Evilazio Gonzaga Alves – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br Blog do escritor e jornalista Fernando Morais Wed, 06 Nov 2019 14:51:30 -0300 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.3 https://nocaute.blog.br/wp-content/uploads/2018/06/nocaute-icone.png Evilazio Gonzaga Alves – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br 32 32 Pré-sal: em um dia Bolsonaro entrega mais do que Portugal roubou do Brasil em três séculos https://nocaute.blog.br/2019/11/06/bolsonaro-entrega-mais-do-que-portugal-roubou-do-brasil/ Wed, 06 Nov 2019 14:51:17 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=56704 Durante mais de trezentos anos de colonização portuguesa, foram levados do Brasil R$ 193 bilhões em ouro e R$ 420 bilhões em diamantes. A soma da pilhagem lusitana chega a impressionantes R$ 613 bilhões, de acordo com a cotação dos dois minerais no dia 06 de novembro de 2019, data do mega leilão de campos já descobertos do Pré-sal. É como se vendêssemos por R$ 1 o que vale R$ 10.

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Durante mais de trezentos anos de colonização portuguesa, foram levados do Brasil R$ 193 bilhões em ouro e R$ 420 bilhões em diamantes. A soma da pilhagem lusitana chega a impressionantes R$ 613 bilhões, de acordo com a cotação dos dois minerais no dia 06 de novembro de 2019, data do mega leilão de campos já descobertos do Pré-sal. É como se vendêssemos por R$ 1 o que vale R$ 10.

De acordo com os ex-diretores da Petrobras Guilherme Estrella e Ildo Sauer, em apenas um dia o governo entreguista de Bolsonaro vai transferir para o controle estrangeiro mais do que o dobro da fortuna que a coroa portuguesa demorou cerca de 300 anos para subtrair da colônia brasileira. O governo pretende entregar uma riqueza calculada em mais de R$ 1,2 trilhões pela bagatela de R$ 106 bilhões. 

Um crime como esse não é cometido apenas por ideologia ou por dolosa traição à pátria. Quem quiser saber as verdadeiras razões de Bolsonaro e Paulo Guedes, faça como recomenda o gringo Carville: siga a grana.   

Estrella e Sauer são pesquisadores renomados, respeitados mundialmente, e entendem de petróleo muito mais do que as atuais equipes de comando da estatal e do que corretor de valores Paulo Guedes, que insiste em se apresentar como economista e ocupa a cadeira de ministro da economia.

O que se pretende apurar com a entrega de tamanha riqueza é o que se chama em Minas Gerais (de onde saiu boa parte dessa cordilheira de ouro e diamantes) de “dinheiro de pinga ruim”. Ou seja, o fruto do butim mal dará para pagar 25% do serviço da dívida deste ano. Tão logo entre nos cofres da União, portanto, a merreca será transferida para os bancos e vai virar fumaça. Não por acaso já lambem os beiços as treze gigantes pré-qualificadas para participar desse Baile da Ilha Fiscal: Wintershall (Alemanha), CNODC Gás (China), CNOOC Petroleum (China), QPI (Catar), Ecopetrol, (Colômbia), BP Energy (Inglaterra), Chevron (EUA), ExxonMobil (EUA), Total E&P (França), Shell (Inglaterra), Petronas (Malásia), Equinor (Noruega) e Petrogal (Portugal).

Sauer e Estrella (este responsável pelas pesquisas que resultaram na descoberta do Pré-sal e viabilizaram a sua extração) estimam que as perdas para o país podem chegar a astronômicos R$ 1,6 trilhões nos 30 anos previstos para a exploração dos campos que serão entregues às multinacionais estrangeiras. 

O mais absurdo da atitude do governo, que claramente atua contra o interesse do país, é que as empresas vencedoras nem mesmo terão o trabalho de prospectar, pois os investimentos para pesquisar a localização das reservas já foi feito pela Petrobras, com recursos da própria empresa. É furar e faturar os bilhões que irão para a cornucópia de banqueiros e rentistas em diversos países do mundo. Ao Brasil restarão as migalhas – mas ainda assim para banqueiros e rentistas tupiniquins. 

De acordo com os dois maiores especialistas do Brasil no assunto, Sauer e Estrella, nenhum país detentor de reservas expressivas comete a aberração que está ocorrendo no Brasil. O padrão mundial – inclusive nas monarquias do Golfo Pérsico, fortemente alinhadas com o Império dos EUA – é explorar o petróleo e o gás através de empresas totalmente estatais ou outorgam contratos de prestação de serviços, sempre sob o controle dos governos. 

