Autos de fé e a metamorfose do pusilânime

A fé é a única forma de conhecimento que não necessita amparo nos fatos. Os que defendiam a honra como um valor, e por isso não entregavam ninguém, perderam a parada para os que têm fé no pecado. A confissão ao pé da fogueira é a comprovação da culpa. Trata-se da pentecostalização da esfera pública onde o Ministério Público tornou-se uma espécie de supremo sacerdote na televangelização.

4 Comentários

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Vicente

16/05/2017 - 06h59

Eu imputaria toda a desonra e toda a culpa aos delatores. Eles representam bem o dono da gaiola, que para atrair suas presas, instala um alçapão com um “chamariz” dentro. Ao prender sua vítima, o agora delator tinha total domínio da situação (era o dono da gaiola, e foi quem armou o alçapão). O agora delatado era um inocente preso pelas circunstâncias, e sem forças para sair da gaiola, se rende aos desejos de seu escravizador. Preso o escravizador por força de novo entendimento (caixa dois sempre existiu, mas não era considerado o demônio), este decide delatar o seu escravo, agora ameaçado de novos tipos de prisão. Solto o desonrado delator (este não preza a honra, mas dinheiro) e preso o delatado sob novas condições, o status quo volta ao seu ponto original. A relação escravizador-escravizado não se altera, mas este é o objetivo final da elite.

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C.Poivre

15/05/2017 - 19h27

Fora da pauta:

Ciro Gomes não é confiável. Se algum dia fosse eleito presidente certamente faria uma campanha com um discurso de Esquerda e governaria com a direita. Ele é que presta um desserviço à democracia entrando no jogo dos golpistas para destruir Lula. O ex-Presidente só teve um partido na vida, o PT, enquanto Ciro Gomes já passou por sete e seu partido votou majoritariamente a favor do Golpe de Estado que depôs de forma ilegítima a Presidenta Dilma. Nunca votei e jamais votarei num candidato que não tem lado, não tem partido e se alinha aos golpistas na campanha contra Lula. Que vantagem ele está levando para fazer isso?

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AFONSO H V GUEDES

15/05/2017 - 17h59

A crítica ao artigo, de lucidez cristalina ( o artigo) é o que chamo de “dar nó em pingo d’água.” Por essas e outras que arranquei de meu dicionário as palavra fé e acreditar com os sentidos que remetem a ausência de evidências.

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José Eduardo Garcia de Souza

15/05/2017 - 16h23

Como o articulista bem coloca, a fé não necessita de amparo nos fatos. Mas é aí mesmo que reside o ponto fraco da sua argumentação no que toca às chamadas “delações premiadas” da Lava-jato. É evidente que há pusilanimidade entre aqueles que ontem roubavam e hoje delatam quem com eles roubou ou que dos seus roubos se beneficiou. E é justamente por isso que hoje vê-se que entre quem delata e quem é delatado não houve fé, mas simplesmente interesses. Enquanto tais interesses eram convergentes e mutuamente proveitosos, houve o silêncio. E como os interesses falaram mais alto do que qualquer fé que pudesse ter existido – inclusive a ponto de negá-la por completo –, na hora da verdade eles voltaram falar mais alto.
Seria melhor para todos – delatados, delatores e a sociedade e geral – que tivesse havido princípios e fé genuínos para que os interesses não tivessem prevalecido, tanto na hora de subverter a fé quanto no momento de pagar por tal subversão.

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