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Temporal em SP joga para segundo plano a morte de miliciano ligado a Flávio Bolsonaro

O temporal, quase dilúvio em São Paulo, nesta segunda-feira (10) ocupou praticamente a totalidade do noticiário da televisão, dos sites de notícia, das rádios e dos jornais. Foi o fato que mexeu com uma cidade de milhões de habitantes, a maior do país. Mas, no meio das notícias da avalanche de água, havia uma outra notícia: a morte de um miliciano ligado ao filho do presidente da República, Jair Bolsonaro.

A morte de Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Bope, miliciano acusado de várias mortes no Rio, ganhou o segundo plano, mas não pode ser esquecida. À noite, foi notícia no Jornal Nacional que ocupou metade de sua edição a tragédia em São Paulo.

O JN mostrou sua ligação com o senador, que o homenageou duas vezes, uma delas com o miliciano na prisão, além dos empregos que foram dados a parentes seus na Câmara Legislativa carioca, quando era Deputado Estadual. A notícia apareceu na primeira página da Folha e do Globo desta terça-feira (11), em chamadas discretas.

O Estadão, talvez por uma decisão da direção, resolveu ignorar, esconder dos seus leitores a ação da polícia da Bahia, em parceria com a do Rio, que matou a tiros o miliciano num sítio no interior baiano. A história do assassinato está muito mal contada. Adriano, foragido há um ano, temia por sua morte, como queima de arquivo. Dito e feito. Sem testemunhas, a morte dele vai ganhar apenas a versão da polícia, a de que ele reagiu com a chegada dos PMs.

Adriano estava sozinho no sítio e o dono da casa, o vereador do PSL, Gilsinho de Dedé, se encontrava longe dali e disse que não sabia da presença do ex-capitão do Bope na sua residência. Tudo muito estranho.

Adriano, além ser acusado de estar implicado em várias mortes, inclusive da vereadora do PSOL, Marielle Franco, foi apontado também como participante das “rachadinhas”, aquele esquema que empregava amigos que depositavam parte dos salários na conta de Flávio Bolsonaro.

A Polícia diz que vai investigar a morte, mas o local do crime está abandonado desde que Adriano foi morto. Ninguém se preocupou em preservar a cena, isolando o local. Que investigação vai ser essa?

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