eram americanas, tinham uma riqueza acumulada equivalente à do restante da população humana.

O próprio Fundo Monetário Internacional fez uma advertência nesse sentido em trabalho divulgado logo que o Federal Reserve, o Banco Central americano, desenhou o programa chamado de “quantitative easing” de ajuda aos “too big to fail”, aos grandes bancos que não podiam quebrar porque quebrariam o próprio sistema. Em síntese, o Fed disse que um dos seus resultados previsíveis seria a concentração de renda. A concentração está aí, como mostra Reich. Não é que a ajuda aos pobres não tem sentido. Ela serve a milhões de pessoas, mesmo num país muito rico, como os EUA. E, não se pode esquecer, a pobreza é relativa. Uma criança de 10 anos que não pode comprar um celular para jogar com seus amiguinhos é pobre. E muitos não podem. Hoje, 8 de julho, nas Casas Bahia, em oferta, um celular novo, dependendo do tipo, custa entre R$ 950 e R$ 2.800, que podem ser pagos em 10 ou 12 vezes, ou seja, entre perto de 100 e 250 reais por mês.

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Giramundo: Nova Política Nacional de Defesa vê risco de guerra na América do Sul https://nocaute.blog.br/2020/07/21/giramundo-nova-politica-nacional-de-defesa-ve-risco-de-guerra-na-america-do-sul/ Tue, 21 Jul 2020 20:57:42 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=69181 No Giramundo dessa semana, Aline Piva fala sobre documento redigido pelo Ministério da Defesa do Brasil, que aponta risco de conflitos na América do Sul. Tem também o acordo bilionário de recuperação econômica pós-pandemia fechado pela União Europeia. E a pressão, denunciada no último domingo por Evo Morales, sobre as autoridades eleitorais para anular as eleições acordadas para o próximo dia 6 de setembro na Bolívia.

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No Giramundo dessa semana, Aline Piva fala sobre documento redigido pelo Ministério da Defesa do Brasil, que aponta risco de conflitos na América do Sul. Tem também o acordo bilionário de recuperação econômica pós-pandemia fechado pela União Europeia. E a pressão, denunciada no último domingo por Evo Morales, sobre as autoridades eleitorais para anular as eleições acordadas para o próximo dia 6 de setembro na Bolívia.

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Petra Costa a Christiane Amanpour: “Cada novo dia de Bolsonaro custa mais de mil mortes ao Brasil”. https://nocaute.blog.br/2020/07/20/petra-costa-a-christiane-amanpour-cada-novo-dia-de-bolsonaro-custa-mais-de-mil-mortes-ao-brasil/ Mon, 20 Jul 2020 18:09:20 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=69112 Em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, na CNN americana, a cineasta Petra Costa falou sobre sobre o negacionismo de Bolsonaro em relação à Covid-19, seu boicote às medidas dos governadores e prefeitos e seu absoluto descaso com a saúde dos brasileiros. Petra também falou sobre as denúncias de corrupção contra ele e seus filhos, suas ameaças constantes de golpe militar e seu desprezo pelas instituições democráticas.

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Em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, na CNN americana, a cineasta Petra Costa falou sobre  sobre o negacionismo de Bolsonaro em relação à Covid-19, seu boicote às medidas dos governadores e prefeitos e seu absoluto descaso com a saúde dos brasileiros. Petra também falou sobre as denúncias de corrupção contra ele e seus filhos, suas ameaças constantes de golpe militar e seu desprezo pelas instituições democráticas.  

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Giramundo: O Brasil no mundo https://nocaute.blog.br/2020/07/14/giramundo-o-brasil-no-mundo/ Tue, 14 Jul 2020 20:50:24 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=68851 Hoje o Giramundo é com Aline Piva e Celso Amorim, que vão comentar como anda a imagem do Brasil no exterior e em que estado estão as relações internacionais do país. Em pauta, teremos também o embate entre o Ministério da Defesa e Gilmar Mendes; a colaboração da Lava Jato com o governo americano e quem são alguns dos agentes do FBI que atuaram no Brasil.