Será uma pilhagem das riquezas brasileiras de proporções épicas, que penalizará a população como um todo, pois um dinheiro que iria para a educação e a saúde (lembram da proposta da Dilma?), agora será canalizado para as contas de bilionários fora do país. 

Boa parte do campo democrático brasileiro, aí incluída a mídia digital independente, parece ter caído na armadilha montada por Steve Bannon: o debate nacional se concentrou em bobagens e fakenews produzidos pela matilha oficial, ofuscando, como o governo queria, a entrega do pré-sal, que terá efeitos infinitamente mais perversos do que a escatologia histérica de Bolsonaro e seus milicianos digitais. 

(*)  Evilázio Gonzaga Alves é jornalista, publicitário e especialista em marketing e comunicação digital.

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O novo Brasil de Bolsonaro: empresários desiludidos, falências e suicídios https://nocaute.blog.br/2019/07/12/falencias-e-suicidios/ Fri, 12 Jul 2019 14:02:53 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=51030 Uma onda de falências varre o país, levando empresários até ao suicídio. Incapazes de aprender, eles embarcam em mais uma canoa furada ao apoiar o fim da previdência solidária. Se aprovada, a proposta do governo vai retirar bilhões de reais das mãos do consumidor, causando a virtual extinção do mercado interno.

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Uma onda de falências varre o país, levando empresários até ao suicídio. Incapazes de aprender, eles embarcam em mais uma canoa furada ao apoiar o fim da previdência solidária. Se aprovada, a proposta do governo vai retirar bilhões de reais das mãos do consumidor, causando a virtual extinção do mercado interno

Em pouco mais de um mês, pelo menos dois empresários cometeram suicídio. 

No final de junho Luís Antônio Scussolino, dono de uma fábrica de moveis, em Rio Claro, interior de São Paulo, foi encontrado enforcado na sua indústria. O fato aconteceu após Scussolino ter demitido todos os empregados e encerrado as atividades de sua empresa. 

A outra morte, de Sadi Gitz, empresário gaúcho, proprietário de uma indústria de cerâmica em Sergipe, foi mais dramática. Gitz disparou contra a própria cabeça, no dia quatro de julho, em um evento em que estavam presentes o governador do Estado e o ministro das Minas e Energia. 

O motivo do suicídio dos dois empresários foi o mesmo: a falência de suas empresas, provocada pela violenta quedas nas vendas que atinge todo o país. 

Um passeio pelas ruas das grandes e médias cidades do Brasil revela que a angústia capaz de levar dois empresários de regiões tão distantes a uma atitude tão drástica, como é tirar a própria vida, está sendo comum em todo o país. Por todos os lados, há lojas fechadas, indústrias paralisadas e aumenta o exército de desempregados e empreendedores individuais (neologismo para camelôs).

Os dados oficiais indicam um constante declínio nas vendas em todos os setores. Matéria do G1, do último dia sete, sugere que a situação dos empresários que dependem do mercado interno tende a piorar. Segundo o veículo, o Brasil enfrenta um problema em cadeia, diante da fraqueza da economia. Ainda segundo o portal, “com um desempenho modesto do consumo e o desemprego ainda alto, o varejo está sem folego e compra cada vez menos da indústria, que já sofre com o aumento indesejado dos estoques”.

O G1 conclui que com o comércio comprando menos, a indústria terá que eliminar os estoques excedentes antes de retomar a produção. Somente depois da venda dos estoques é que poderá voltar a produzir, o que gera um ciclo perverso: a indústria e o comercio demitem e aumentam o contingente de desempregados. E desempregado, que também é consumidor, sem dinheiro, não compra. 

Os empresários acreditaram que a Lava Jato e o golpe contra Dilma iriam regenerar o país e trazer prosperidade. Depois apoiaram a reforma trabalhista, na ilusão de que ela seria uma fórmula mágica para recuperar o mercado. Finalmente, apostaram suas fichas na eleição de Bolsonaro. Na fé de que o novo presidente traria a prosperidade, se prepararam: a indústria produziu estoques para vender a partir da posse de Bolsonaro e o varejo encheu suas prateleiras esperando o prometido tempo de vacas gordas.

