Brasil

Raul Milliet ao primo Mário Frias: “Você é inculto, folgado e cúmplice de um psicopata com perfil genocida.”

Ao ver o ator Mário Freitas Frias declarar que aceitará o convite de Bolsonaro para ocupar o lugar de Regina Duarte, como titular da secretaria da Cultura, seu primo, o historiador Raul Milliet Filho, dirigiu-lhe a carta a seguir. Na foto, feita na ABI em 1987, durante o lançamento do livro “Meus amigos”, de João Saldanha. Assinalados, Raul Milliet Filho, de pé, e Saldanha, à mesa.

“Senhoras e senhores, a família Freitas, em sua maioria sempre teve a tradição de votar na centro-direita. Com algumas raras exceções é claro. Nunca me incomodei com isto afinal democracia é assim mesmo. Agora neste governo nazifascista, apoiar, participar dele, não tem desculpa.

Este garoto bajulador de fascista a quem foi prometido o cargo outrora ocupado por Regina Duarte, eu o considerava apenas um rapaz inculto e folgado.

Mas com tudo que aconteceu mudei minha opinião. Inculto, folgado e cúmplice de um psicopata com perfil genocida. Sim, porque quem trabalha em segundo ou terceiro escalão num governo como este é cúmplice, corresponsável do que pode acontecer além de tudo o que de grave que já aconteceu e está acontecendo.

É um ator quase desconhecido, não tendo capacidade para ocupar qualquer cargo de algum relevo. Mas acho que essa qualidade não é necessária, porque o capitão quer fantoches e não colaboradores. Repetidores de suas ideias e não pessoas que possam opinar, pensar diferente dele.

Regina Duarte tinha uma biografia que atirou na lata do lixo. Esse seu provável sucessor nem biografia tem. Para a família Saldanha é uma sorte que não carregue o seu sobrenome.

Gaspar Saldanha, Jenny Jobim Saldanha, seus filhos Aristides Saldanha, João Saldanha, Ione Saldanha e Elza Saldanha Milliet ficariam horrorizados e literalmente contra esse aprendiz de Hitler (vou poupar a querida Tia Maria disso tudo).

Aprendiz que está assumindo um cargo para travar uma luta encarniçada de guerra cultural. Uma guerra suja que despertaria nos antepassados da família Saldanha ânsia de vômito.

Não me venham com chorumelas de cunho familiar adocicado.

O livro de cabeceira de Bolsonazi tem como autor Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador conhecido, identificado pela Comissão da Verdade que dentre tantos outros vitimou meu companheiro e amigo Fernando Santa Cruz. E não é que este pulha deste presidente acusou a mim e a vários companheiros de AP (Ação Popular) de termos assassinado Fernando.

A resposta já foi dada através de um abaixo-assinado e de várias falas, inclusive duas minhas, que podem ser vistas no final deste pequeno texto.

Para quem esteve presente no meu casamento ressalto que Fernando Santa Cruz foi um dos primeiros a chegar e um dos últimos a sair, isto em julho de 1973. Em fevereiro de 1974 foi preso, barbaramente torturado e assassinado. Sua família nunca pode realizar as cerimônias fúnebres a este verdadeiro herói do povo brasileiro.

Só aceita cargo com este perfil quem é racista, homofóbico, genocida e de extrema-direita com objetivo de reviver em nosso país uma ditadura militar selvagem.

Com a palavra a senhora mãe deste rapaz de 48 anos, irmã, tias e primas.  A minha opinião já está dada.

Raul Milliet Filho”

Fala 1: https://www.deixafalarmegafone.com.br/post/diante-da-cal%C3%BAnia-de-bolsonaro-uma-homenagem-a-fernando-santa-cruz

Fala 2: https://www.deixafalarmegafone.com.br/post/deixa-falar-contra-bolsonaro

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