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Hoje o Giramundo é com Aline Piva e Celso Amorim, que vão comentar como anda a imagem do Brasil no exterior e em que estado estão as relações internacionais do país. Em pauta, teremos também o embate entre o Ministério da Defesa e Gilmar Mendes; a colaboração da Lava Jato com o governo americano e quem são alguns dos agentes do FBI que atuaram no Brasil; a condução da pandemia pelo Governo Bolsonaro, que também se reflete na imagem do Brasil lá fora.

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Giramundo: Comando Sul dos EUA reconstrói relacionamento de inteligência com o Brasil https://nocaute.blog.br/2020/07/07/giramundo-comando-sul-dos-eua-reconstroi-relacionamento-de-inteligencia-com-o-brasil/ Tue, 07 Jul 2020 21:19:17 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=68481 No Giramundo dessa semana, Aline Piva fala sobre a corrida eleitoral nos Estados Unidos e as estratégias de campanha de Biden e Trump. Em pauta temos também o encontro de López Obrador com o presidente americano, em Washington. E o pedido de prisão de Evo Morales, feito pelo Ministério Público da Bolívia. O ex-presidente é acusado de convocar apoiadores a bloquear estradas durante protestos.

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No Giramundo dessa semana, Aline Piva fala sobre a corrida eleitoral nos Estados Unidos e as estratégias de campanha de Biden e Trump. Em pauta temos também o encontro de López Obrador com o presidente americano, em Washington. E o pedido de prisão de Evo Morales, feito pelo Ministério Público da Bolívia. O ex-presidente é acusado de convocar apoiadores a bloquear estradas durante protestos.

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Nocaute e TVT, em exclusividade nacional, exibem a minissérie “As entrevistas com Putin”, dirigida por Oliver Stone https://nocaute.blog.br/2020/07/02/nocaute-e-tvt-em-exclusividade-nacional-exibem-a-minisserie-as-entrevistas-com-putin-dirigida-por-oliver-stone/ Thu, 02 Jul 2020 20:51:18 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=68222 Em mais de uma dúzia de entrevistas, o cineasta americano Oliver Stone, vencedor de três Oscar, teve acesso sem precedentes ao presidente russo para realizar esta minissérie “Entrevistas com Putin” – que o Nocaute exibirá semanalmente, em parceria com a TVT, em exclusividade nacional, a partir da próxima sexta-feira, 10 de julho, às 21h45.

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Em mais de uma dúzia de entrevistas, o cineasta americano Oliver Stone, vencedor de três Oscar, teve acesso sem precedentes ao presidente russo para realizar esta minissérie “Entrevistas com Putin” – que o Nocaute exibirá semanalmente, em parceria com a TVT, em exclusividade nacional, a partir da próxima sexta-feira, 10 de julho, às 21h45. A minissérie é considerada o mais minucioso e detalhado retrato do presidente russo já realizado por um entrevistador ocidental.

Sem qualquer censura e sem nenhuma pergunta sem resposta, esta notável série em quatro capítulos traz uma visão íntima da vida pessoal e profissional de Putin. Stone leva o presidente russo a falar de sua infância sob o comunismo, o judô como saída para escapar da delinquência, a ascensão ao poder, a carreira no Serviço Secreto Soviético, o KGB, e suas relações com quatro presidentes dos EUA. 

Nenhum assunto, nenhum tabu ficou fora dos quatro capítulos desta minissérie. Stone pergunta a Putin sobre o a Perestroika, sobre Gorbatchov e Iéltsin, sobre o hackeamento das eleições americanas para favorecer Trump e sobre as articulações secretas para que Edward Snowden fugisse da CIA e entrasse clandestinamente na Rússia, onde vive hoje.

Em surpreendente iniciativa, Putin leva Stone para uma sala de guerra, de onde o presidente comanda, diante das câmeras do cineasta e em tempo real, operações militares na guerra contra o Estado Islâmico em pleno território sírio. Um filme de ficção não seria tão inverossímil. 

Espetado por Oliver Stone, o presidente Vladimir Putin faz revelações sobre o papel dos Estados Unidos na criação da Al Qaeda e do mito Osama Bin Laden, conta que sugeriu a Clinton que a Russia fosse admitida na OTAN, identifica a mão da Casa Branca nas guerras da Ucrânia e da Criméia e dá detalhes da privatização selvagem ocorrida na Rússia pós União Soviética. E confidencia os conselhos que Fidel lhe passou para cuidar melhor de sua segurança pessoal. 

