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Marta já pensa em voltar à política e como candidata do PT à Prefeitura de São Paulo

Cotada para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2020 pelo PT, a ex-prefeita Marta Suplicy aguarda o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pacificar o partido antes de decidir sobre seu retorno à legenda. A ex-prefeita já recebeu convites para filiar-se ao PDT e PSB, mas tem dito a interlocutores que se for concorrer novamente, será pelo PT.

Ao Valor, Marta afirmou que “pode ajudar” nas eleições, mas evitou falar diretamente sobre a eventual candidatura e a volta ao PT. “Na política tem algo que é o processo. E o processo demanda tempo. Tem que decantar, tem que dar um tempo”, afirmou. “É um processo. Todo dia, toda semana nós temos uma palavra a mais, uma consideração a mais, um amadurecimento a mais. Algumas candidaturas se consolidando, outras se retraindo e o imponderável na política é o mais forte. Qualquer coisa que eu diga agora seria fora da realidade de março”, disse, sobre o prazo máximo para se filiar a um partido político e concorrer nas eleições de 2020.

A ex-petista reforçou que sua prioridade é construir uma frente ampla de centro-esquerda para enfrentar o governo Jair Bolsonaro, mas ponderou que o enfrentamento passa pelas próximas eleições. “Estou mais preocupada com o que este governo está fazendo do que com qualquer outra coisa. A preocupação é como é que podemos fazer face a isso. Posso ajudar na eleição. Tenho forte ‘recall’ na população de menor renda e posso ajudar que essa população não seja enganada como foi na sua eleição [de Bolsonaro]”.

Marta e Lula ainda não conversaram desde que o ex-presidente deixou a prisão, no dia 8, mas o petista tem feito acenos públicos para que a ex-prefeita volte ao partido e dispute a prefeitura. Na semana passada, o ex-presidente começou a pavimentar o retorno da ex-prefeita ao PT, em reunião com o diretório nacional do partido. Lideranças petistas saíram do encontro, que teve a presença de Lula, falando em uma chapa com Marta para concorrer em São Paulo.

Segundo interlocutores de Marta, a ex-prefeita e ex-senadora espera que Lula articule dentro do PT seu possível retorno à legenda para minimizar a resistência ao seu nome. A ex-petista deixou o partido em 2015, com críticas aos escândalos de corrupção envolvendo a legenda. Na época, Marta disse as denúncias eram motivo de constrangimento e não tinha como conviver no partido. Os desentendimentos se intensificaram no impeachment de Dilma Rousseff, quando Marta foi uma das principais defensoras no Senado do afastamento da então presidente.

Nas conversas com dirigentes do PT, Marta tem evitado falar sobre o assunto e diz que é preciso deixar as desavenças no passado e superar as divergências. A ex-petista tem lembrado que foi a principal defensora do “volta, Lula” em 2014, quando encampou a bandeira de uma nova candidatura do ex-presidente no lugar da reeleição de Dilma, e que se o ex-presidente no lugar da reeleição de Dilma, e que se o ex-presidente tivesse sido candidato – e vencido – naquela eleição, o país não teria enfrentado a crise com o impeachment, nem teria visto a ascensão de Bolsonaro.

Apesar da discrição sobre a eventual candidatura, Marta tem começado a dar indicações de que poderá concorrer. No domingo, em um jantar com lideranças do PT, Psol, PSB e advogados, disse que está disposta a cumprir qualquer função em 2020 para barrar o avanço conservador no país.

*Cristiane Agostine/Do Valor Econômico

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