Ontem o Jornal Nacional fez um “horário eleitoral gratuito” para seu candidato à presidência, o juiz Sérgio Moro. A alquimia jornalística transformou um nada em uma grande reportagem. E, abusando da propriedade cruzada, a TV Globo dispara propaganda de outros negócios dos Marinho, a Globoplay e o PodCast do G1.
O Jornal Nacional desta quinta-feira dedicou chamada na abertura e reportagem de quase dois minutos (em horário nobre o tempo é contado em segundos), sobre um assunto inédito, uma revelação, um tema da mais alta relevância para o futuro da humanidade: o Ministério da Justiça atualizou a lista dos criminosos mais procurados do país. Ponto. Só isso? Só isso. É a não-matéria, a antimatéria, o méson pi. E isso com direito a uma longa, extensa entrevista com o ministro Sérgio Moro (em franca decadência no governo), que dissertou sobre sua descoberta da pólvora. Como a Globo está escancaradamente na campanha de Moro à Presidência, o melhor seria tirar a matéria do departamento de jornalismo e entregá-la a um publicitário ou a um desses marqueteiros eleitorais.
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Apenas para não perder a oportunidade, já disse aqui que a Globo não precisa de censura, precisa de regulação. Por exemplo, no que se refere à chamada “propriedade cruzada”. Na grande maioria dos países, quem é concessionário de TV não poder ser dono de jornal, nem de rádio. Quem é concessionário de rádio não pode ser dono de jornal nem concessionário de TV. Pois a Globo é concessionária de rádio e TV e é dona de jornal e de revista.
Qual o problema? O problema é que a Globo usa duas concessões públicas – de TV e de rádio – para promover, anunciar e propagandear empresas da família Marinho, como o jornal O Globo e a revista Época. E, agora, na era digital, para fazer exatamente isso com os novos negócios da família.
Assim, o pobre telespectador vem sendo bombardeado, nas últimas semanas, com propagandas da Globoplay – empresa com a qual os Marinho pretendem migrar para o universo do streaming – e do PodCast do site G1, comandado pela jornalista Renata Lo Prete. Ou seja, a livre concorrência, falsa pedra filosofal do capitalismo, que vá às urtigas.
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Por essas e muitas outras que não me canso de repetir: as Organizações Globo e a família Marinho, como o sabem até os jaburus do cerrado, são inimigas do Brasil e dos brasileiros e assim devem ser tratadas.
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