Em meio a temas ásperos e dramáticos, a série mostra momentos anedóticos, como Putin dizer que “quase chorou de saudade” ao ficar três meses sem ver Oliver Stone, ou quando o presidente russo diz que “não ficaria nu no banheiro de um submarino com um oficial gay.” Segundo a crítica norte-americana, “The Putin Interviews” só é comparável, do ponto de vista político e jornalístico, às “The Nixon Interviews”, realizadas em 1977 por David Frost com o ex-presidente Richard Nixon

Vencedor de dois Oscar como melhor diretor (por Platoon  e Nascido em 4 de Julho) e um como melhor roteirista (Expresso da Meia-Noite), Oliver Stone recebeu cinco vezes o Globo de  Ouro, três como diretor (Platoon, Nascido em 4 de Julho e JFK) e duas como roteirista (Nascido em 4 de Julho e Expresso da Meia-Noite).  

Desde que estreou em 1971 com o curta “Last Year in Vietnam”, e até dirigir “The Putin Interviews”, Oliver Stone realizou e/ou dirigiu, em ordem cronológica decrescente, “Snowden” (2016), “Mi Amigo Hugo (2014)”, “The Untold History of the United States” (série, 2012), “Savages” (2012), “Wall Street: Money Never Sleeps” (2010), “South of the Border” (2009), “W.” (2008), “World Trade Center” (2006), “Looking for Fidel (2004)”, “Alexander (2004)”, “Any Given Sunday” (1999), “U Turn” (1997), “Nixon” (1995), “Natural Born Killers” (1994), “Heaven & Earth” (1993), “JFK” (1991), “The Doors” (1991), “Born on the Fourth of July” (1989), “Talk Radio” (1988), “Wall Street” (1987), “Platoon” (1986) “Salvador” (1986), “The Hand” (1981), “Madman of Martinique” (curta, 1974)) e “Seizure” (1971).

Nascido em Nova York em 1946, Oliver Stone é também autor do livro “A História não Contada dos Estados Unidos”, em coautoria com Peter Kuznick, convertido no documentário de 10 episódios referido acima.

Nocaute e equipe agradecem do fundo do coração ao diretor Oliver Stone e aos produtores Maximilien Arvelaiz, David Tang, Rob Wilson e Fernando Sulichin pela generosa cessão dos direitos de exibição no Brasil da série “The Putin Interviews” ©.

Começa na próxima sexta-feira, 10 de julho, às 21h45 no Youtube do Nocaute e na Rede TVT, a TV dos Trabalhadores.

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Intelectuais, artistas e movimentos sociais lançam campanha em apoio ao Nobel da Paz para os médicos cubanos https://nocaute.blog.br/2020/07/02/intelectuais-artistas-e-movimentos-sociais-lancam-campanha-em-apoio-ao-nobel-da-paz-para-os-medicos-cubanos/ Thu, 02 Jul 2020 19:44:58 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=68230 O documento, assinado por nomes como Leonardo Boff, Chico Buarque, Fernando Morais, Márcia Tiburi e Jandira Feghali, entre outros, pede adesão de apoio ao Prêmio Nobel da Paz de 2021, ao Contingente Henry Reeve de brigadas médicas cubanas. A campanha chama atenção para a grandeza, desinteresse e solidariedade dos médicos cubanos, que têm em salvar vidas o seu principal objetivo. Leia a íntegra.

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O documento, assinado por nomes como Leonardo Boff, Chico Buarque, Fernando Morais, Márcia Tiburi e Jandira Feghali, entre outros, pede adesão de apoio ao Prêmio Nobel da Paz de 2021, ao Contingente Henry Reeve de brigadas médicas cubanas. A campanha chama atenção para a grandeza, desinteresse e solidariedade dos médicos cubanos, que têm em salvar vidas o seu principal objetivo. Leia a íntegra. 

CONVOCAÇÃO DE APOIO AO PRÊMIO NOBEL DA PAZ AO CONTIGENTE INTERNACIONAL DE BRIGADAS MÉDICAS CUBANAS HENRY REEVE

O reconhecimento do respeito ao ser humano, a entrega para salvar vidas, fizeram dos Médicos Cubanos uma referência internacional de solidariedade

Cuba em nome da defesa da humanidade comprometeu -se na área da saúde cuidar das populações pobres do planeta. As missões humanitárias cubanas se estenderam pelos quatro continentes, e apresentam um caráter único.

