Tudo começou em 1972, quando o cantor e compositor Walter Franco apareceu pela primeira vez na televisão, interpretando a canção “Cabeça”, no Festival Internacional da Canção. Ninguém entendeu nada enquanto ele, sentado no chão, declamava ininterruptamente os versos: “O que é que tem nessa cabeça, irmão?” Foi vaiado, ao mesmo tempo que idolatrado como vanguarda.

Gravou o primeiro disco naquele ano, que mostrava apenas uma mosca na capa, com um fundo branco. O disco experimental inspirou Caetano Veloso a gravar o seu polêmico “Araçá Azul”, também experimental. Depois vieram discos mais comerciais de Walter Franco.

O segundo, Revolver, em que ele aparece como John Lennon atravessando a Abbey Road, só que visto de frente. Os discos seguintes fizeram um pequeno sucesso, todos eles muito criativos:”Respire Fundo’, “Vela Aberta”, “Walter Franco” e “Tutano”, o último, de 2001.

No disco “Sinal Fechado”, de 1974, onde Chico, cercado pela censura, gravou músicas de outros compositores, Walter Franco estava lá com “Me Deixe Mudo”, uma canção que a censura burra não entendeu nada.

Walter foi embora nesta quinta-feira (24), depois de sofrer um AVC há algumas semanas. Deixa uma obra simples, zen e importante para a música popular brasileira. Walter Franco foi aquele que compôs “Coração Tranquilo”, que diz assim: “Tudo é uma questão de manter/A mente quieta/A espinha ereta/ E o coração tranquilo”.