O resultado foi desastroso. Parece, porém, que os empresários brasileiros emburreceram, depois da proliferação dos cursos de MBA no país. Eles não aprenderam com a experiência. Não conhecem uma velha regra dos negócios e da vida: errar uma vez é humano, errar duas vezes é falta de sorte, errar três vezes é burrice. 

E parece que os empresários brasileiros pretendem errar uma quarta vez, ao apoiar a extinção da previdência solidária. 

Extinção da previdência solidária prejudica os empresários

Ninguém tem dúvidas de que a extinção da previdência solidária é uma crueldade contra a maioria da população e não corta privilégios, como promete. O que poucos percebem, no entanto, é que a proposta, apresentada pelo governo Bolsonaro e que está sendo votada em Brasília, caso aprovada será mais um duríssimo golpe contra o mercado interno brasileiro. Isso significa que o sacrifício de gerações de brasileiros não irá contribuir para a recuperação da economia do país, como insiste Paulo Guedes, o corretor de valores instalado na cadeira de ministro da Fazenda.

Como a reforma trabalhista, que foi empurrada garganta abaixo da maioria da população, com a garantia de que era uma medida severa, mas necessária, para recuperar a economia, a dilaceração da previdência também vai retirar bilhões de reais do mercado de consumo, o que abala ainda mais a economia do Brasil. 

Serão duramente afetados, além dos trabalhadores, todos os empresários pequenos, médios e grandes que dependem do mercado interno, na indústria, comércio ou serviços. Com ainda menos dinheiro nas mãos dos consumidores, em função do desemprego, do subemprego e, agora, da dificuldade obter o benefício da aposentadoria, que para a maioria será em média de valor menor do que atualmente, a volta do cipó de aroeira vai atingir o lombo dos empresários produtivos do país. 

A metáfora da volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar cabe aqui, porque a maioria dos empresários, iludidos, apoia a dilapidação da previdência, acreditando nos colunistas do falso jornalismo dos veículos antigos. Tudo bem que a maioria dos empresários não saibam que quase todos esses colunistas são financiados por bancos – os únicos beneficiados pela destruição do regime previdenciário atual. Com ou sem capitalização, os cidadãos comuns – trabalhadores e a maioria dos empresários – serão empurrados para as previdências privadas vendidas pelos bancos, para compensar a fragilização do sistema oficial de aposentadoria e proteção social. 

O ambiente será semelhante ao do sistema de saúde, no qual o SUS é frequentemente sabotado, para que os brasileiros com algum recurso sejam obrigados a recorrer aos planos de saúde privados. Na medida em que aumenta a população usuária dos planos privados de saúde, o atendimento é cada vez pior (já pensam em fazer consultas online) e mais caro. 

Só o sistema financeiro será beneficiado e os bancos são cruéis

No caso da previdência privada, é fácil de imaginar como os usuários desse sistema serão tratados pelos bancos – principalmente se o regime geral for o de capitalização: com a mesma truculência de juros altíssimos que o sistema financeiro opera seus serviços, como cartão de crédito, cheque especial e empréstimos diversos. 

A crise atual, que começou em 2008 e ainda persiste em todo o mundo, é um bom exemplo do que são os bancos. O crash econômico mundial foi provocado pelas instituições financeiras, que se aproveitaram de um ambiente no qual os controles regulatórios tinham sido removidos – os responsáveis por essa política irresponsável foram Ronald Reagan e Margaret Thatcher, na década de 1980. A bomba foi sendo armada e explodiu uma geração depois. 

Usando seu imenso poder econômico e, principalmente, político, os bancos safaram-se da destruição que causaram, sacrificando alguns anéis. Além do simbólico Lehman Brothers, cerca de 380 pequenos e médios bancos quebraram nos Estados Unidos. Os verdadeiramente grandes sobreviveram e foram resgatados com a privatização de dinheiro público do contribuinte estadunidense. Para essas instituições gigantescas, a crise acabou sendo boa, pois eles se capitalizaram com dinheiro público e viram o mercado ser ampliado para eles, com a remoção dos pequenos e médios concorrentes.

Apesar da publicidade caríssima dos bancos, que tentam vender uma imagem simpática, uma pesquisa feita por um instituto europeu, nos anos 1990 e apresentada em uma aula do MBA de Gestão Estratégica de Empresas, da FACE-UFMG, em 1997, revelou que as pessoas, quando andam pelas ruas, tendem a caminhar mais rápido quando passam na porta de um banco. O significado desta pesquisa é que as pessoas tendem a rejeitar inconscientemente os bancos. 