Há décadas, o Contingente Internacional Henry Reeve, – jovem americano saído do Brooklin, em 1878 incorporou ao Exército Mambi, lutou na primeira guerra de independência da Republica de Cuba – de médicos especializados em desastres por catástrofes naturais e epidêmicas atuaram no  Peru, em 1970, Pisco  em 2007, Haiti na crise da Cólera, África no combate ao Ebola, México entre outros. 

Atualmente, contam com brigadas em vinte e quatro países da América Latina e Caribe. Vinte e sete na África Subsaariana, dois no Oriente médio, África setentrional, sete na Ásia Oriental do Pacífico, incluindo Indonésia, México, Republica do Togo, Catar, Kuwait, China, Argélia, Arábia Saudita e África do Sul.

Na luta contra o COVID 19, não hesitaram a juntar -se aos médicos chineses. Em 22 de marco de 2020, aportaram na Lombardia, Itália desempenhando uma assistência fundamental. 

No Brasil, na década de 1990, a cidade de Niterói implantou o “Programa Médico família” aos moldes do Programa Cubano. Este Programa funciona há 28 anos nas comunidades carentes com grande êxito e, uma história fabulosa de atendimento domiciliar e hospitalar.

O Programa Mais médico, implantado no Brasil em 08/06/2013 chegaram as regiões de pobreza extrema, de alto risco de vida como favelas do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, dando ênfase a 34 reservas indígenas, sobretudo na Amazônia.

Em três mil e seiscentos municípios, atenderam 60 milhões de brasileiros, assistidos por médicos cubanos em todas as especialidades médicas.

Amplamente reconhecido pelos governos Federal, Estadual, Municipal e principalmente pela população, segundo estudo realizado pelo Ministério da Saúde do Brasil, e a Universidade Federal de Minas Gerais o grau de aceitação entre a população atinge a noventa e cinco por cento.

Em um mundo alicerçado no consumismo, no individualismo, na competição, diante da grandeza, desinteresse e solidariedade, salvando vidas como objetivo principal, é que pedimos sua adesão de apoio ao Prêmio Nobel da Paz de 2021, ao Contingente Henry Reeve de brigadas médicas cubanas.

Para adesão acesse aqui >  https://brigadasmedcuba.com/ 

Marilia Guimarães

REDHBRASIL – Rede de Intelectuais, artistas e movimentos sociais em defesa da humanidade – Capitulo Brasil e Movimento Brasileiro de Solidariedade a Cuba

Firmam este documento: Sociedade Civil e Entidades:

Leonardo Boff – Filosofo/ Teólogo

Frederico Mayor Zaragosa – Poeta 

Márcia Tiburí – Filosofa 

Márcia Miranda – Teóloga

Quim Torra – Presidente do Governo da Catalunya

João Vicente Goulart – Presidente do Instituto João Goulart

Fernando Morais – Escritor

Berenice Guayasamin – Diretora da Fundação Guyasamin

Chico Buarque – compositor/intérprete

Felipe Redicetti – Maestro/compositor

Monserrat Ponsa Tarrés – Escritora 

Carol Proner – Jurista

Jandira Feghalli – Deputada Federal 

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Giramundo: em plena pandemia, Israel anuncia anexação ilegal de 30% do território da Cisjordânia https://nocaute.blog.br/2020/06/30/israel-anuncia-anexacao-ilegal-de-30-do-territorio-da-cisjordania/ Tue, 30 Jun 2020 21:10:46 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=68097 Hoje com a participação do ex-chanceler Celso Amorim. Ele e Aline Piva vão conversar sobre a questão da Palestina e a polêmica proposta de Netanyahu e Trump de anexação ilegal de 30% do território da Cisjordânia por Israel.

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Hoje com a participação do ex-chanceler Celso Amorim. Ele e Aline Piva vão conversar sobre a questão da Palestina e a polêmica proposta de Netanyahu e Trump de anexação ilegal de 30% do território da Cisjordânia por Israel. Na pauta temos também a cúpula virtual do Mercosul, que irá discutir questões relacionadas ao impacto econômico e social da emergência sanitária na região e a resistência dentro do Itamaraty em apoiar resolução antirracista na ONU.

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