O ex-juiz Sergio Moro anunciou na manhã desta sexta-feira (24) que está deixando o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública. Moro abriu o seu pronunciamento lamentando ter de estar ali, “com essa pandemia do Covid-19 que, infelizmente, matou 407 mortes somente em um dia”.
Moro fez um rápido balanço da sua carreira, da sua gestão como juiz (fez questão de citar Lula, “condenado por corrupção”), e como ministro da Justiça e Segurança Pública.
Revelou um segredo, disse que pediu ao presidente Bolsonaro, como segurança, “caso algo viesse a acontecer comigo, uma pensão para minha família não ficar desamparada.
Calmamente, Moro foi citando suas divergências com o presidente da República e citou a interferência política de Bolsonaro na PF. “Por que trocar?” perguntou Moro. Disse que foi surpreendido com a publicação da exoneração no Diário Oficial e que não é verdade que Valeixo pediu para sair.
A gota d’água foi a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Mauricio Valeixo, braço direito e de inteira confiança do ministro. Na quinta-feira (23), pela segunda vez, Bolsonaro disse pessoalmente a Moro que iria demitir Valeixo. Moro reagiu e avisou: “se Valeixo sair, eu saio junto”.
Chegou-se a dizer que o ministro da Justiça já teria entregue seu pedido de demissão, mas a situação acabou sendo contornada, inclusive pelo chefe da Casa Civil que disse, durante uma entrevista coletiva “que essa notícia que circulou aí já foi desmentida pela assessoria do Moro”.
Na madrugada, veio a surpresa, a publicação no Diário Oficial da exoneração, assinada apenas pelo presidente da República. Apesar da epidemia de coronavírus que o país enfrenta, Bolsonaro resolveu mexer na Polícia Federal e provocar mais uma crise no seu governo porque sentiu que o cerco a seu filho, Carlos Bolsonaro, está se fechando com as investigações sobre as Fake News.
O substituto de Moro ainda não foi anunciado.
