Para que serve o plebiscito convocado pela oposição venezuelana
Oposição rejeita diálogo com o governo e tenta boicotar a Assembleia Nacional Constituinte
Por Nocaute em 17 de julho às 09h44
Foto: Brasil de Fato
Nesta segunda-feira (17), a imprensa tradicional noticia, com destaque, que a oposição ao governo de Nicolás Maduro, na Venezuela, realizou uma consulta popular sobre a Assembleia Nacional Constituinte.
O plebiscito extraoficial foi convocado de maneira autônoma por oposicionistas que rejeitam qualquer possibilidade de diálogo com o governo, com objetivo de enfraquecer a Constituinte. Como a consulta popular não obedeceu os trâmites legais e, portanto, não teve o respaldo do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), não é possível sequer saber a veracidade dos números apresentados.
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Não há uma instituição que assegure que uma pessoa votou uma única vez, por exemplo.
Sob o argumento de que os eleitores poderiam ser perseguidos, líderes da oposição queimaram as cédulas de votação no final do dia.
Veja:
EN VIDEO | Tras contabilizar votos de la Consulta Popular de este #116Jul: Comienzan proceso de destrucción y quema de cuadernos electorales pic.twitter.com/ptdK08qw4r
— Alberto Rodríguez (@AlbertoRT51) 16 de julho de 2017
Foram três as perguntas: se aprova ou rejeita a Assembleia Constituinte, se deseja a convocação de eleições para a renovação dos poderes públicos e se gostaria de que todos os funcionários públicos e as Forças Armadas obedecessem e defendessem a Constituição de 1999.
“Eles podem perguntar o que quiserem, porque é um exercício político. O que não se pode confundir, fazendo pensar que isso possa ter algum valor jurídico”, comentou a presidente do CNE, Tibisay Lucena, em entrevista coletiva.
O que a oposição anuncia é que “Maduro foi revogado com resultado de plebiscito” ou ou “98% rejeitam constituinte de Maduro”.
A coalização oposicionista MUD (Mesa da Unidade Democrática) já declarou que o plebiscito é o marco zero de uma escalada em protestos com objetivo de bloquear as eleições para a Constituinte, no próximo 30 de julho.
Com o resultado de um plebiscito extraoficial e declarações de que novos protestos virão, a oposição reforça seu boicote à Constituinte, alternativa oferecida pelo governo para solucionar a crise política.
Alguns setores da oposição não querem o diálogo, segundo eles mesmos já afirmaram. O exemplo mais recente é o do deputado venezuelano Juan Requesens, membro do partido Primero Justicia. Publicamente, disse que os protestos violentos são uma estratégia necessária para conseguir uma invasão estrangeira no país e derrubar o governo.
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No mesmo dia em que a oposição convocou seu plebiscito, o CNE realizou uma simulação do processo eleitoral de 30 de julho, com objetivo de calcular o tempo médio de votação e para que o eleitorado possa se familiarizar com as ferramentas de votação.
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José Eduardo Garcia de Souza
17/07/2017 - 12h42
Este plebiscito foi devastador para a “constituinte” de Maduro, que nada tem a ver com diálogo com a oposição na medida em que tem vícios graves de raiz, sendo o pior dos quais a exclusão de setores contrários a Maduro. Não adiante dizer que não ha como confirmar a veracidade dos resultados do plebiscito, já que: 1) A promessa de violência se cumpriu em Catia, bastião do governo na capital. Uma pessoa morreu e três ficaram feridas quando cerca de cem membros de coletivos passaram de moto atirando em quem estava na fila do centro de votação da Igreja El Carmen no início da tarde. Cerca de 300 pessoas que esperavam tiveram que se esconder no templo, incluindo incluindo o arcebispo de Caracas, cardeal Jorge Urosa. 2) Para atestar a lisura do processo, os opositores convidaram cinco ex-presidentes como observadores: Andrés Pastrana (Colômbia), Vicente Fox (México), Jorge Quiroga (Bolívia), Laura Chincilla e Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica). Fox comparou a votação à eleição presidencial mexicana de 2000, em que foi eleito, dando fim ao ciclo de 70 anos do Partido Revolucionário Institucional (PRI). “Assim estavam as pessoas, cheias de alegria, entusiasmo, esperança.”