Se não há mercado as empresas quebram

Os empresários, que dependem do mercado interno, serão também duramente afetados pelas novas regras da previdência. 

As pessoas terão mais dificuldade para obter seus benefícios e suas aposentadorias serão menores do que hoje. Isso significa que bilhões de reais serão retirados do mercado de consumo. Por mais que as empresas passem a ter alguns benefícios fiscais, elas serão tragadas pela virtual extinção do mercado de consumo. O que os empresários vão perder, em termos de queda nas vendas, não compensa o que poderão ganhar. 

Sem consumidores, ninguém vende. Quem não vende, quebra. É uma regra simples do mercado, que estranhamente parece ter sido esquecida pelos empresários brasileiros, depois da proliferação dos cursos de MBA no Brasil.

Desta forma, a dilapidação da previdência, junto com a reforma trabalhista, vindo depois que a Lava Jato destruiu os motores da economia brasileira – as grandes construtoras e a Petrobrás – sugere uma conspiração em grande escala contra o país. Todas essas medidas contribuem para jogar a economia do país em um estágio anterior até à Primeira Guerra Mundial, quando começou uma incipiente industrialização no Brasil, estimulada pela necessidade de substituir bens que deixaram de vir da Europa e Estados Unidos, envolvidos no conflito. 

O Brasil, que chegou a ser a quinta economia do mundo, desabou e deve fechar o ano fora das Top 10. O pior é que a queda deve se manter, pois além do desmantelamento dos motores da economia e da virtual extinção do mercado interno, que são resultados da ação idiota e anti-Brasil da Lava Jato, as políticas recessivas dos governos Temer e Bolsonaro (que na economia são idênticos) não deram certo em lugar algum do mundo onde foram adotadas. 

Portanto, é bom que os empresários da indústria, do comércio e dos serviços, que dependem do mercado interno, abram seus olhos, pois se o país continuar no rumo que está, as notícias de suicídios de empresários desesperados serão a cada dia mais comuns. 

(*) Evilázio Gonzaga Alves é jornalista, publicitário e especialista em marketing e comunicação digital.

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Evangélicos serão maioria na metade da próxima década. Isso fortalece Bolsonaro. https://nocaute.blog.br/2019/07/09/evangelicos-e-bolsonaro/ Tue, 09 Jul 2019 17:03:05 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=50880 O abandono do estado, o fim da Teologia da Libertação e a dificuldade de atuação dos movimentos populares nas comunidades carentes provocaram um vácuo, que é ocupado pelos pastores evangélicos. Mantido o atual ritmo de crescimento, a população evangélica será maioria no Brasil, já na metade da próxima década.

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O abandono do estado, o fim da Teologia da Libertação e a dificuldade de atuação dos movimentos populares nas comunidades carentes provocaram um vácuo, que é ocupado pelos pastores evangélicos. Mantido o atual ritmo de crescimento, a população evangélica será maioria no Brasil, já na metade da próxima década.

A última pesquisa Datafolha confirmou que a base de sustentação do bolsonarismo é a população evangélica. No último censo do IBGE, realizado em 2010, os evangélicos somavam pouco mais de 22% dos brasileiros. Menos de dez anos depois, o Datafolha e pesquisadores do IBGE calculam que houve um crescimento desse segmento para quase 30%. Os demógrafos que estudam o assunto estimam que, a continuar esse ritmo de crescimento, em meados na próxima década os evangélicos serão maioria no país.

O crescimento da população evangélica não ocorre nas confissões tradicionais de origem estrangeira, como a Igreja Batista, cujos fiéis mantém comportamento político próximo do cidadão brasileiro comum. A expansão explosiva acontece no chamado novo pentecostalismo, criado e comandado por pastores brasileiros, que começaram a sua atuação em ambientes populares das grandes metrópoles e, daí, expandiram a sua influência pregando a chamada teologia da prosperidade. 

Um estudioso do assunto, o professor Campos Machado, do Núcleo de Religião, Gênero, Ação Social e Política, da Escola de Serviço Social da UFRJ, explica que “os evangélicos vão para onde o Estado não atende às necessidades básicas daqueles que mais precisam”. Além disso, ele acredita que pastores e líderes evangélicos estão mais próximos do povo do que a liderança da Igreja Católica. 

