O governo atual retirou os recursos da Funai. Recursos que já eram pequenos.

Exclusivo para o Nocaute: um dos maiores fotógrafos do nosso tempo, Sebastião Salgado fala de suas expedições pelo mundo e denuncia: já está havendo um genocídio na Amazônia.

2 Comentários

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José Tanajura Carvalho

04/01/2018 - 09h10

Prezado Fernando,
Foi com grande expectativa que recebi a sua determinação em criar o blog Nocaute, de nome apropriado e matreiro. Até então tenho sido contemplado com suas brilhantes iniciativas, como acredito ser também a apreciação das demais pessoas que o acompanham e torcem por sua parte. Dar espaço ao Zé Dirceu veio no momento oportuno e necessário à luta pela democracia. A inauguração da seção de entrevistas com Lula foi brilhante.
Porém, com todo o respeito e admiração que tenho por sua obra e seu jeito meio mineiro/meio paulista de fazer, escrever e dizer as coisas, a entrevista com o renomado fotógrafo Sebastião Salgado foi uma tremenda decepção. Cheio de lugares comuns e repetitivos, pareceu-me estar diante de uma entrevista de trinta ou quarenta anos atrás, totalmente fora do contexto atual. O desastre de Mariana, que matou dezenove pessoas, destruiu a vida e as esperanças de milhares de pessoas, com o significado de devastação comparada a crime contra humanidade, foi tratada com subterfúgio para se evitar falar dos verdadeiros culpados por tal atrocidade: a Vale, a BHP Billiton e SAMARCO. Aliás, aqui em Minas, tratamos do assunto não como “antes e depois de Mariana”, assim citado na entrevista, mas nos referimos com todas as letras como sendo a “Catástrofe da SAMARCO”. De fato, a destruição do Vale do Rio Doce vem ocorrendo há muito tempo. Não só promovida pelos desembestados pecuaristas, mas, também, com o desmatamento para a produção de carvão vegetal destinado às siderurgias e expansão da mineração, mais recentemente com ritmo acelerado para maior lucro em menor tempo, promovida por empresas como a Vale, Anglo-gold, Ferrus e muitas outras.
Atenciosamente.

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Ricardo Beliel

01/01/2018 - 19h03

A entrevista é ótima e as fotos e trabalho do Salgado, como sempre, maravilhosos. Mas há uma omissão no texto, típica do jornalismo, ao dizer que eles, Sebastião Salgado e Leão Serva, são os primeiros jornalistas a estar com os korubo. Eu fiz parte da frente de contato chefiada por Sydney Possuelo, em 1996, que fez o primeiro contato com esse grupo indígena em 1996. Durante a expedição estavam presentes, além de mim, Beatriz Cardoso, da revista Manchete, Nicolas Reynard e Claudie Baran (ambos da National Geographic) e Erling Söderström (documentarista independente realizando um filme). Todos eram jornalistas e publicaram seus trabalhos em vários mídias em todo o mundo, inclusive livros. Tudo isso está registrado em fotografias e vídeos feitos por nós. Havia um temor grande em relação aos korubo, por serem agressivos, e por terem a fama de serem canibais. Eram agressivos porque sempre foram atacados, por caboclos e índios de outros grupos, e mesmo nossa expedição sendo pacífica mataram um dos membros do nosso grupo, o experiente funcionário da Funai, Sobral. Ou seja, a matéria é boa, mas passa a impressão que foram eles os primeiros a documentar a vida entre os korubo. Não é verdade. No texto do Leão Serva ele fala desse contato e do sertanista Sydney Possuelo, portanto é impossível desconhecer a presença de outros jornalistas antes deles a documentar a existência dos korubo. Essa mania de jornalistas quererem passar a impressão que são sempre os únicos, que seu trabalho é exclusivo e de primeira mão, é um péssimo hábito e um desrespeito ao leitor. Parabéns ao Sebastião Salgado por seu trabalho, mas é importante que essa informação não seja divulgada como aqui nessa entrevista e no texto do Leão Serva.

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