Cultura

A Primeira Pedra: documentário brasileiro sobre linchamentos, racismo e direitos humanos disputa o Emmy 2019

Documentário de Vladimir Seixas está representando o Brasil no Emmy 2019. A premiação acontece nesta segunda (25), em Nova York. O filme fala sobre as crescentes ondas de linchamentos no país, e discute questões de direitos humanos e racismo. Mostra como a expressão “cidadão de bem” foi se tornando o que é hoje e como são os grandes agentes de linchamentos. 

Assista ao trailer:

O documentário “A Primeira Pedra”, do diretor Vladimir Seixas, é o representante do Brasil na categoria Documentário, no Emmy Internacional 2019, premiação que elege as melhores produções audiovisuais televisivas do mundo. O filme, vencedor do 8º DOC Futura, é uma coprodução do Canal Futura com a produtora Couro de Rato e investiga a crescente onda de linchamentos no Brasil, aprofundando discussões sobre direitos humanos e racismo na sociedade.

“Queremos dimensionar a barbárie que esses atos cotidianos expressam e disputar a desconstrução das bases motivadoras dessa violência. É uma questão realmente preocupante e, muitas vezes, são noticiados como qualquer outro tipo de violência”, conta Vladimir Seixas, diretor do filme.

A produção ouve especialistas na área de psicologia, psicanálise, direitos humanos, pesquisadores, advogados e professores, como o sociólogo José de Souza Martins, autor do livro “Linchamentos: a justiça popular no Brasil”. Segundo o levantamento realizado para o livro, no Brasil hoje acontece um linchamento por dia, sendo que em média um milhão de brasileiros já participaram de algum linchamento nos últimos 60 anos.

Por meio de um resgate histórico, apresenta as origens do linchamento na sociedade e explica como ato evolui para uma prática cada vez mais racista e presente, principalmente no Brasil.  Afirmações comuns, como “bandido bom é bandido morto” justificam os atos dos linchadores que, na maioria das vezes, se denominam “cidadãos de bem”.

As gravações aconteceram nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e Santa Catarina. Casos reais, amplamente noticiados na mídia e compartilhados nas redes sociais na época, são recontados, e sobreviventes de linchamentos e pessoas que perderam familiares contam suas histórias e lutas diárias de superação.

O filme é vencedor do Prêmio TAL no DocMontevideo de melhor documentário e recebeu a medalha de bronze na categoria Direitos Humanos do New York Film Festival.

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