O padrão descrito pelo professor Campos Machado ajuda a entender o motivo pelo qual a influência dos pastores e bispos é tão forte nos segmentos evangélicos. As igrejas pentecostais criam comunidades de autoajuda nos lugares desassistidos e avançam para outros espaços sociais, onde os cidadãos sentem-se desamparados pela crise que torna o seu mundo cada vez mais hostil.

Essa equação estatística indica que, aliado às lideranças evangélicas, o bolsonarismo pode crescer, ao longo do tempo, escorado na expansão do novo pentecostalismo. 

Extinção da Teologia da Libertação deixou um vácuo

Há dois motivos principais, para explicar o fenômeno do crescimento da população evangélica.

Um deles foi a ascensão do Papa João Paulo II à chefia da Igreja Católica. O cardeal Wojtyła, que veio a se tornar João Paulo II, sempre foi um ferrenho antissocialista e dedicou seu papado principalmente ao combate das manifestações populares na Igreja. Na América Latina ele combateu, perseguiu e puniu os adeptos da renovação católica, que inspirados pelo Concílio Vaticano II, levaram a Igreja a uma maior aproximação com fiéis, principalmente os pobres.

Os abalos sísmicos de modernização do catolicismo, desencadeados pelo Concilio Vaticano II e apoiados pelos papas João XXIII e Paulo VI, atingiram o mundo inteiro. Na América Latina o movimento foi organizado e impulsionado a partir da Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, realizada em Medellín, na Colômbia, no período de 24 de agosto a 6 de setembro de 1968. A partir desse encontro surgiu a Teologia da Libertação, que parte da premissa de que o Evangelho exige a opção preferencial pelos pobres e especifica que, para concretar essa opção, os missionários devem usar também as ciências humanas e sociais.

A opção preferencial pelos pobres revitalizou o catolicismo e moveu milhares de jovens religiosos católicos para viver e trabalhar nas comunidades mais carentes. Esses religiosos foram duramente perseguidos pelas ditaduras em toda a América Latina, muitos foram presos, torturados e assassinados. Porém o golpe mais duro contra a opção preferencial pelos pobres foi a instalação no papado do cardeal polonês Carol Wojtyła, um conservador radical. 

Wojtyła se aliou aos expoentes máximos da regressão social neoliberal, para perseguir todas as manifestações modernizadoras e humanistas da Igreja Católica. Na América Latina, o polaco proibiu as práticas da Teologia da Libertação, censurou, perseguiu, puniu e excomungou padres e freiras. 

Os missionários da opção preferencial pelos pobres, perseguidos e sem apoio, foram aos poucos abandonando o trabalho nas comunidades vulneráveis, seja nas favelas das grandes cidades ou nas selvas da Amazônia, entre muitos outros lugares. 

Eles deixaram um vácuo religioso e material, que acabou sendo ocupado pelos pastores da Teologia da Prosperidade. Segundo essa doutrina, enriquecer é o desejo de Deus e a fé, o discurso positivo e as doações para os pastores cristãos irão sempre aumentar a riqueza material do fiel. É uma doutrina que preza o individualismo e o sucesso pessoal, rejeitando as alternativas coletivas e populares. 

Como pouquíssimas pessoas obtêm sucesso financeiro nas comunidades, além dos pastores, é fácil perceber a fragilidade da proposta, que prospera somente porque não encontra concorrência. 

Sem estado, os pastores não têm concorrência

A outra causa provável do crescimento do novo pentecostalismo nas comunidades carentes é a ausência da esquerda nesses ambientes. O foco dos partidos populares continua sendo o ativismo sindical (em um momento no qual os paradigmas do trabalho passam por profundas transformações) e os movimentos populares de maneira pontual, sem entrar de forma massiva e determinada nos grandes bolsões de vulnerabilidade social, que são as favelas e periferias das grandes cidades. Nesses espaços, os bispos evangélicos atuam sem competição e muitas vezes se aliam ao narcotráfico, para ameaçar a concorrência das crenças de origem africada e outras.

Finalmente, há o erro estratégico dos governos progressistas de Lula e Dilma, que atuaram com competência, para melhorar as condições materiais dessas populações, entretanto nunca fizeram com que programas importantes, como Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família e Mais Médicos – entre outros –  fossem acompanhados por um necessário trabalho de base e de relacionamento político com as comunidades. 

(*) Evilázio Gonzaga Alves é jornalista, publicitário e especialista em marketing e comunicação digital.

 

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